Foto extraída de www.uai.com.br
MÁRIO ALEX ROSA
Mário Alex Rosa (São João del Rei-MG, 14/01/1966). Poeta, artista plástico e crítico literário, formado em História, mestre e doutorando em Literatura Brasileira na USP. É professor de Literatura Brasileira no Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH). Tem poemas publicados nas revistas Dimensão, Inimigo Rumor, Cacto, Teresa e no Suplemento Literário de Minas Gerais. Participa da antologia O achamento de Portugal (Org. Wilmar Silva. Belo Horizonte: Anomelivros/Fundação Camões, 2005), que reúne 40 poetas mineiros e portugueses contemporâneos. Prepara seu primeiro livro de poemas infantis.
ROSA, Mário Alex. Formigas. Ilustrações Liliam Teixeira. São Paulo: Cosac Naif, 2013. [ 54 p. [ 10,5x14 cm. ilus. p&b Livro sanfonado, em uma caixa de papelão. Ex. bibl. Antonio Miranda
A seguir, imagem de duas páginas seguidas do livro:
De
FRESTA
São Paulo: Espectro Editorial, 2009
Capa: Adel Souki
Tiragem: 100 exemplares
Um pássaro parado
pesa
a sombra
na terra.
Um pássaro voando
leve a vida
no ar.
Quase
Está quase no fim
não tenha medo de mim.
Num quarto, entre a casa
circulo toda palavra.
Desdobre-me
em dois espelhos
para tanto não amar
cedo ao olvido
Está quase no sim
tenha medo de mim.
***
Estava tão dentro
(tão dentro)
que sabia
o que viria
de tão lúcido
que era
ao nascia.
Uma das “memórias dos objetos” do artista plástico Mário Alex Rosa, em que está presente o letrismo próprio da arte verbal.
ROSA, Mário Alex. Via férrea (2004-2006). São Paulo, SP: Cosac Naif, 2013. 64 p. ISBN 978-85-405-0291-8 “Mário Alex Rosa” Ex. bibl. Antonio Miranda
Na próxima manhã
Sol escaldante barra a visão.
Não dessa mão que escreve
(rodopia pelas ruas da cidade)
e nada sobrevoa.
Fixar é aqui mesmo.
Contra tudo:
o salto é zero.
Posso não regressar.
Mas, a tarde neutra, desemboca
na manhã seguinte.
Rascunho
A tarde terminou com sinal de promessas.
Vieram as palavras!
E, com elas, a raiva varou noite adentro.
Rasga a primeira tentativa. Corta a segunda. -
Deixe então para amanhã os rascunhos. É o que sobra.
O lugar que se habita
Na falta de mim
invento outro, muito mais violento,
como aquele no espelho partido
de mim enquanto pensava na primeira pessoa.
Na falta da palavra sim,
o que dizer do não,
do lugar que se habita?
Penso na primeira pessoa.
Aqui no branco
ou numa avenida estreita,
a margem é a mesma.
A sombra também.
Via estreita
Riscos por toda parte
atingem o medo de perder
o que por si já é perda. Retomar
à raiva diária, à reza que não pega, nada
segrega o amor exposto, hipótese inválida
da dor cansada de pensar numa via estreita.
Extraído de
BABEL POÉTICA. Revista de Poesia. Ano 1, N. 4 – Agosto/Setembro 2011. ISSN1518-4005. Editor Ademir Demarchi.
MUDANÇA
Deportei de mim
a palavra rosa.
Demoli do rosto
a dor do morto.
Descolei o papel em branco
num escuro crânio.
Desertei o passo,
sombra de pássaro.
Deixei a aurora,
agora só resta uma hora.
Desfiz para permanecer
juntos o eclipse e o amanhecer.
UMA RUA
Nessa rua
comprida de remorsos
Nessa rua
estreita de silêncios
Nessa rua
de pouca luz
a sombra tua
me tumultua
Nessa rua tua
contrário de mim
auscultei
Nessa rua
para dentro
da tua
atravessei
Extraído de
POESIA SEMPRE. Número 35 – Ano 17 – 2010. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, Ministério da Cultura, 2010. Editor Marco Lucchesi. Ex. bibl. Antonio Miranda
Do tempo
Entra
Um por Um
No seu silêncio
Paterno
Sai
Um por Um
No seu silêncio
Materno.
Agora todos são
Menos dois
Eternos.
Explicação
O amor não começa nem acaba tarde. Amor
palavra exata, não cabe um nada.
Morre no silêncio do outro no outro.
Amor não é privilegia ninguém.
Doma é o domado. Mata e morre. Morre e mata.
Amor é pasta aberto no ar que pega e é pego.
Amor matemática não exata, cálculo que não se calcula.
Soma diminui multiplica divide
na medida do impossível. Amor é visto.
E sem nenhum tempo o amor
da volta no mundo com seus ponteiros
sem hora para parar a dor de ser isto: amor.
Braille
Cego de mim
leio seu corpo em braile
brasa aberta, lavra do céu rosa, luas em volume
equilibrado para fora do corpo. Este que apavora
e revela o outo absconso de si mesmo.
Para você, mundo de amor em mim
que impele a pele que aperta
o silêncio da boca da língua
que não é mais uma, são duas brilhando.
DIMENSÃO. Revista Internacional de Poesia. Ano XV. No. 24. Editor Guido Bilharino, Uberaba, MG: 1995. 150 p.
Ex. na biblioteca de Antonio Miranda
DIMENSÃO. Revista Internacional de Poesia. Ano XV. No. 24. Editor Guido Bilharino, Uberaba, MG: 1995. 150 p.
Ex. na biblioteca de Antonio Miranda
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Página ampliada em maio de 2024
Página publicada em fevereiro de 2010; ampliada e republicada em dezembro de 2014. Ampliada em agosto de 2017, ampliada em setembro de 2018.
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