MARCO LISBOA
Nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais. Formado em Física.
Militou quatorze anos no PC do B e foi diretor da UNE, na Gestão Honestino Guimarães,
71 — 73.
NÓS DA POESIA. – volume 2. Org. Brenda Marques Pena. São Paulo: All Print, 2009. 119 p. Ex. bibl. Antonio Miranda
Condensação
Já fui assim, nefelibata
Como os carneirinhos lá do céu
Vapores de corpos sublimados
Eternos amantes
Mas era verão
Fazia um sol de derreter o juízo
Veio a condensação
E eu virei chuva de granizo.
Desintegração
O despejo expõe
A riqueza da matéria em decomposição Oposta
A pobreza da posição humana
No poente
Indiferente
Um urubu indecente.
Lapidação
Um colibri
Esmeralda de pura gema
Pousou aqui
Uma metáfora lapidada
Que durou o instante de uma bodocada,
Desferida pelo poeta em estado bruto.
Transmutação
Quisera ser um poeta telúrico
Mais corrosivo
Que ácido sulfúrico
Saí um poeta de araque
Mais inofensivo
Que subnitrato de pó de traque.
Radiação
Haveria que medir o tempo de decaimento
A meia vida de uma paixão
O exato momento
Em que poderias pedir: fica
Em que eu poderia dizer: não posso
Em que virarias para o lado, sonolenta
Em que lentamente eu sairia
Aquele momento
Em que eu fecharia a porta
E nos deixaria
Para sermos infelizes para sempre.
Sublimação
Os papagaios lá no céu
São amantes
Arrebatados pelo vento
Sobem aos trancos, desembestados
Depois pairam, saciados
Eu também fui assim
Veio alguém e me cortou.
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Página publicada em dezembro de 2020
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