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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

POESIA MINEIRA
Coordenação de WILMAR SILVA


LUIS EUSTÁQUIO SOARES

LUIS EUSTÁQUIO SOARES

Nasci em Rio Pomba, Minas Gerais, onde passei minha infância. Nesse perturbado meio tempo, entre a infância e a adolescência, mudei para Belo Horizonte, onde fiquei até maio de 2004. Atualmente moro em Vitória, Espírito Santo, onde sou professor adjunto de Teoria da Literatura, na Universidade Federal do Espírito Santo. Não tenho prêmio algum, literário, em meu currículo, nada de epopéias líricas de fotos e resenhas em jornais de circulação nacional, embora, publicados, tenha os seguintes livros: Paradoxias, romance, 1999, Cor vadia, poesia, 2002, Silvo de Luis Caixeiro, biografema, 2003, co-autoria com o poeta mineiro Wilmar Silva, José Lezama Lima: anacronia, lepra, barroco e utopia (2007), editora Edufes.

Fonte da biografia (blog do autor): http://www.blogger.com/profile/02565386046789358468

 

VAGINA

         No olhar-olho de suas digitais, ao acaso,
na nuvem de chão de poros, o som de sua pele,
intuo
Em bílis-banho de um pensamento, o gesto de palavra alada,
o oxigênio de seus passos leves, levitantes, no instante,
sorvo
a informe forma ventilada de sua nuvem, em céu,
a delicadeza fulminante do instante de seu tato, em ato,
tateando o último-primeiro relance inteiro de seu cheiro
o sonho de suas mãos de enleio,
incendeio
o afeto de sua sultura de afetos
na ação musical de sua dança de pinturas
o erro fúlgido de seu acerto
risco
o cisco de espectro colorido, de luz espectral, sua pupila de sangue,
a artéria-vicinal do invisível visível de sua alegria alegre,
banqueteio
os cabelos crespos de seus lábios,
anarquofelizes, com o fim de todo fim,
e o nascimento de todo renascimento,
o agora oblíquo de sua voz,
vivo
a umidade  palapatória de pulso de nosso impulso,
Não conheço não,
só simplesmente só
afago ausente presença
aragem viagem remagem
penugem no ar
ar de teu olhar
voando no espinho,
a flor
brinca com a dor,
o calor
o amor
e o clamor
de um buraco-negro de noite solar
no rio de seu cio e no bico do mio de seu seio
o pio da coruja de agouro
no ouro de uma manhã
os raios públicos da dissonância,
sua vagina
sou orfeu e canto no inferno.

 

Extraído de FENDA 16 POETAS VIVOS. Organização e introdução crítica de ANELITO DE OLIVEIRA.  Belo Horizonte: OrObÓ EdIcÔeS, 2002. 

 

 



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