EM TRÂNSITO
Ela diz “há lento”,
e esse lento sou eu.
Á lentidão sou propenso,
é como um fomento a minha duração.
Não vejo motivos para pressa,
as peças serão as que estão.
Não vejo motivo para pressa
nem preciso dela para a imperfeição.
Os dias também “correm lentos,
contraditória expressão,
como é também contraditório
este transitório coração.
OUTRO AVAL
Pra que tanto dedo em riste?
De que se acusam? Que triste!
Onde a tal fraternidade?
Isso é o desconforto do mundo.
Acho que passamos da idade!)
De serenar, de acabar
com as guerras e todo o furor
belicoso, beligerante.
De delirante só quero o amor!
É melhor, de tal carnificina,
tirar a sina, que é seu mal,
e dar-lhe novo sufixo
e ficarmos fixos no carnaval.
Porque não briga quem celebra,
ou pelo menos o penso em meu canto.
E acabou falar de problemas,
falemos de novo o esperanto!
AGORA
Saí do Português,
o de muitas vogais,
e fui ao latim,
o dos ancestrais.
Perdi-a de “nunca” a “nunc”.
A qualquer momento.
O sol tá lá fora,
ou está a lua
(que também me melhora!)
O poetinha estava certo aaaté:
“Meu tempo é quando!”
e “alea jacta est”.
INCONSTANTE
O tempo está inconstante
como coração de mulher:
chove e me abrigo no carro,
racha o sol e não posso ir a pé.
Nessas horas sofre o pagão,
mais vale a quem tem fé.
Minha fé não tem regras,
regras são coisa de mulher.
A mulher sangre, é certo,
exceto quando fora da idade.
Um dia foi muito cedo,
amanhã será muito tarde.
Então dê asas ao desejo,
enquanto ele ainda lhe arde.
Espraie-se até os herdeiros,
deixe heranças sem calcular-se.
O cálculo atrapalha a vida,
que já mal se filtra,
se ele é renal.
Repito-me:
não fique mola encolhida,
só lhe pode fazer mal.
“hoje eu sei:
Só a mudança é permanente”,
não tem como pensar diferente!
(E ponto final.)