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Foto: http://www.marciacarrano.com/a_escritora.php
MÁRCIA CARRANO
Márcia Carrano Castro é escritora e professora de Português, Redação e Literatura. Mestra em Letras (CES-JF). Especialista em Redação/ Língua Portuguesa (PUC-MG). Especialista em Literatura Brasileira (PUC-MG). Licenciada em Letras (Português/Inglês e literaturas). Bacharel em Direito.
“[...]poesia que procura extrair da palavra, em combinações e inovações
diversas, toda a potencialidade expressiva”. CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE (em correspondência à autora, em 29 de junho de 1977) sobre Zero versus, livro de poemas da autora:
PUBLICAÇÕES: Livros: Zero versus (poemas). Juiz de Fora: Esdeva, 1977; Porção de tintas contos). Juiz de Fora: Funalfa, 2003. Livro escolhido por comissão julgadora da Funalfa, em 2003, foi editado pela Lei Murilo Mendes.
Participação em antologias: Marginais do Pomba. Rio de Janeiro: Reproarte, 1985; Mais trinta mulheres que estão fazendo a nova literatura brasileira. Rio de Janeiro: Record, 2005
Poemas e contos: além de poemas, contos, crônicas e outros textos publicados em suplementos literários de Cataguases e de outros lugares, inclusive no Boletim luso-brasileiro, da Universidade do Colorado, Boulder, Estados Unidos, em fevereiro de 1978, fazem hoje parte do acervo digital da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais diversos poemas e contos publicados no Suplemento Literário de Minas Gerais, a partir de outubro de 1975. Podem ser encontrados em: www.letras.ufmg.br/websuplit/Lib/Html/WebSupLit.htm
ARIDEZ
a lágrima entalada
na garganta
espinho de peixe
caco de vidro
lâmina maldosa
— não há poesia.
a lágrima atravessada
no escuro do medo
no impossível perdão
escorrega no fio de ternura
único afluente possível.
a lágrima busca/rebusca
brusca o caminho
e morre pedra
oculta do mundo...
SOTERRAMENTO VERBAL
vejo centos e centos de palavras
como quem via centos de laranjas
— e eram tantas as podres
como são hoje as vazias.
busco o pensamento novo
por trás de letras e livros
nacionais, estrangeiros,
literários, temerários,
provincianos, urbanos,
impressos com pressa,
digitais, internetais,
emeianos, leissarnianos,
ceenepecando e capespengando
palavras
no solo do silêncio.
produção coca-livro
de uma sociedade de ecos e trecos
de ivros e avras
— travas na mente
travo na língua
solta no breu.
Juiz de Fora, 11 de novembro de 2002
Amor de qualquer canto
fazer poema
é ficar vinícius
com entornos
de chopes
amigos
violões
homens e mulheres
passando lúbricos
com o mar de fundo.
poema sério
não é poema:
é grito agonístico
é alma esfacelada.
poema mesmo
é ébrio de paixão
vida
cor-
-ação
e você:
sinfonia inacabada
desfilando diante de meus olhos
eternamente apaixonados
em qualquer canto do tempo.
Mais informações sobre a autora:
· Outros: Apresentação de painel sobre Francisco Inácio Peixoto na Jornada de Estudos Literários: 2004- Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora
Análise literária: O polêmico, o lúdico e o erótico em Erótica, de Chico Peixoto. Gal
Art, n. XIX, Cataguases, ago.2002, p. 1-4.
· Internet
Contos, poemas e crônicas em:
MINIBIOBLIOGRAFIA
BARBOSA, Leila Maria Fonseca; RODRIGUES, Marisa Timponi. Letras da cidade. Juiz de Fora: Funalfa, 2002, p. 224-227.
CAGIANO, Ronaldo. Sobre a nossa condição. Estado de Minas, Belo Horizonte, 15 nov. 2003, Caderno Pensar, col. 1 a 3, p. 4.
______. Entre o real e imaginário. Hoje em dia, Distrito Federal, 21 a 27 dez. 2003, Caderno Brasília, col. 1 a 4, p. 4.
INHUDES, Beatriz. A sensibilidade nossa de cada dia. Tribuna de Minas, Juiz de Fora, 24 out. 2003, Caderno Dois, col. 1 a 5, p. 3.
