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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

 

MARCUS LESSA

 

 

LESSA, Marcus.  Anatomia do choro indígena e outros choros.  BeloHorizonte: Edições Aparte, 1981.  75 p.  14,6x21 cm.  Capa: Ziraldo.  Ilustrações: Cid Horta. 
            Programação visual e capa: Wanderley Batista.  Col. A.M. 

 

 

A poética de Marcus estabelece a lírica como resistência, como tarefa de participação social e arrisca dizer o nunca dito, por entre metáforas que constroem o universo do novo; que se descortina diante dele. Não há rótulos para sua produção. Sua poesia é acompanhada de reflexões,interrogações sobre o homem, mais especificamente, é sua leitura do mundo, aquele que ele percebe através de textos variados — no papo do bar da esquina, nos jornais, nos livros, na TV e no tudo que se vê e se entende sob a censura ideológica de nossos dias: mulher, índio, negro. VERA LÚCIA CASA NOVA

 

 

CANÇÃO AFIRMATIVA DA DÚVIDA

 

Há em mim dois poetas

um arqueiro

outro a seta

 

N§o sei qual poeta

entre dois descobertos

derruba-me paredes

cimento e pena

tijolos ou redes

e faz em mim jogo e cena

 

 

ANATOMIA DO CHORO INDÍGENA

 

Trinta bordoadas de borduna

Engraxar-lhe o rosto em fiapos de jatobá

Adulterar os entalhes da tapuia a tacapes

Deglutir o canto da Jurema

Ensinar fome ...

 

Calado coveiro sepultando covardias

Curupira de peito marrom e mamas de lua triste

soca nos seus olhos o coaxar de cegos sapos

estufando a dor das pálpebras

numa construção lamentodiosa e inchada de terçol

 

Este é seu choro retido de índio

Lacrimejar do avesso cisterna, o intestino

Lágrima murada ao curso natural

transformando os áridos órgãos

 

                    em depósitos de sal

 

Mas esvaindo dos cílios olhos

 

                  uma lágrima seminal

 

 

NOITIBO

 

A floresta rancorosa de machados e serras elétricas

lança no invasor um tapa de palmeiras e acácias

 

As raízes lutam de romper a terra

e os homens brincam de Búfalo Bill dos vegetais

 

Algumas suicidam-se antes

com auxílio do vento que berra: Madeeeeiiiira!

e empurram os troncos nas armas do abate

 

                              Noitibó é silêncio de quem não gosta

é dança na plumagem mole do mocho

 

Bacurau é noitibó

bica zangado um charco de rio poluído

para derramar no acampamento dos madeireiros

quatiripu também ajuda

Cortadores são oitibós-mineiros

 

Compram guerra

 

Morre a mata

 

 

Página publicada em agosto de 1013


 

 

 
 
 
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