JOSÉ EDWARD
“(...) desta pátria que transformaram em puta de luxo, é um primeiro ensaio para novos olhos. Novos olhos que continuarão a enxergar o que vem depois da trilha aberta e iluminada de Gregório de Mattos, Castro Alves, Drummond, Murilo Mendes, Paulo Mendes Campos, Mário Quintana, Millôr Fernandes... gente que, como José Edward, sabe que não basta ver o insólito da árvore, do cachorro, do leite, do homem, da mulher. É preciso denunciá-lo e iluminá-lo como princípio do exercício de re-humanização.” Fausto Wolff
“(...) o cartunista Jaguar compara o estilo de José Edward ao do escritor americano William “Bill” Burroughs, um dos mentores do movimento beatnik”., segundo o PASQUIM.
Esta segunda edição de Pátria que pariu! (Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
144 p. de folhas soltas dobradas. ISBN 978-85-7526-279-5), agora acomodadas numa caixa de cartão.
a internet é...
é o insondável mundo novo
que nasceu da explosão
de um cibernético
bit bang
lei da selva
a lei
que aqui
se ditava
era dura
era dente
por dante
(um inferno!)
era olho
por alho
(e como ardia!)
hoje é apenas
uma lembrança
triste e vazia
(mas como ainda
DOI CODI!)
imodéstia tréplica
coisa mais feia
esse poema-vômito!
mais parece um cogumelo atônito
uma aranha sem teia
um vôo sem asas
uma cruz sem credo
pura heresia de poeta
sem sangue azul na veia
— perdão, senhores!
no fundo, no fundo
eu só queria jugular uma dose
de minha hemofílica poesia
no vosso obscuro mundo
como um Drácula a sanguessugar
vossa pobreza de espírito
a alienação política
a falta de consciência crítica
acender uma réstia de luz
apregoar um verso-adenalina
na vossa modorrenta vidinha
cheia de naftalina & pus
lei parcial
a
p
á
t
r
i
a
que nos pariu
precisa de mais paz
e menos pompa real
urge que se proclame
uma lei nada blue:
o governante de plantão
estará sempre nu
e quem for mais
realista que o rei
será coroado
bobo da corte
pela grei
q
u
e
assim seja
a
m
é
m
pt saudações
ex-
Patriotas
cínicos e
emPedernidos
exProPriaram
nossas esPeranças
e transformaram-se em Párias da Pátria;
ex-Paladinos da moralidade revelaram-se corruPtos
viliPendiaram nossos sonhos
e agora são Pigmeus da ética
com a devida vênia
dos anões do Pefelê,
do Peemedebê,
do Pessedebê
e de tudo
quento é
p
Página publicada em fevereiro de 2010, mas (previamente) autorizada pelo poeta. |