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Foto: http://brasilia.memoriaeinvencao.com/

 

MARIA COELI

 

Maria Coeli de Almeida Vasconcelos, poeta, cineasta, artista plástica, professora aposentada. Sua família mudou de Minas Gerais para Brasília em 1960. Estudou arquitetura na Universi­dade de Brasília, mas formou-se em Comunicação. Na UnB, foi aluna de Oscar Niemeyer, Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro. Os filmes Histó­ria do Núcleo Bandeirante (1980), Honestino (1982) e Ataíde (2000) lhe renderam alguns prêmios. Entre os documentários pedagógicos, Superdotado - atendimento no Distrito Federal (1987). É coautora de Outros Poemas (Coletivo de Poetas, 1992). É triste, mas não é de solu­çar (poesia, 2012) é o seu livro-solo.

 

 

 

TEXTO EM PORTUGUÊS   -   TEXTO EN ESPAÑOL

 

LINGUAGENS – LENGUAGENES /Edição bilíngue Português / Español.  organização Menezes y Morais; tradução Carlos Saiz Alvarez, Maria Florencia Benítez, Lua de Moraes, Menezes y Morais e Paulo Lima..   Brasília, SD: Trampolim, 2018. 190 p. (7ª. coletânea do Coletivo de poetas) ISBN 978-85-5325—035-6.    Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

SECURA

 

Brasília toda cheira a uma estrebaria.
Será isso mesmo?

Não será o mecânico que viaja ao meu lado?
Não será a grama seca queimada pelo sol?

 

Será bosta de cavalo mesmo?

 

Entrou setembro, observe as árvores:
de tão secas, mais tortas parecem.
Céu baixo chapado, cinza opaco.
Respira-se, aspira-se, poderoso ar.

 

Ou será bosta de cavalo mesmo?

 

Setembro de flores, agosto de desgosto,
duros meses de passar nesta estância planaltina.
O lago pede desculpas pela umidade que não dá
como língua estendida do largo do avião.

 

E eu disfarço que não vejo a morte,
a sede, a fome, o cheiro que exala,
a cidade branca do século XX,
o umbigo do país chorando seco.

 

 

 

TEXTO EN ESPAÑOL

 

 

Maria Coeli de Almeida Vasconcelos, poeta, cineasta, artista plástica, profe-sora jubilada. Su família se mudó desde Minas Gerais a Brasília en 1960. Estúdio arquitectura en la Universidad de Brasília, aunque se formó en Co-municación. En esta misma universidad, fue alumna de Oscar Niemeyer, Anísio Teixeira y Darcy Ribeiro. Ganó algunos prémios por los filmes História do Núcleo Bandeirante (1980), Honestino (1982) y Ataíde (2000). Entre los documentales pe­dagógicos, Superdotado - atendimento no Distrito Federal (1987). Es coautora de Outros Poemas (Colectivo de Poetas, 1992). É triste, mas não é de soluçar (poesia, 2012) es su obra en solitário.

 

 

       SEQUEDAD

 

Brasilia toda huele a caballeriza.
¿Será que es eso?

¿No será el mecánico que viaja a mi lado?
¿No será la hierba seca quemada por el sol?

 

¿Será mierda de caballo realmente?

 

Entró septiembre, observe los árboles:
de tan secos, más torcidos parecen.
Cielo bajo estampado, gris opaco.
Se respira, se aspira, poderoso aire.

 

¿O será mierda de caballo realmente?

 

Septiembre de flores, agosto de disgusto,
duros meses para pasar en esta estancia altiplánica.
El lago pide disculpas por la humedad que no da
como lengua extendida a lo ancho del avión.

 

Y yo simulo que no veo la muerte,
}la sed, el hambre, el olor que exhala,
la ciudad blanca del siglo XX,
el ombligo del país llorando seco.

 

 

COELI, Maria.  É triste, mas não é soluçar.  Textos e ilustrações de Maria Coeli de Almeida Vasconcelos. Belo Horizonte: Ophicina de Arte & Prosa. 1ª reimpressão,2012. [Editores: Rachel Kopit Cunha
e Fernando Poetta.   96 p.   ilus. col.  18 cm.  ISBN 978-85-88750-62-3   No. 10 999





menina

As algas entrelaçadas tentas alcançar,
mastigar, rocar a pele.

Salto de lince no espaço bruma
seca, assalta o andarilho.
Mato sedoso ou cão danado?
Corrida longa relógio parado.

Menina pedra de ponta reta,
tiras pedaço do vidrilho espelho,
Olho, corte, corre, desata
e choro febril doença de verão.

Círculo fechado, bordado,
cebola, alho, tomate, leite
nescau, televisão, azeite.

Escorregas lenta e desabridamente
nas penas, escamas úmidas.

De tua sede, amor ausente.
Tempo de amar, barraca por armar,
cama fosforescente, água a passar.
1972

 



FOTO DO PASSADO

Você vai escrever poema
sobre o amor que sente
e fala do amor que não existira
por medo dele saber.

Lembra o amor da infância?
Agora pode, que papai morreu.
O amor presente que
pode e pensa,
esse dá medo e se repete.

Olhar a foto do passado
dói e passa.
Viver o momento acontecido
 


é forte e carrega.
Medo, medo, medo, medo    
de quê, meu Deus?
Do papa que morreu?
Do marido que não viveu.
Da sombra que passa
perpassa meu coração?
2005

 



invenção

 
Amor é uma coisa que
eu invento,
acredito,
invisto
e dedico até anos em seu                    
bela
encalço.
Tem horas que eu penso
É projeto de todos,                             que eu estou
nunca alcançado,                                mentindo
De jovens, bobo                                  comigo.
incauto.
Eu odiava o perfume
Amor fluído                                         flor de maçã, que todo ano                          
para se viver,                                      me dava.
é o ar para se respirar,
é coisa de se gabar.                             Eu tinha ódio do
 2005                                                    perfume
flor de maçã,
eu tinha ódio
flor tão bela.
2005

 

 

 

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           Página publicada em outubro de 2024

 

 

 

 

Página publicada em janeiro de 2020

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

 

 
 
 
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