JOÃO SALOMÉ QUEIROGA
(1810-1878)
Nasceu em Serro, Minas Gerais em 1810 e faleceu em Ouro Preto, MG, e 1878, poeta, romancista, magistrado, diplomado em Direito. Usou o pseudônimo de O Poeta do Serro. Autor do livro de poemas Canhenho de Poesia brasileiras, 1870.
AH, MAMÃE, QUE PASSARINHO.
Ah! Mamãe, que passarinho
Botou na minha gaiola
Meu belo primo Joãozinho,
Quando eu vinha lá da escola!
Ontem sem ninguém sabe-lo
Saímos do povoado,
Venha cá, me disse, vem vê-lo
Debaixo deste aramado.
Ah! mamãe; que passarinho
Botou na minha gaiola
Meu belo primo Joãozinho,
Quando eu vinha lá da escola!
A APOSTA
Iaiá, me paga a boquinha
Daquela aposta renhida,
Mesmo assim iradazinha,
Assim mesmo constrangida.
Faça seus quindins e arrufos,
De bem muchochos embora,
Contanto que pague a aposta,
E que seja sem demora.
Gosto bem desses prelúdios
De desprezo e de rigor,
Esses laivos de soberba
Requintau mais meu amor
Armar primeiro uma rusga
Antes de fazer carinho,
De amor nos banquetes todos
Foi sempre o melhor pratinho.
Olha que eu falo a verdade,
Não minto nem por brinquedo,
Gosto mais do limão doce
Quando tem seu grumo azedo.
Eu te puxo agora mesmo,
Hás de vir arrebatada,
Se não pagas por vontade
ás de pagar obrigada.
Vem já, Iaiá, vem, diabo,
Com muchocho e carranquinha,
Com raiva, arremesso e tudo,
Vem já pagar-me a boquinha.
(Poema do livro De Canhenho de Poesias Brasileiras, 1870)
Página publicada em novembro de 2019
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