LÚCIO FLÁVIO DE LOURENZO
LOURENÇO, Lúcio Flávio de. Lerdo de coço. Belo Horizonte: s.d. Manuscrito de Word sobre folhas soltas. Col. A.M.
Quem é Lúcio Flávio de Lourenzo? Eu encontrei uns originais dele, impressos, sem capa, sem encadernação, obra inconclusa. Foi em um sebo de Belo Horizonte, três anos atrás. Folheei, li uns versos, gostei. Imaturo, mas bem construídos, divertidos, criativos. Em um deles cita o Manoel, que suponho ser o nosso querido Manoel de Barros, de quem ele herdou certa linguagem pantaneira mineirizada...
Busque na internet e não encontre o Lúcio Flávio... Havia outros, mas ele não apareceu por lá, por enquanto... É possível que ele não tenha abandonado o exercício do verso e volte...
Registro aqui alguns dos poemas dele... para que ele exista para nós.
Minha avó tecia filhos
Em uma roda de filhar
Minha avó fiava
Fiou doze fio
Meu avô era roda de fiar
***
Para evitar tias grudentas e apertos na bochecha,
Quando pequeno, aprendi a resposta certa para
repetidas perguntas:
O que é que o nenen faz pra ficar bonitinho assim ?
Sempre respondia : Cocô mole.
***
Meu avô aos 92
Tinha uma memória invejável
Me contava o mesmo caso dezenas de vezes
Sem esquecer um só detalhe
***
Um dia matei minha infância
com um tiro de espoleta.
***
Quando eu lia Manoel,
Completava-me de substância
Surtava delírios infantis
Apanhava fruta madura no pé da letra
e um desespero interno,
me bagunçava
Página publicada em janeiro de 2014
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