POESIA MINEIRA
Coordenação de Wilmar Silva
RAMON MAIA
MAIA, Ramon. Quadrilíneas (1999-2002). Belo Horizonte?: edição do autor, 2002?. 48 p. 15,5x21 cm. Col. A.M, (EA)
Composição para paisagem
(A escultura de Amílcar de Castro)
I
aquilo que se constrói,
que tem do valor do tempo,
quanto mais ele corrói
mais uma obra em monumento.
II
é como se o corte, a dobra,
sim, mais põe do que retira,
é como se o fim de uma obra
fosse o começo da vida.
Composições para paisagem
(Rio Paraopeba — II)
I
pode-se até dizer de um rio
muitas coisas louçãs, finas,
mas também que é sujo, lixo,
que ao mais se arrastar definha.
II
pode-se até dizer de um rio
que transporta, qual navio,
minério, mas em ruínas,
no leito denso, comprido.
Composições para paisagem
(Rio Paraopeba — II)
I
o rio nasce qual filete
com fio sendo dos mais finos
e não imagina que a vida
se esvairá, pois, do seu leito.
II
o rio morre qual sem voz,
qual a perdesse no fluxo
da fala que de tão impura,
então, dir-se-ia que é só foz.
Página publicada em julho de 2012
|