MARÇAL FILHO
Marçal Filho é cantor, compositor, poeta, jornalista, cronista, natural de Guanhães, Minas Gerais e radicado em Itabira, terra de Drummond. Teve seu primeiro poema chamado "Quimera'' publicado na Coletânea "Poetas Brasileiros de Hoje", lançado pela Shogun Editora e Arte em 1992.
Atualmente é Presidente da AMITA (Associação dos Músicos de Itabira) e membro da ASPI (Associação dos Poetas e Escritores Itabiranos). Lançou, em julho deste ano, seu primeiro Romance que tem como título "O Afilhado", uma história de ficção. Pertence atualmente ao "Movim0ento Trial de Itabira". Esse movimento é regido pela tríade: Amizade, Idealismo e Arte e é formado por amigos poetas e compositores que comungam as mesmas ideias e compartilham dos mesmos sonhos e ideais.
POESIA DO BRASIL. Vol. 5. XV CONGRESSO BRASILEIR0 DE POESIA. Org. Ademir Antonio Bacca. Bento Gonçalves: Proyecto Cultural Sur - Brasil, 2007. Ex. bibl. Antonio Miranda
Reflexivo
Teço um bordado qualquer
A linha me escapa das mãos
mal-me-queres ainda vejo
bem-me-queres...Solidão...
Esboço um rabisco mal feito
Defeito não há pra se ver
Do ontem apenas lembranças
Do hoje, um recado, talvez...
Martírio não faz mais sentido
Por isso me fiz outonal
Se casto me fiz entre o tédio
Quisera o remédio encontrar
Mas médicos pros males que trago
Não sei onde posso achar!
Visceral
Sigo transando idéias
Nessa epopéia de ilusões
Rasgo as entranhas da vida
E as vísceras exponho
Como se certeza fosse
Que meu sim é seu não
Vivo entre o pódio e o abissal
Balançando ao vento
Como uma folha ao léu
E quando vislumbro outro sim
Novamente um menino
Me vem a teimar
E tudo então é incerto
De tão longe ando perto
Dessa busca de amar!!!
Cenas Opostas
Aqui junto a mim
escorre um fel...
e vivo a perguntar
quem deixou que isso se me fizesse?
Ali junto de ti
escorre um mel
e pergunto-me ainda:
Que dia poderíamos
brincar de inverter papéis?
A vida é um grande teatro
Atores somos todos
Mas ainda precisamos direção
Poeta e palavra
No dia que a poesia me faltar
e a palavra não surgir
então serei alguém
que de fato a vida marcou...
Ou um qualquer que nunca sonhou
pois se o poeta perde o fio do verso
reverso se faz inverso se torna
refaz e transforma em mais que desejo...
Lampejo de lágrimas não convence
e se convenientemente convencesse
não deixaria que o destino o mudasse
não se expunha prevendo
que tudo se transformasse...
Por isso o poeta é um profano profeta
que vive a observar a vida e dela faz um palco
e deste, uma fresta imaginária...
Sua palavra mesmo simples,
quase imperceptível é capaz de
se não convencer a si mesmo
convencerá o outro
Faz do picadeiro um lugar do riso
e do desatino um turbilhão de aplausos!
Quando me faltar a poesia
quando nada mais houver para escrever
aí sim, não me darei por satisfeito
antes porém darei lugar à folia...
e na amplidão do sonho interrompido...
zombarei do destino inacabado...
que por descuido deixou-me um dia poetar!
Para todas as crianças do mundo
E que todas as crianças desse mundo
Possam rir num grande circo que eu montei Sou palhaço dançarino em malabares
Sou peralta no picadeiro que criei
Que as crianças cresçam meigas e felizes
E que se juntem num uníssono cantar
E que o circo seja o sonho mais bonito
No infinito da pureza do amar
E que eu seja UM palhaço engraçado
Desse circo que é tão belo como a flor
Da platéia seja enfim admirado
Retribuindo minha arte com amor
E que eu seja O palhaço desejado
Dos olhares infantis que ao mirarem
Se reluzam cintilantes e risonhos
Pois os sonhos serão meigos ao cantarem.
(Dedico este Poema às crianças do mundo, que vivem perambulando pelas ruas e também àquelas outras, especialmente brasileiras, que trabalham para ajudar suas famílias. Quero crer e tenho esperança de que um dia a Sociedade brasileira entenda que é preciso por um fim nisso!)
Página publicada em outubro de 2020
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