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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

Fonte: www.germinaliteratura.com.br

 

JOVINO MACHADO

 

(Formiga-MG, 1963). Poeta. Graduado em Letras (UFMG).

 

“Ando buscando poesia. Na rua, nas livrarias, em sebos e pela internet. Alguns livros chegam pelo correio, outros em lançamentos e até em lojas de antiguidades. Encontro “Fratura Exposta”, do poeta mineiro Jovino Machado. É seu nono livro de poesia, apesar da juventude. A faca que está na capa da obra corta minha garganta, sangro de prazer: “o prazer do amor gira em torno/ da certeza de fazer o mal”(Baudelaire).  Assim o livro se oferece pela epígrafe do poeta maldito, “tecendo as odes de um terço insano” – versos de Jovino Machado, que entrego aos leitores”. Antonio Miranda

 

Quem quiser saber mais sobre o autor, está a entrevista feita com ele por nosso amigo José Aloise Bahia.:

http://www.germinaliteratura.com.br/pcruzadas_edimilsonjovinowilmar_ago2006.htm

 

 

Poema dos trinta anos


aos sete perdi a infância
não perdi a elegância
aos dezessete perdi a virgindade
não perdi a dignidade
aos vinte e sete perdi a ingenuidade
não perdi a vaidade

não perdi a fé
gosto de café
ando a pé
 

*******

 

De

MACHADO, Jovino.  Fratura exposta.   Belo Horizonte, MG: Anome Livros, 2005.  64 p.   14x19 cm.  Capa: Joca Reiners. Projeto gráfico: Wilmar Silva.  “ Jovino Machado “  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

 

 

IV

a poeta late mais que morde

arde faz alarde fere maltrata

o tiro nunca sai pela culatra

o veneno dribla o único acorde

 

VI

a poeta metralhou meu coração

no meio o seu não e o meu fim

tem o lírico cemitério do bonfim

a mais concreta avenida são João

 

X

a poeta respirou na minha nuca

a cartomante sorriu e gargalhou

o único crime é ser superficial

a desumanidade do amor deixa vestígios

 

XII

a poeta descansa os pés no peito ébrio

infeliz incursão por baixo da superfície

explosão de vozes versos e pequenas mortes

feridas silenciosas no cemitério dos pulmões

 

XIII

a poeta atravessou o impulso lúdico do artista

rincão do universo cintilante que se derrama

em um sem número de loucos e outonos tristes

as estacas do limite foram todas arrancadas

 

XVI

a poeta cortou o pulso no caco do poema

flor sangrenta de sua máquina de pensar

oceanos de nuvens cachoeiras de dilúvios

cartas para amar e não ter mais saudades

 

XXI

a poeta envenenou a minha existência

como uma criança roubou a minha alegria

o meu desespero é a infância de minha arte

este poema é o primogênito da minha desgraça

 

XXVII

a poeta tem olhos de poemas nunca lidos

é a primeira primata expulsa da costela

é uma pancada na cabeça de um dinossauro

é um arranhão distraído no breu das horas

 

XLVII

a poeta tem a palavra derradeira

laudas amassadas, dores encardidas

sua alma é formada por labirintos

a poesia é seu abismo consistente 

 

Mais Poemas de

JOVINO MACHADO

 

 

CANÇÕES DE SENZALA

encontrei o bardo
tomaz antônio gonzaga
que ao som da sanfona
do sanfaneiro que falava pouco
bebia muito e tocava demais
me contou sobre a ternura de Marília
me convidou para mais um trago
eu aceitei: tim tim...
me disse que a vertigem da poesia
começa justamente onde termina a morbidez
de barba por fazer
afrouxou o nó da gravt
como um ilustre fidalgo
cantou canções de senzala
disse que sentia enjoado de conspirações
e pediu mais vinho
ajeitou o chapéu e me convidou
pra subir e descer ladeiras
saímos sem pagar a conta.


 

NO PRIMEIRO DIA DA CRIAÇÃO

no primeiro dia da criação
eu era o último da fila
nasci de improviso
deus estava em crise
minha alma é um lago à tarde
não sei chorar para fora
vejo as estrelas
meu desalento dorme
e se encontra com o desespero
no primeiro lugar da fila
no último dia da criação

 

 

 

Página publicada em maio de 2008




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