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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

MARCOS FABRÍCIO LOPES DA SILVA

MARCOS FABRÍCIO LOPES DA SILVA


Sou Marcos para além da marcação. Sou Fabrício para além da fabricação. Sou Lopes para além do lapso. Sou Silva para além da selva. Nascido em Brasília - DF (16/09/1979), criado no Cruzeiro Novo - DF e recriado em Belo Horizonte-MG, onde resido atualmente. Minha obra poética se encontra disponível no blog da República do Pensamento: www.republicadopensamento.blogspot.com

Além de poeta afrobrasileiro, sou jornalista formado pelo Centro Universitário de Brasília (UniCEUB) e mestre em Estudos Literários/Literatura Brasileira pela Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (FALE/UFMG), onde defendi, em 2005, a dissertação Machado de Assis, crítico da imprensa: o jornal entre palmas e piparotes. Atualmente, na condição de bolsista de doutorado do CNPq, desenvolvo a tese intitulada Mil e uma utilidades: a contribuição da literatura brasileira para a crítica da publicidade, pela FALE/UFMG.

Marcos Farbrício lançou "Deslokado" em 2010, trabalho com o projeto gráfico de Gustavo Footloose, editado pela Árvore dos Poemas, de Diovvani Mendonça, turma criativa de Belô.  Peça de coleção, vale a pena conferir. Comecemos pela figura criada a partir do nome do poeta brasiliense (vivendo em Belo Horizonte) que lembra o famoso cruzamento no Cerrado, onde começou a obra de Lucio Costa na construção de Brasília:

E mais dois exemplos, a seguir, que falam (ou melhor, se mostram) por si só(s):


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BRASA ILHA EM MIM

 

 

Meu lado brasa

joga conversa dentro

com meu lado ilha

Como brasa

preciso de asas

Como ilha

preciso de eixos

Como brasa

esquento-me na realidade

como ilha

sou da fantasia

Como brasa

como ilha

sou o torto do cerrado

que saiu da prancheta

de Niemeyer

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PRETO NO BRANCO

 

Chicote e cacetete falam a mesma língua,

seguros pelo cabo dos que estão por cima,

apagando com a mancha branca que assassina.

A Pátria dos Quilombos não se dá por vencida.

Zumbi dos Palmares e Xica da Silva

são lições de corpo e alma da mais linda rebeldia.

Todo mundo se lembra da princesa Alisabel,

a mamãe noel da liberdade doada.

Todo o favor quer um troco:

manter a pátria amada deitada em berço esplêndido.

Fantasia custa caro.

Sem saída vive o beco.

O camburão é a gaiola do lixo humano.

A limosine é a casa do luxo desumano.

Linha de cor, código de barra.

Quanto mais escuro for, o estigma vem e mata.

Na flor da pele o espinho do racismo

que alimenta o espelho do cinismo.

Casa grande e senzala.

Mansão e favela.

Feira e shopping.

Cozinha e sala.

Elevador social e elevador de serviço.

O Brasil entre a Ilha de Caras e o Cemitério dos Vivos.

Quem inventou essa hierarquia quer a língua do canhão.

Mama África excluída não precisa de patrão.

Foi o branco, de coroa e de cruz na mão,

que criou o pecado e a punição,

e de língua travada,

ainda ensaia um perdão.

A cabeça da gente está cheia de história

de branco no preto, de falsas glórias.

Nosso povo quer saber do outro lado:

preto no branco, sem esquecer do passado.

"Escurecendo a questão", como diz o poeta,

saberemos a razão do acrobata da dor

no picadeiro das bestas feras.

_________________________________________________________

 

O verdadeiro zero à esquerda é aquele que só pensa em zero à direita.

 

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RETRATO DO BRASIL

 

verde de dólar

amarelo de medo

azul de fome

e branco de esquecimento

 

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PITBULL DE MICROFONE

 

 

Pitbull de microfone

Cabelo engomado

Com terno sem ternura

Todo engravatado

Late e morde sangue mesmo

Não é mertiolate

Bandido na cadeia

Grita logo o carrasco

Sem direito à defesa

O suspeito é culpado

Deve morrer atrás das grades

Proclama o enviado

Da alta idade mídia

Que cobre tudo ao vivo

Como é emocionante

Um acidente de verdade

Vale a pena o sacrifício

Pra alegria do covarde

Rir da desgraça alheia

Faz parte do ofício

Com o sucesso do desastre

Audiência lá no pico

O povo rói o osso

Carne nova no pedaço

Oferece o açougueiro

No noticiário

Ele mesmo mete o pau

Em nome da justiça

O maior dos irados

Quer combater à ira

 