PEREIRA, Édimo. Mulheres interditadas. Disponível em: www.armenguepress2.blogger.com.br Ensaio apresentado no curso de Mestrado em Letras – Teoria de Literatura da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em janeiro de 2004, no 3.º Módulo da Disciplina Literatura e Multiculturalismo : A Literatura de Autoria Feminina e seu Comprometimento com a Redefinição da Identidade Feminina na Sociedade Ocidental.
PONTES, Hugo. Livros. Jornal da Cidade, Poços de Calda, 21 nov. 2003, col. 3 a 6, p. 9.
SANTOS, Manoel Hygino dos. De tintas e murmulhos. Hoje em Dia, Belo Horizonte, 12 mar. 2004.
TEXTOS ESTUDADOS
· 2° vaguema. Analisado e estudado, em 1982, no curso de pós-graduação em
Língua Portuguesa-Redação da PUC-MG pela doutora Maria Antonieta Cunha (UFMG).
Nota:
O poema constituiu leitura obrigatória no programa desenvolvido pela professora Maria Antonieta Cunha.
· Historinha para ninar 70 anos. Estudado no curso de mestrado em Literatura Brasileira do CES (Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora, MG) pela mestranda Alcione Abreu Olivieri, na disciplina Teorias contemporâneas da literatura brasileira: teorias do intertexto, ministrada pela doutora Francis Paulina Lopes da Silva (UFV).
· Ressaca amorosa e outros textos. Estudados em artigo sobre a autora no suplemento cultural Gal Art. 2001.
HOMENAGEM RECEBIDA
Em 2001, a secretaria de cultura de Cataguases, Minas Gerais, deu o nome de
Biblioteca Municipal Márcia Carrano a uma das bibliotecas locais.
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CARRANO, Márcia. Zero/Versus. Juiz de Fora, MG: 1977. 56 p. 14x21 cm. Impresso na Esdeva Empresa Gráfica S.A. Col. A.M. (EA)
Na “orelha do livro” J.S. GRADIM comenta os poemas da autora: “Na Puresia II, ela se mostra cansada de todos os ismos e, numa tentativa de fuga, aceita apenas o ilhismo. / De fato, sua poesia é, no todo, uma tentativa de ultrapassar a materialidade do real, sem perder o contato
com a vida, fonte originária de toda a poesia. / Os poemas do Tempo Um poderiam denominar-se — Integração. Poder-se-ia dizer que o olhar do Poeta está sempre voltado para os misteriosos recantos da alma: talvez que a sua poesia, antes de ser expressão, seja um fenómeno agônico. Basta ler e reler Perplexidade, Barco-Marco, Passomorte.”
PASSOMORTE
são passos
lentos
estranhos
medrosos
sem a alegria
dos que vão a encontros
sem a pressa
dos que vão à vida
sem a certeza
dos que podem voltar.
são passos
dos que não querem chegar
dos que não querem andar
dos que não podem parar.
passos arrastados
desesperados
sem sentido
sem motivo
sem caminho de volta
se na volta já perderam
o que os levou nessa ida
que a morte provocou.
BARCO-MARCO
velho barco
não mais
que um arco
foi outrora
um traço
no azul
do mar.
agora marco
de sorrisos largos
no brincar
de roda
de moleques magros.
agora arco
não barco
a fitar
o mar
num olhar
de adeus.
PERPLEXIDADE
a paz agora
é paz de corpo
saciado'
descansado
aquietado.
paz estranha
incompleta
mas repleta
de perguntas
de porquês
de quereres.
paz agora
e depois ?
procura
mais procura
busca
e mais busca
não desta
mas da outra
paz total
paz final
completa
não repleta
de perguntas
de porquês
de quereres.
PURESIA II
cansaço de ismos:
enchem os ouvidos
entornam da boca
tolhem as mãos
no mais completo
misturismo.
modernismo
concretismo
praxismo
processismo.
impaludism.0.
abismo.
ilhismo
o único ismo
que ainda vai.
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