JULIANO KLEVANSKIS
Nasceu em Belo Horizonte, no dia 28 de maio de 1978. Cursou o primário na Escola Theodor Herzl e concluiu o segundo grau no Sistema de Ensino Arquidiocesano. Pesquisador da história, da antropologia e da literatura,ministrou o curso Literatura Indígena e o Grupo de Estudos Literários, ambos na PUC-MG, em 2003-04, sendo um dos fundadores do Literatices. Abandonou o curso de Economia da UFMG, tendo se graduado em Relações Internacionais, pela PUC-MG, em 2004. Abraçando ao jornalismo, trabalhou como cronista e corretor ortográfico no Jornal Tribuna de Contagem, como editor no boletim da FISEMG e como redator no Observatório Internacional. Autor de livros sob a forma de cordel, nas modalidades poesia, prosa edramaturgia, elo entre a pesquisa acadêmica e a cultura popular. É também compositor de música mas não intérprete, quando faz referência a esta atividade. Agora se encontra definitivamente envolvido com a literatura, assumindo a identidade de escritor, antes de tudo, versátil.
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KLEVANSKIS, Juliano. Maíra & Curumim. Lendas do Brasil em versos. Belo Horizonte: Anome Livros, 2005. 84 p. Projeto gráfico: Píndaro Lutero e Wilmar Silva. Desenho da capa: Maíra Paiva. Col. Bibl. Antonio Miranda
O Maxakali também estava no Beleléu
"mim ser índio Maxakali
mim sentir dentro
fundo do coração
meu espírito
espírito Maxakali
espírito guerreiro Maxakali
mais rico, mais farto de sabedorias
longa experiência da vida
mim ajudava pai na aldeia
aí chegou gente de Hãmnôgnõy
[outra terra diferente]
de Hãmnõy! [outra terra!]
à tarde, à manhã
roubaram o meio-dia
sentaram em cima das casas dos homens
[Kuxex!]
em cima da casa de religião sentaram
[Kuxex!]
em cima da casa olharam para a casa
[Kuxex!] e outra vez sentaram em cima da casa
aqueles não seres humanos [Tikmã'ãn!]
sentaram e pisaram [Pataxax!]
com alegria [Uhitup!]
quebraram pau com tinta para escrever
[Tappet kup hep!]
impediram de falar minha língua
forçaram a falar portuguesa língua
como mim desenhar o som? [Kax 'ãmix]
o belo horizonte? [Menaniyoôn]
retratos, sombras, espelhos
espírito guerreiro Maxakali
alma? [RoxukT
(Questão conexa:
Ha de passar ainda pelo Beleléu
Um que é caipira)
A poesia avista o Curumim e declara em tom ameaçador
"originalidade nos atos é importante
mas o capim-verde e muiraquitã e pedra-verde ao mesmo tempo
que desejam por força do desejo
(que não sacia e a si mesmo é mentira)
desejam por força do desejo ao tempo-lua
ao tempo-sol, aos tempos-estrelas
o capim-verde e muiraquitã e pedra-verde ao mesmo tempo
não se derramam em minutinhos acabados
no fim a obra é tão vasta e densa
que cabe a mim a originalidade em meus atos
nã nã nã nã não tem nada disso
que o mundo corre em sua direção
abra o olho
que o paladar surgirá antes que abra a boca
ou você é ou não é mais índio
pensar o contrário é recusar-se a pensar certeiro"
Página publicada em maio de 2014
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