POESIA MINEIRA
Colaboração de Wilmar Silva
ROBERTO RAQUINO
Roberto Natalino Ribeiro, ator e poeta de Minas Gerais.
RAQUINO, Roberto; RAQUINO, Roberto. Lágrimas & orgasmos / Wilmar Donizete Silva e Roberto Natalino Ribeiro. 2ª. Edição. Belo Horizonte, MG: Anome Livros, 2002. 108 p. 18x18 cm. Diagramação: Márcio Lopes. “ Wilmar Siva “ Ex. bibl. Antonio Miranda
orgasmos
fonte nas entranhas profundas do espírito onde se banhar orgasmos de todo o lodo que agora é abrigo também foi como ventre só o agora é futuro na fecundidade de um passado lacrimal a fonte em ruínas parece ceder no abrigo do barro estranhas profundezas sob os luares da lua de outono e verão primavera e inverno no corpo banhado sobre todo o mar de lodo orgasmos vente de entranhas e profundezas e só o agora e aqui é futuro na fecundidade do abrigo que também foi ventre
pequenos rios grandes minas
foram rios homens minados são águas da fonte sombria e genuína das minas minas avolumadas minas de rios águas de rios homens da realidade do amor sensato amplo e cotidiano os rios inundaram os sonhos não se sabe as minas afagaram os sonhos também não se sabe existem buscas e procuras a realidade escapuliu do longe sobressaltando os sonhos prantos o orgasmo dilata-se oh ciência estranha e fatal as lágrimas geram a continuidade da raça oh ciência divina e pura quando a asperidade viaja o orgasmo em lágrimas dilui e flui o sonho cerrando as utopias para minuar eternamente a a mina menina minas prantos quando se cegam as paixões do âmago o amor torna-se amplo para cuidar dos rios que retrocedem até as minas em busca de aflorar de um processo que acaba de escapar-lhe rios em prantos há uma vanguarda da amplitude das paixões mas há também uma mina que origina a sua grande lágrima prantos fatal para a eternidade dos rios
febre original
há uma febre dando origem ao sonho da paixão da vontade impossível de viver e de estar perto das potencialidades da própria planta flor humana transfigurada em erva ervar que passa e deixa as relíquias trissadas pelos momentos oh musa vem saciar a noite lúgubre latente da lonjura tardia e momentalizar o espelho de fogo erudito quase em sofreguidão sonho da paixão prêmio maligno d´onde virá o encanto o animalismo da selvagem musa segue a febre paixão escondida nos seguimentos em curvas da mira do escopo incendiado pela lonjura da paixão-amor jamais do sonho descoberta do sangue energético que quase paralisa o pulsar do coração fraco súbito alusivo e animal que utopiar a musa-flor humana que só lhe deixou o encanto de um perfume exalado no ar
Página publicada em dezembro de 2008; ampliada e republicada em abril de 2015. |