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RICARDO RIZZO
Ricardo Rizzo nasceu em Juiz de Fora, em 1981. Publicou Cavalo Marinho e Outros Poemas (São Paulo, Editora Nankin; Juiz de Fora, Funalfa Edições, 2002).
Colaborou com poemas, ensaio e tradução nas revistas Cacto (n. 203, São Paulo, 2003), Rodapé (n. 3, São Paulo, Editora Nankin, 2004), Rattapallax (n. 10, Nova York/São Paulo, 2004) e Poesia Sempre (n. 22, Rio de Janeiro, Fundação Biblioteca Nacional, 2006).
Recebeu o Prémio "Cidade Belo Horizonte" na categoria poesia, em 2004. Editor da revista de literatura Jandira (Juiz de Fora, Funalfa Edições, 2004-2005, números i e 2). Publicou a plaquete Conforme a Música (Belo Horizonte, Espectro Editorial, 2005).
Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Mestre em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Ingressou na carreira diplomática em 2006.
De
Ricardo Rizzo
PAÍS EM BRANCO
Cotia, SP: Ateliê editorial, 2007.
99 p ISBN 978-85-7480-375-3
LENDO HOBBES
urram ao longe
longe no fim da rua.
Ciclos de prosperidade sempre
causam perdas:
frascos virados, bebida
desperdiçada nos banheiros
latas no pescoço do cão
marcando um território móvel.
Os urros se aproximam
como vento, poeira,
ou insetos fugindo.
A cada esquina balançam grades,
batem com paus nos postes.
As latas no pescoço do cão
produzem estalos
assim se pode saber
em que direção
não olhar.
VILA SUICÍDIO
De madeira podre
as vigas não partem.
Nenhuma casa caiu
no terremoto, ou depois.
Há quinze estátuas gregas
no pátio da igreja
que não descascam
e quinze cruzes cravadas no pasto
que não cedem à umidade.
Uma comissão de notáveis
reúne-se
à porta do mercado
(onde os peixes se batem)
para redigir o manifesto.
A minuta diz:
"Um fantasma ronda
as cruzes do pasto..."
Enquanto gestam o fantasma
é sempre de um dia claro
que mortos falam.
Página publicada em março de 2011
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