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FELICIANA

 

 

acaricio teus cachos d'água

em sinal de meu amor à natureza

experimento frescor sem igual

ao mergulhar em tuas profundezas

alcanço paz de espírito

na sintonia de tua beleza

lugar abençoado

onde me encontro cristalino

jóia rara da serra do cabral

encantamento à vista

fundamento que amolece minhas pedras

no embalo de tuas correntezas

sou levado a experimentar o céu

e de volta à terra

sei que ali se encontra o paraíso

 

__________________________________

 

 

HAPPY END

 

 

amor platônico

termina

em transa homérica

 

 

__________________________________

 

AURORA

 

Oh! que saudades que tenho

da Aurora da minha vida

da minha paixão querida

que não volta nunca mais

Ontem amor, hoje tantos ais

Naquelas noites acesas

à sombra dos coqueirais

a gente colecionava "selinhos" e muito mais

Como são eternas as noites

do despertar da chama

Transpira o corpo ardência

Como perfume a dama da noite

O mar fica até doce

O céu não é mais o limite

O mundo abraça o luar

A vida - um chorinho de amor

 

Que Aurora, que mulher menina

Que pele, textura fina

Naquele sorriso carismático

nosso amor saía do armário

e fantasiava até os infelizes

O céu abarrotado de estrelas

brilhava menos que os olhos dela

Quando fazia onda com a minha cara

espantava sempre a maré brava

Oh! noites encantadas

Hoje noites de terror

Aurora é a música que se repete

na vitrola do meu coração

Suas lindas mãos não mais tocam

as cordas do meu violão

Sou um canário aposentado

na gaiola da solidão

 

Aurora era o meu chão

Hoje ela é o meu céu

Oh! que saudades que tenho

da Aurora da minha vida

da minha paixão querida

que não volta nunca mais

Ontem amor, hoje tantos ais

Naquelas noites acesas

à sombra dos coqueirais

a gente colecionava "selinhos" e muito mais

________________________________________

 

NÓS

 

União: a menor distância entre duas mãos.

Amor: a menor distância entre dois corações.

Compreensão: a menor distância entre duas vontades.

Respeito: a menor distância entre duas diferenças.

Amizade: a menor distância entre dois mundos.

Felicidade: a menor distância entre dois sorrisos.

Admiração: a menor distância entre dois olhares.

Carinho: a menor distância entre dois toques.

______________________________________

 

 

SILVA, Marcos Fabricio Lopes da. Zumbi dos Ipês.  Brasília:Avá Editora Artesanal,  2018.  62 p.ilus. Capa:Marcelo Rodrigues & Manu  Montenegro. Prefácio:Ana Flávia Magalhães Pinto.  Posfácio: Jorge Amancio &  Gustavo de Oliveira Bicalho.  Ilustração: Demétrius Cota. Edição revestida por uma sobrecapa de tecido. ISBN 978-85-92872-27-4    Ex. bibl. Antonio Miranda

 

Marcos Fabrício Lopes da Silva nasceu em Brasília, no dia 16 de setembro de 1979. Lá, formou-se em jornalismo pelo UniCeub. Cursou mestrado e doutorado em Literatura Brasileira na UFMG, onde integra o Núcleo de Estudos Interdisciplinares da Alteridade, da Faculdade de Letras. Participa do coletivo de escritores “República do Pensamento” (www.republicadopensamento.blogspot.com). Como crítico, Marcos Fabrício tem publicado ensaios e artigos em livros e em periódicos especializados.

(...)

 

A identidade étnica merece destaque especial na poesia de Marcos Fabrício. Faz parte de seu projeto literário combater a discriminação e refutar os estereótipos atribuídos aos afrodescendentes. Não seria demasiado afirmar que os versos do escritor convidam à reflexão um determinado coletivo populacional. Em “Bom brio”, o eu lírico indaga: “de que vale seu cabelo enrolado/ com ideias alisadas/ dentro de sua cabeça?”. Já em “Mona Crespa”, o poeta se coloca ao lado da mulher negra: “prefiro Mona Crespa/ com seu sorriso carismático/ à Mona Lisa/ com seu sorriso enigmático”. Fica o convite, portanto, à descoberta deste talentoso escritor de nosso tempo e de nosso país.

 

quero xangolizar no teu bemquerer

quero exúmorar no teu cafuné

quero iemanjá no teu florescer

quero ogun toque de ileaê

 

quero oxumaré de tantas alegrias

quero omulu vitória da conquista

quero iansã vento ventania

quero brisa de oyá no meu oriki

 

 

BRAZIL

 

Eu me chamo Brazil.

