JORGE GUARDACAMPOS
Nasceu no antigo arraial de Nossa Senhora da Conceição do Amparo da Serra, em MInas Gerais. Autor de peças teatrais, romance e poesia.
De
Jorge Guardacampos
Á FLOR DA PELE
Belo Horizonte: Edições In Vento, 2010. 112 p.
Em fevereiro
Em fevereiro quero outra paixão
Rés-do-chão
Perigosa e sem alma
Uma mulher que arrulhe
Grite bobagens
Predatória e voraz
Encrespe meus pêlos
Com seios lascivos
E deixe que eu coma seu corpo
Como se come castanha
Em noites de Natal
E que os carinhos trocados
Ardam como brasa
Mesmo que depois tudo murche
Como avencas
No calor do verão.
O corpo pérola
para Marli
A terra é fogo
Beirando o além
O poente rubro
As minas prata
A serra azul
Mulher graciosa
Anel de ouro
Na alma
Destratezas
De cortar o coração
Neste lugar
O povo fala
Ser justo é graça
Errado é certo
A regra frouxa
O desejo solto
O corpo pérola
A porta aberta
O vento sopra
O sino toca
Adoidadamente
O coração aperta
A pele ascende
A mulher cede
O amor é branco
E a vida segue.
Carnívoras
Atualmente
Afloram
Umbigos
Afora
Poro a pele
Pele a poro
Pêlos, apelos
Mamas desnudas!
Permanecem (ainda)
Escondidas
Carnívoras (gloriosas)
Aracnídeas vulvas.
Motel Las Vegas
Ela de corpo nu repousa
Ele aprecia com olhos vestidos
Ela se vira lascivamente
Ele febril espera
Ela parece dormir!
Ele sem ar espera
Ela escorre pela cama
Ele a toca: coxas e pêlos
Ela parece morta!
Ele tonteia de fome
Ela está fria!
Ele senta na cama
Ela não se move - dorme!
Ele se toca da falta
Ela dorme, ressoa, com sua boca de fruta
Ele também dorme, ressoa, sem rima alguma.
Página publicada em agosto de 2010
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