MAGDA LUCIA RODRIGUES
escritora que levou consigo Alvinópolis para o Brasil e para o mundo.
Formada em Direito pela PUC-MG, além de escritora,
é Advogada e Membro da Advocacia Geral da União (Procuradora Federal).
RE-INSACANDO A POESIA. (Prêmio Capital Nacional – Categoria Poesia – 1998 – Aracajú /SE) SAC0 III : Maria Lúcia Rodrigues (MG), Márcio J. de Mello (SP), Rogério Salgado (MG), Said Oliveira (MG), Wilmar Silva (MG), Zanoto (MG) . Belo Horizonte: Arte Videverso, 1998. 52 p soltas 9x16 cm. Ilustrações: Sônia Pigaiami.
Folhas soltas ( 9 x 13 cm) acondicionadas em um saquinho intitulado “Pão Bahia – Bom Preço e Qualidade”. Ex. bibl. Antonio Miranda
CERTAMENTE
Se eu morrer sem sequer lhe dar adeus,
sem poder vê-lo e apertar sua mão,
steja certo, hei de rogar ao bom Deus
por nós, nesse momento de comoção.
Recordarei o passado: os beijos seus
em minha boca, os instantes de ternura,
os redimidos desencontros, toda a agitação
de nossas alegrias, tristezas e amarguras...
Certamente, nossos passeios sob as aleias
dos jardins não mais soprarão ao vento
nossos devaneios de felicidade, as ideias
do construir um lar, os supremos sonhos,
tudo o que juntos construímos ou supomos
e que deixaram este mundo de doce ilusão!
ESSE HOMEM
Esse homem é meu,
ainda que não reze em contrato
e não se inclua no convencionalismo
da perspectiva do amor perfeito...
Esse homem é meu,
ainda que de gestos reduzidos
ou na alegria triste após cada ausência
pela busca dos submissos...
Esse homem é meu,
pelo que resta ser sem aparato
nem segredos enigmáticos...
- é meu pela co-participação de Sermos!
NO TEMPO
A vida / apesar de tantas verdades,
Mentiras,
Em cada ser um sonho /
Ilusão
No consciente: dúvidas /
Censura muda.
No medo trégua,
Que vagueia
Na esperança, apesar de tudo,
Inconstância.
Na lenta cadência, o tempo...
Espreita.
Na melodia do pensamento,
Felicidade!!!
TARDE DE SÁBADO
Garoa fria, impertinente...
A cidade assim permanece,
de tristeza imane e dolente,
nesta tarde de sábado!
O inverno cinge de amarelo
a copa imatura das árvores...
Afasia de coisas e loisas,
silenciar de pássaros...
No vidro embaçado da janela,
dois pingos escorrem paralelos:
- presente e passado,
duas lágrimas ardentes!
POR ESSAS ESTRADAS
Tarde de agosto...
Depressa anoitece.
O sol já é posto,
até mesmo em mim.
Por essas estradas afora,
levantam-se fantasmas,
são desenhadas sombras
do ontem ou do porvir?
Nesses sonhos vincendos
cai um espesso lençol
em forma de apoastros.
Mundo de ectoplasmas!
Angustia é o que se impinge
na solidão do agora...
FELICIDADE
Nunca é tempo demais.
Amanhã pode ser tarde...
O ontem pouco importa,
termina sempre em saudade!
Importante é o caminhar
sem tédio, mágoa, restrições...
Viver o presente, o hoje, o agora,
mesmo que de silêncios!
Ser apenas de quem nos queira...
-Ser feliz?
É ir por aí afora!...
Página publicada em outubro de 2020
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