LUCIANO SHEIKK
Natural de Itanhandu, Minas Gerais, 1966. Graduado em administração e especialista em gestão estratégica e psicopedagogia. Publicou os livros Sopro (1990), Na contra luz (2002), Fotogramas de agosto (2005), Sossego, o rato que queria ser morcego.
Site oficial do poeta: http://www.lucianosheikk.com.br/
Extraído de
POESIA SEMPRE. Número 35 – Ano 17 – 2010. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, Ministério da Cultura, 2010. Editor Marco Lucchesi. Ex. bibl. Antonio Miranda
Geração acéfala
Ao Sr. Almeida
Querem nos vender ídolos.
Querem nos fazer.
Querem nos ser.
Nós somos. É a diferença.
Embora sejamos consequência.
Em particular.
Fui matando meus ídolos.
Um por um.
Até nascer.
Fênix
Emprestei
E jamais me devolveram.
Enganaram-se:
Tenho tantos
Quantos venham me furtar.
Enganei-me:
Amor não se empresta
Nem se devolve.
Não é propriedade.
Logo, não se ganha,
Nem se perde.
Vive-se e revive-se.
Desprendimento
É uma aberração ser-me apenas
Sou-lhes, sou-nos.
Solvente sou
Pela pessoa humana.
Dissolvo-me
Nos desejos alheios.
Não tenho freios.
Velozmente existo.
Não tenho preferências,
Os fatos, as coisas, as pessoas
São fortemente possíveis em mim.
Tudo é óbvio.
Nada é absurdo.
O absurdo é uma artimanha do óbvio
Que nos corrompe de nós mesmos.
Página publicada em setembro de 2018
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