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O poeta com amigos em Juiz de Fora.
Foto extraída de https://mutumcultural.blogspot.com/

 

 

JOSÉ HENRIQUE DA CRUZ

(1957-2003)

 

José Henrique da Cruz nasceu em 1957 na cidade de Carangola-MG. Viveu a partir de 1971, em Mutum-MG. Em 1972 mudou para Juiz de Fora para cursar o ensino médio, onde tomou contato com o professor e poeta Gilvan Ribeiro. Estudou Comunicação Social e trabalhou em vários jornais. Tornou-se um dos poetas locais mais reconhecidos. Morreu em 2003 em um acidente automobilístico ocorrido entre Mutum e Aimorés.

 

Ver o poema extraído de

 

POESIA... [edição mimeografada]

Uma série de edições do folheto “POESIA” impresso em mimeógrafo. Encontramos doze exemplares em um velho arquivo na biblioteca particular de Antonio Miranda... Foram editados em 1976 e 1977, com 4 a 6 páginas cada um... Nenhuma informação sobre a procedência, nem dos editores... Só encontramos esta

A sensibilidade poética foi o fio condutor que reuniu, inicialmente, Gilvan P. Ribeiro e o saudoso José Henrique da Cruz (1957 – 2003) na articulação do folheto Poesia, em 1976, já na Universidade Federal de Juiz de Fora, após os sete primeiros exemplares terem sido editados com o apoio do Colégio Magister, em 1975.”

Fonte: https://jornalggn.com.br/

 

POEMA de JOSÉ HENRIQUE DA CRUZ

 

        COLMEIA

       As operárias
da fábrica de malhas
são como abelhas
a me ferroar.
Perseguem-me em bando
pouco numeroso
mas de muitas cores.
Perseguem-me zumbindo
milhões de pedidos
como se eu fosse
o procurado zangão.
Não sei se devo
fazer-lhes os desejos
ou se elas os meus.
Nem todo o néctar
de todas as flores
pode saciar-lhes
a sede de mel;
por isso vagueiam
de cravo em cravo
de corpo em corpo
a todo momento.
O dia inteiro
vivem na colmeia
que produz roupas
e gera feridas
em cada mulher.
Alimentam sonhos
com geleia real
e fabricam rainhas
de mentira.
Sentem a miséria
na carne de inseto
nas asas finas
que não fazem voar.
As operárias
da fábrica de malhas
são como abelhas
que não produzem mel.

                José Henriques da Cruz

 

 

 

        EXIBICIONISMO

 

 
 

       Em cada dedo trago um anel de diamante
do mais alto quilate.
Eles deslumbram as admiradas vistas admiradoras
mas ofuscam as minhas.
Apesar de tudo os carrego
pois geram respeito e serventia.
São as dez armas preciosas que possuo
e os únicos segredos que não guardo,
o grande tesouro por mim acumulado
com muito pouco esforço.
Ladrões temem rouba-los:
veneram-nos como deuses de luz
reluzentes  a cada movimento das mãos
portadoras de imensa riqueza.
Mulheres se oferecem em troca deles,
dançam felinamente ao redor de cada um
como se fossem fogueiras acesas
em cerimônia religiosa.
Resisto à força do desejo e calo-me.
Continuo possuindo um anel do mais alto quilate
em cada dedo de diamante.

                               José Henriques da Cruz

 

 

       ASSEPSIA

 

 
 

       Corto as unhas e não sai sangue
nas partes cortadas, nem dor.
Mas se eu me ferisse no peito
na testa no ouvido na boca
ou noutras partes vitais
com certeza a morte poria
seus urubus de vigia.

                       

                                          Mas não:
cortar as unhas é questão de higiene.

                        José Henrique da Cruz

 

 

       C R E S C E N T E

 

 
 

       Lua:

pedaço de foice

        que à noite ceifa o mundo

        roçando o céu como exemplo.

 

        Lâmina mágica

        marcando um caminho

        com traços de prata.

 

        Lâmina marco

        do único espaço

        todo dividido.

 

        Brinquedo precioso

        que ilumina o chão

        escuro, perdido,

        necessitado de brilho.

 


 

 Página publicada em novembro de 1019

 


 

 

 
 
 
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