ONOFRE FERREIRA DO PRADO
Nasceu em Buritis (MG), em 17 de dezembro de 1946, onde iniciou seus estudos e viveu até 1962. A partir de março de 2010 passou a residir em Belo Horizonte, depois de ter residido em Brasília, Florianópolis e outras cidades brasileiras. Balconista de lojas, militar da FAB, funcionário da Remington e da VASP, fazendeiro.
O fascínio pelas Letras remonta à juventude, quando já escrevia os seus primeiros textos. Estudioso da literatura clássica à contemporânea, sempre estudou em silêncio e sozinho, dando prosseguimento à sua formação intelectual como autodidata.
Pertence à Associação Nacional de Escritores, com sede em Brasília, sendo autor dos livros: Sementes da Terra - Poemas e Trovas, 2002, Brasília: Editora Dupligráfica; Fragmentos da Minha Obra Literária, 2011, São Paulo: Clube de Autores; Entre Trovas & Trovoadas, 2012, Belo Horizonte: Gráfica e Editora O Lutador. (Editoração, arte-final e projeto gráfico 3iEditora).
Autor dos Hinos da APAE e do Autodefensor da APAE da cidade em que nasceu. Centenas de textos publicados em jornais e na internet.
Referências bibliográficas e documentais: Entorno que Transborda, coord. da Profª. Dra. Maria Thereza Ferraz Negrão de Mello, Brasília: Petrobrás, 2006;
Citado no livro Sorriso da Natureza, do escritor Joaquim Romeu Valadares do Prado, Unaí: Gráfica e Editora, 2011;
Citado no Dicionário de Escritores de Brasília, 3ª edição, do escritor Napoleão Valadares, Brasília: André Quicé Editor, 2012.
No dia 14 de dezembro de 2013 tomou posse na Academia de Letras do Brasil, seccional do Estado de Minas Gerais, com sede em Belo Horizonte, em solenidade no auditório da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
TROVAS SELECIONADAS
Entre Trovas e Trovoadas
1
Pelo saber me encantei,
já dei bons passos na estrada;
quanto mais penso que sei,
mais vejo que não sei nada.
2
Rica lira de esplendor,
exalto-te em cada canto.
Tenho a trova por amor
e toda a arte por encanto.
3
A chuva molhando a terra,
a terra germina o grão.
Da fome, começa a guerra,
do labor que vem o pão.
4
Um encanto do Universo,
nasce o sol e vibra a Terra.
Na ilusão de um simples verso,
nem penso que existe guerra!
5
A minha infância é o retrato,
que revivo num segundo:
uma casa rente ao mato
e um regato logo ao fundo.
6
Um jatobá centenário
que recordo com saudade,
traz-me à baila o bom cenário,
lá da praça da cidade.
7
No Brasil verde amarelo,
mil encantos tem aqui.
Tem um azul que é tão belo,
inda canta a juriti.
8
No Brasil de mil amores,
inda tem muita beleza,
tem ainda os beija-flores,
tesouros da Natureza.
9
Nossas terras valem ouro,
são riquezas entre mil,
nossos rios um tesouro,
são belezas do Brasil.
10
A jaó canta na mata,
sabiá na laranjeira.
No quintal - uma cascata -
cantam a alma brasileira!
11
No calor de todo afeto,
pelo amor que dure mais,
tudo é canto no soneto
de Vinicius de Moraes.
12
Coração chora mansinho,
todo ser sente saudade,
quando canta um passarinho,
o seu canto é de verdade.
13
Passarinho quando canta
sente falta do seu ninho.
Um amor que desencanta,
também já sentiu carinho.
14
Quem tem um amor distante,
um amor o mais bonito,
com o olhar apaixonante,
tem tristeza do infinito.
15
Voa leve a borboleta,
cada ser segue seu rito,
qual Romeu e Julieta,
reeditando o amor bonito.
16
O poeta chora e ri,
canta a dor com tanta calma;
uma dor que dói ali,
dói no fundo da sua alma.
17
Nem parece ser real,
olhe a lua em rosa e prata,
de beleza sem igual,
despontando sobre a mata!
18
Majestoso sobre a mata,
de um encanto mais febril,
surge o sol em ouro e prata,
clareando o meu Brasil!
19
Sedutora na beleza
e também na polidez,
se me olhares com firmeza,
apaixono-me de vez.
20
Dois olhares diferentes,
um encontro que pressinto,
sinto logo o que tu sentes,
logo sentes o que eu sinto.
21
Eu vivo este amor prestante,
beijo a vida entre os florais,
penso em ti daqui distante,
perto, te amo muito mais.
22
A ideia de todo crítico,
que político é ladrão,
a conduta do político,
é que deve dizer não.
23
O Estado deu boa vida,
o governo foi bom pai.
Do Império vem a ferida,
ninguém sabe aonde vai!
24
Para este ano de eleição,
junte votos de esperanças.
Olhe bem para a Nação!
O País pede mudanças.
25
Probidade é coisa rara,
aparência muito engana,
não se iluda pela cara,
não se passe por banana.
26
A corrupção é um fato,
não é blefe de ninguém.
Muito raro um candidato
que não queira se dar bem.
27
Com os passos tão pequenos,
pouco vale ser esperto,
o pouco nem sempre é menos
se o futuro é tão incerto.
28
Não compensa fazer feio,
querendo chegar ao trono.
Não queira pegar o alheio,
o alheio chora seu dono.
29
Já pequei, pois não sou santo,
por pequenas atitudes,
mas não tenho em um só canto,
um senão de ilicitudes.
30
Posso não ter conquistado
os lauréis da doce vida,
mas me sinto premiado,
posso andar de face erguida.
Saudade
Repouso a mente em eras palpitantes,
Respiro com o gosto de saudade,
Do pôr do sol às noites radiantes,
Com os meus era só felicidade.
Da pureza das cenas soluçantes,
À luz celestial na imensidade.
Estrelas radiosas, fascinantes,
Uma era de total serenidade.
A casa que serviu de meu abrigo,
A chuva, os passarinhos, sonho antigo,
As matas, rios e o céu do meu País!
Que lindo o amanhecer da minha terra,
Ao longe já se via a bela serra
E o despertar de um povo mais feliz!
O rigor da sorte escura
Vim ao mundo como todos vieram,
Sonhei como todos sonharam,
Carreguei pedras, encontrei muralhas,
Conheci tristezas e desventuras,
Caí, levantei-me,
Saciei o corpo,
Alimentei a alma,
Gritei, chorei, amei,
Quis vencer, não venci,
Quis ir, não fui,
Senti a aridez do tempo, dos muros,
Senti a frieza dos homens,
Tentei, tentei, tentei...
Sucumbi-me diante do Nada.
Hoje, solitário de tudo,
Sem lápide, sem epitáfio,
Descanso-me num lugar qualquer,
Entre o silêncio, o espaço celeste e uma cruz,
Aqui, igualei-me a todos os homens!...
Quando muito, deixei ou levei saudade!
Aos lugares por onde andei,
Não ando mais.
À mesa que já me sentei,
Não me sento mais.
Fiz do tempo esconderijo,
Das pegadas fiz silêncio.
Como alguém me achar?
[Sou da dimensão de um átomo].
Silentemente
E de alma vazia,
Não deixei nada
E nada levei.
Quando muito,
Deixei ou levei saudade!
Página publicada em junho de 2014
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