Foto: www.acessa.com/
JORGE SANGLARD
Jornalista. Pesquisador musical. Programador visual. Produtor cultural. Organizador da antologia Poesia em Movimento*.
Ato Acão
olho
a chuva levando a dor
e o vento soprando
o choro pro mar
com o fim do silêncio noturno
a lua enchendo
a janela
e se perdendo no espelho
relâmpagos no céu
agitam a noite
escorrem gotas d'água
das calhas entupidas
de lixo
o mendigo embaixo duma sacada
treme e geme e chora
sujo
sempre o mesmo
pálido
soprando uma flauta surda
e notas soltas
enquanto o vento passa
levando tudo
pro mar
Dor
A consciência perdida
banida/ corrida
A boca calada
entupida, aflita
A mão esfolada
aberta, sangrando
e unhas descarnadas, partidas
caídas no asfalto
manchado, marcado de sangue
O corpo cansado, curvado
e o olhar no outro lado da rua
perdido
vazio
Primeiros sinais
sombras
nosso tempo
tormento
nossas idéias
lágrimas
cacos de vidro.
rasgados esmagados
nossos passos
se abrem:
numa canção selvagem
e sangue
*Extraídos de POESIA EM MOVIMENTO – ANTOLOGIA, org. de JORGE SANGLARD. Juiz de Fora, MG: EDUFJF, 2002. 224p.
POESIA... [edição mimeografada]
Uma série de edições do folheto “POESIA” impresso em mimeógrafo. Encontramos doze exemplares em um velho arquivo na biblioteca particular de Antonio Miranda... Foram editados em 1976 e 1977, com 4 a 6 páginas cada um... Nenhuma informação sobre a procedência, nem dos editores... Só encontramos esta
“A sensibilidade poética foi o fio condutor que reuniu, inicialmente, Gilvan P. Ribeiro e o saudoso José Henrique da Cruz (1957 – 2003) na articulação do folheto Poesia, em 1976, já na Universidade Federal de Juiz de Fora, após os sete primeiros exemplares terem sido editados com o apoio do Colégio Magister, em 1975.”
Fonte: https://jornalggn.com.br/
PRIMEIROS SINAIS
sombras
nosso tempo
tormento
nossas ideias
lágrimas
cacos de vidro.
rasgados esmagados
nossos passos
se abrem:
numa canção selvagem
e sangue
JORGE SANGLARD
Página ampliada e republicada em novembro de 2019
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