MURILO ANTUNES
Murilo Antunes Fernandes de Oliveira, conhecido como Murilo Antunes (Pedra Azul, 25 de Junho de 1950), cantor e compositor brasileiro, ficou famoso ao escrever músicas para o Clube da Esquina. Murilo se mudou para Belo Horizonte aos 15 anos onde teve contado com Toninho Horta, Tavinho Moura, Beto Guedes, Lô Borges, Vermelho, Márcio Borges, Flávio Venturini e Cláudio Venturini sendo que estes vieram a fazer parte do Clube da Esquina.
Em 1972 participou da primeira audição do disco Clube da Esquina na casa dos Borges e com a composição de “Nascente”, marcou presença no disco Clube da Esquina 2 em 1978, ano em que também escreveu seu primeiro livro de poemas O gavião e a Serpente.
Murilo quase foi jogador de futebol profissional sendo chamado para jogar no time do Atlético. Decidiu partir para a vida artística em 1968 quando compôs sua primeira música “Super Heroi”.
Em 27 de novembro de 2012 foi lançado o filme dirigido por Fernando Batista "Murilo Antunes: Como Se a Vida Fosse Música" na II Mostra de Cinema Espanhol e Latino Americano de Belo Horizonte. O filme fala sobre a trajetória do letrista e poeta e conta com a presença de Márcio Borges, Ronaldo Bastos e Fernando Brant. Fonte: wikipedia
TRINTA ANOS-LUZ. Poetas celebram 30 anos de Psiu Poético. Aroldo Pereira, Luis Turiba, Wagner Merije, org. São Paulo: Aquarela Brasileira Livros, 2016. 199 p. 16x23 cm ISBN 978-85-92552-01-5 Ex. bibl. Antonio Miranda
NEGRUME
Reina a noite em meu silêncio
em estardalhaço sangra o negrume
Fastio fatídico sobre as horas
fétida fatalidade o medo
Corvos daninhos bicam fígados
crosta terrestre se danifica
Reina silêncio escuro na noite
salienta mísera angústia
Geme no funesto funeral a carpideira
enquadro paisagem lúgubre no breu
Ensimesmada noite a dor corrói
vestes ossos pensamentos
O que seria do sol... e destes versos
sem tais movimentos?
28/08/2015
OPACIDADE
“se não for pela poesia, como crer na eternidade”.
Alphonsus de Guimarães Filho
Hoje estou silêncio
Sem mágoa nem amargura
Descubro o obscuro
Sou folha dormida
Oxigênio sem falta
Estalo de galho sem ouvinte
Serpente sem peçonha
Maré vazia estardalhando horizonte
Lua inquieta que em rito ouve
O coaxar da saparia
Agonia solitária na selva do medo
Hoje estou envolto em bruma
Nenhum dogma ou certeza me abala
A saudade aperta o gatilho da alma
Tudo se agita e digo nada
Tremor nas mãos
Suor na cara
Temor se espalha aos poucos nos poros
Estou insípido inodoro inalvejável
Não há tigre que me alcance
Bala perdida que me ache
O amor não me quer
A ira me corrói
O vazio ocupa os salões do cérebro
Sou um rio sem água
Amazônia no estio
Ponho em dúvida a própria poesia
Alimento que agora me enfraquece
Zumbido que ensurdece o lamento
Mas hoje sou silêncio pálido
Sem mágoa ou amargura
Durmo
Até que o tédio passe.
(5/4/2016)
Página publicada em julho de 2016
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