GABRIEL L´ABBATE MELO
Nasceu em Belo Horizonte em 7 de julho de 1987, estudante de Psicologia e linguagem. Dedica-se a estudos transcentais e artes. Publicou em 2010 o livro de poesia “Longínqua constelação” pela Anome Livros.
MELO, Gabriel L´Abbate. Sístole e diástole da emoção. Belo Horizonte: Anome Livros, 2012. 88 p. (Coleção Museu Nacional da Poesia, 4) 15x21 cm. Col. A.M. (EA) ISBN 978-85-98578-69-5 Editores: Wilmar Silva e Regina Mello. Capa e projeto gráfico: Regina Mello. Ilustração da capa: Angelissima De Vries. Ilustrações do miolo: Christina Brunno. Foto do autor: Jane. Col. A.M. (EA)
Diástole
Os grandes são os hinos
os finos são destroços,
há grandes livros finos
e finos livros grossos.
Ouvindo o fogo
Como é linda a cantiga que a fogueira canta!
Enquanto a lenha estala
e o fumo se levanta,
o vento corta a chama e dela um som extrai.
Nisso o pensamento vai e vai e vai...
Versos de um cometa
Meio dia passo,
meia noite espaço
adentro...
a minha circunferência já perdeu seu centro.
Eternamente,
desaguo nesse ermo profundo
e vou sumindo pela noite:
iluminado e imundo.
Dízimo ou conta
Em todo lugar,
por menor que seja,
tem bar, tem igreja
e cada um faz
o que mais lhe apraz,
beber ou rezar.
Versos da morte
Abandona teu lar, o teu sossego,
abandona teus vícios, sem apego.
Abandona o teu Sol, a tua fonte,
e pousa teu olhar sobre o horizonte.
Abandona a família, sem raízes,
crava na alma o abandono feito um prego.
Abandona teus sonhos mais felizes
e tudo o que nasceu junto a teu ego.
Abandona as paixões, os teus prazeres,
abandona o teu ciclo de deveres
e pousa teu olhar sobre altos ares.
Quando o próprio abandono abandonares,
então, num gesto calmo, lento e mudo,
dissolva-te na ação de unir-se a tudo.
MELO, Gabriel L´Abbate. Longínqua constelação. Belo Horizonte: Anome Livros, 2010. 88 p. 15x21 cm. ISBN 978-85- 98378-50-4 Capa e projeto gráfico: Rubens Rangel. Ilustração da capa e miolo: Alain Bisgodofu. Edição:Wilmar Silva. Col. A.M. (EA)
PEREGRINO
E lá fui eu pelas estradas
Solfejando entristecido
Quis ter as dores da vida
Nunca as de não ter vivido
ESPIRAL
A rima é feito faca
Fina leve curta e corta
A fala é feito bala
Reta certa fere e mata
O olhar é feito fogo
Brilha esquenta seca e queima
Os nervos são de aço
Duros densos fortes tensos
A energia é feito água
Expande leva lava enxagua
A força é vendaval
Caminha sempre em espiral
PACTO
A navalha de puro aço
Deslizou num sutil impacto
Sob a lua firmando o laço
De sangue quente foi feito o pacto
Eterno amor jurado
Entre nós dois
Eterno amor sonhado
Sem ter depois
Chave do cadeado
Que une os dois
QUE NADA
Dentro da minha morada
Vejo pouco conteúdo
Assim sem ter muito estudo
Faço uns versos sobre nada
Página publicada em julho de 2012 por indicação de Wilmar Silva. Ampliada e recpublicada em julho de 2013.
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