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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REMISSON ANICETO

 

Nasceu em Nova Era, Minas Gerais, Brasil.

 

 

Página do poeta:  http://www.remisson.com.br

 

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS  -  TEXTOS EM ESPAÑOL

 

 

Miopia

 

`0-0´

Comprei um óculos futurista

de singular utilidade

Vendo a vista

pela metade

 

 

Terapia do riso absurdo

 

Contraídos o risório e o zigomático,

Explode em ti sonora gargalhada.

Do veneno do teu riso tão elástico

Minhas cordas também são contagiadas.

 

Tudo em ti é motivo de euforia

E até o vento faz-me cócegas passando.

De tudo rimos e na falsa alegria

O teu riso com o meu riso vai rimando.

 

Com o riso tu me enganas e eu te engano;

Se sorrimos, damos bah! para a tristeza.

Riamos, que o riso encobre o dano.

 

Devemos rir, pois só o riso nos sobeja.

Serão bobos? vão dizer. Somos insanos!

E talvez rindo, a triste Morte não nos veja...

 

 

Juramento

 

Jurei que o meu amor seria eterno

e que alguém me amaria até o fim.

Antes tivesse desejado todo o inferno

                              só pra mim...

 

Encontrei uma musa inspiradora

e no início o amor nos fez tão bem!

Poucos anos... eu pequei e ela pecadora

                                foi também.

 

Desde então, aquele eterno amor imploro,

mas fatal sina nos persegue vida afora:

presas dos duros laços do amor, eu choro

                                     e ela chora.

 

O juramento que fiz, ela fizera,

querendo alguém que a amasse eternamente.

Mas o amor eterno é doce quimera

                         dos dementes...

 

Prisioneiros fatais de um juramento

que nos mantém os corações tão bem fechados,

sofremos ambos o mesmo tormento

                          dos condenados.

 

No entanto, eu juro! – estou bem certo –

que as grades do sofrer serão partidas

e os nossos corações serão libertos,

cada um seguindo livre a sua vida.

 

 

Nada

 

Quem pensa que eu vivi, engana-se

Quem diz que eu vivi, mente.

Passei apenas...

E passei como se fosse

um nada

que ninguém vê,

que ninguém sente...

 

 

Invólucro

 

Idiota! Não vês que nada és?

Apenas fina capa bolorenta te protege

da podridão. Vermes famintos te rodeiam.

Ignoras que num lance mágico, num segundo apenas

cai por terra toda a altivez e o belo

papel-presente revela a fétida massa?

O gosto amargo do fel, a visão incerta,

o entortar das pernas, o descontrole total...

tudo é inevitável!

Mais dia menos dia serás presa fácil:

o tempo é impiedoso.

O trágico fim independe de tua vontade.

A arrogância que despejas não passa

de faceta inútil das tuas diversas faces

vãs e mundanas.

Ao sol poente, o rosto murcho e os ossos corroídos

doerão mais do que naqueles que tiveram

a precaução e o bom senso de serem

simples e ocultos.

Restarão teus lindos cabelos...

E que utilidade terão teus cabelos, fios

órfãos e subterrâneos, dispersos, opacos

sobre os ossos?

 

 

Envoltura

 

¿Idiota! ¿No ves que nada eres?

Apenas fina capa mohosa te protege

de la podredumbre. Gusanos hambrientos te rodean.

¿Ignoras que en un pase mágico, en un segundo apenas

cae por tierra toda la altivez y el bello

papel de regalo revela la fétida masa?

El gusto amargo de la hiel, la visión incierta,

el torcerse de las piernas, el descontrol total...

todo es inevitable!

Cualquier día serás presa fácil:

el tiempo es impiedoso.

El trágico fin no depende de tu voluntad.

La arrogancia que derramas no pasa

de ser faceta inútil de tus diversas faces

vanas y mundanas.

Al sol poniente, el rostro marchito y los huesos corroídos

dolerán más que en aquellos que tuvieron

la precaución y el buen tino de ser

simples y ocultos.

Quedarán tus lindos cabellos...

¿Y qué utilidad tendrán tus cabellos, hilos

huérfanos y subterráneos, dispersos, opacos

sobre los huesos?

 

 

Transição

 

É tão fria a cova e tão escuro o horto

onde depositam meu corpo doente!

_ Como a cova é fria se o corpo é morto?

A partir de agora só a alma sente...

 

Ah! Esta cama rude onde estou deitado

e este quarto escuro e tão bem fechado!

Tento levantar, mas estou tão cansado...

Que rumor é esse ali no quarto ao lado?

 

Há um jardim bem perto: sinto o odor das flores.

Quero levantar, mas estou tão cansado...

Estou tão cansado mas não sinto dores.

E o rumor aumenta ali no quarto ao lado.

 

_ Desçam o caixão! _ diz alguém lá fora.

Quem morreu enquanto estive dormindo?

Bem perto da porta ouço alguém que chora,

lamentando a sorte de quem vai partindo.

 

Quero levantar, faço força tamanha

mas tenho as mãos inertes e o corpo duro.

Agora o padre reza numa língua estranha,

enquanto fico preso neste quarto escuro.

 

Está caindo terra sobre o telhado.

Parece que o mundo está desabando...

Falta-me o ar neste quarto fechado

e lá fora há uma multidão chorando.

 

Sinto um tremor leve, um breve arrepio...

Já quase nada mais estou sentindo.

Por que não me tiram deste quarto frio?

Alguém morreu enquanto estive dormindo.

 

É tão fria a cova e tão escuro o horto

onde depositam meu corpo doente!

_ Como a cova é fria se o corpo é morto?

A partir de agora só a alma sente...

 

 

Transición

 

Es tan frío el hueco y tan oscuro el huerto

donde depositan mi cuerpo doliente!

_ ¿Como el hueco es frío si el cuerpo está muerto?

A partir de ahora sólo el alma siente...

 

Ah! Esta cama tosca donde estoy echado

y este cuarto oscuro y tan bien cerrado!

Quiero levantarme, pero estoy cansado...

¿Que rumor es ese en el cuarto al lado?

 

Hay un jardín cerca: siento aroma a flores.

Quiero levantarme, pero estoy cansado...

Estoy tan cansado pero sin dolores.

Y el rumor aumenta en el cuarto al lado.

 

_ ¡Bajen el cajón! _ dice alguno ahora.

¿Quien murió en tanto estuve durmiendo?

Cercano a la puerta oigo alguien que llora,

lamenta la suerte de quien va partiendo.

 

Quiero levantarme, con fuerza tamaña

inertes mis manos y mi cuerpo duro.

Reza el sacerdote en una lengua extraña,

mientras quedo preso en este cuarto oscuro.

 

Va cayendo tierra sobre el tejado.

Parece que el mundo se está derrumbando...

El aire me falta en el cuarto cerrado

y una multitud está afuera llorando.

 

Siento un temblor leve, un escalofrío...

Ya casi nada más estoy sintiendo.

¿Por qué no me sacan de este cuarto frío?

Alguien murió mientras estuve durmiendo.

 

Es tan frío el hueco y tan oscuro el huerto

donde depositan mi cuerpo doliente!

_ ¿Como el hueco es frío si el cuerpo está muerto?

A partir de ahora sólo el alma siente...

 

 

Traducción: Graciela Cariello

 

 

Página publicada em julho de 2013

 

 

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