Nasci há muito tempo,

mas só fui registrado em 1500.

Sou filho dos portugas

que forçaram a barra

pelo caminho das índias

e nas tetas de mama áfrica

se faziam bezerros de ouro.

Falo chicotês fluentemente...

Quem tem dado as ordens no terreiro

tem sido Tio Insano.

Ele vive me enchendo de chiclete

para que eu fique sempre com a boca cheia.

Cheia de açúcar (cheia de formiga).

Sou belo e complexado,

país do futuro,

não passo a limpo o passado.
Fico esperando o presente cair do céu.
Meu corpo é um campo de concentração
de renda do tamanho do Maracanã.

Sou dez em cola. bom de bola,

mas alheio à mesa redonda.

Acho o empate o melhor resultado.

Seguidor de São Paulo,

amo zona.

Molho a palavra

na biblioteca das garrafas.

Prefiro urubuservar sociedades anónimas

a participar de comunidades assumidas.

Moro em cima do muro.

Sou PhD em teoria do medalhão.

Uso as pessoas e por isso sou abusado.

Amo as coisas e por isso só ando na etiqueta.

Apoio a república dos bananas.

Assim deixo os outros à vontade

para descascarem o abacaxi sozinhos.

 

 

 

AFRODITE

 

primavera do meu tamanho
verão contigo

florido
inverno sem ti
espinho
no outono
nossas folhas
chão do verde

solo capim
deitado em rede
e o sol a se espalhar
em sementes
semeamos
raízes-aprendizes
ribeirão do oceano
vão ganhando caule
matrizes e aquiles

como frutas
desafiando o não

das elites
em suco de mim
afro
dite

 

MELLO, Regina.  Antologia de Ouro IVMuseu Nacional da Poesia / Organização Regina Mello.  Belo Horizonte,  Arquimedes Edições, 2016.   160 p.  15 x 21 cm.  ISBN 978-85-89667-56-2
Ex. bibl. Antonio Miranda, enviado pela editora.

 

 

        beijo na boca da madrugada de Brasília
       faço amor concreto com a solidão oferecida
       tuas pernas asas eixos e rodoviárias
       a pé disputo com as rodas o verde do parque
       junto com o ipê planto raízes do brasil
       o diabo veste ternos de araque
       deus matou o serviço pra curtir a água mineral
       sinto-me um girassol humilde
       movido pela marcha das margaridas
       decreto uma ode à faixa de pedestre
       por onde passa um monumental encanto
       minha cidade é um tremendo avião
       por mais que ela diga não
       ela diz sim
       ao escurinho do cine drive-in



       Meritomorfina


      
a felicidade se pinta de branco
       pra ficar debaixo dos panos
       ditando ordem e progresso
       com as mãos sujas de tédio
       meritomorfina servida aos banquetes
       aos que pensam
       aos que clamam
       aos que sentem
       tudo tudo tudo para os meus
       nada nada nada para os teus
       brasil de tapete vermelho
       pra casa grande eterno recreio
       trabalha trabalha senzala
       sossego se for no picadeiro
       fazendo papel de palhaço
       o ano inteiro
       a tristeza vem de muitas tretas
       armada com os mesmos caretas
       que tem cara
       tem vergonha na cara


SILVA, Marcos Fabricio Lopes da.  doelo.  poemas.  Apresentação: Dalmir Francisco. Apresentações na orelha do livro:  Nicolas Behr, Antônio Araújo Jr.  Belo Horizonte, MG:  Rede Catitu Cultural, 2014.   s. p.  Edição espiralada.    ISBN 978-85-63464-11-8   

Ex. bibl. Antonio Miranda.  Doação do livreiro Jose Jorge Leite de Brito, em 2021. 

 

Minha vida é um livro
que precisa de leitor
aberto

*

espelho, espelho,
ô meu!
bonito não é você,
sou eu.

 

                    UM SENÃO A ZENÃO

atribui-se a zenão a frase:
"a natureza nos deu dois ouvidos
e apenas uma boca
para que ouvíssemos mais
e falássemos menos".

prefiro acreditar que:
a natureza nos deu dois ouvidos
e apenas uma boca
                                 para que ouvíssemos bem
e falássemos melhor.

*

VEJA e LEIA outros poetas do DISTRITO FEDERAL   em nosso Portal:

http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/distrito_federal/distrito_federal.html


Página ampliada em fevereiro de 2021        

 

Página publicada em fevereiro de 2009; página ampliada e republicada em novembro de 2018.

 

 

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