A pessoa mais fascinante
que eu não conheci,
está dentro de mim mesmo
Perdi meu endereço,
não encontro mais com meu “eu”
talvez esteja em alguma esquina,
ou em uma antiga ruína.
Ou em caatingas,
em algum roseiral de minha infância,
numa desesperança de um coração dilacerado...
Quem sabe estive
o tempo inteiro ao meu lado
num barco em mangue seco,
há muito atolado.
Ou em busca de mim mesmo
pelos “eus” livres-soltos
em sonhos e medos
demasiadamente loucos.
Ou na direção torta e turva
duma curva à deriva...
Dentro da mente ativa
viva e atrevida...
Não sei, nem sei se saberei um dia.
Sei que ainda pergunto, dentro e fora
de alguma encantaria de poesia,
ou neste breve adeus, que eu vos dou agora...
II
Então o poeta foi despedir-se do sol
e ao despir-se de tua própria alma,
jogou teu olhar mais intenso ao arrebol
sobrando o momento propenso à calma.
No cair da noite, suscitou a loucura
essa antiga cura de muita caretice
e expurgou os demônios da hipocrisia
recitando em alto e bom tom,
uma nova poesia.
Buscou uma palavra
que exprimisse sua dor no peito
e espremeu de teu espírito,
um dom, um conceito
não viver mais de nenhuma caridade.
Fazendo de tua dignidade uma bandeira,
um estandarte
escrita com teu próprio sangue,
a palavra liberdade!