Foto e biografia extraídos de:
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MARIA THEREZA NORONHA
Maria Thereza Noronha, mineira de Juiz de Fora, considerada por Ivan Proença "uma das melhores poetas do Brasil-hoje" (eu a considero a melhor de todas). Formou-se em Direito pela Universidade Federal dessa cidade e trabalhou como advogada no BNH e Caixa Econômica Federal, no Rio de Janeiro. Participou do Grupo Edições de Minas, de poetas de Juiz de Fora. É aluna da Oficina Literária Ivan Proença. Livros: A Face na água (edição da autora, 1990), Pedra de limiar (Edições de Minas, 1993), A face dissonante (Oficina do Livro, 1995), "Alaúde", seção do livro Poesia em três tempos (Editora Bom Texto, 2001), O verso implume (Oficina do Livro, 2005) e 50 poemas escolhidos pelo autor (Edições Galo Branco, 2008).
Escreveu Carlos Machado no poesia.net: "Praticante de uma poesia essencialmente lírica, Maria Thereza Noronha pertence à estirpe de brilhantes vozes femininas em que se destacam nomes como Cecília Meireles e Henriqueta Lisboa. O ponto comum entre essas três poetas está na singeleza do verso, que flui leve e musical."
Abaixo, um poema da autora publicado em:
POESIA VIVA. Ano 13 – No. 39 –Maio de 2009.
Rio de Janeiro: UAPÊ Espaço Cultural Barra Ltda.
Editora Uape@terra.com.br
R I T M O
A cadência se insinua
da mulata nos quadris,
pouco a pouco se acentua
nas vozes, nos tamborins.
Veio de longa a cadência
cruzou mares e marés
moldou-se na convivência:
criou o samba nos pés.
A cadência se alvoroça
da mulata nos quadris.
Ritmado, já se esboça:
nasce o samba de raiz.
Ritmar se faz preciso
no pulso, no coração
— movimento sem vestígio
de falha ou desunião.
O povo que, outrora escravo
sofreu na carne a chibata,
no ritmo se torna bravo:
chora no som que desata,
no samba que morde e atiça
quem o aplaude e pede bis.
E a cadência se decifra
da mulata nos quadris.
(do livro O verso implume)
Página publicada em setembro de 2020
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