Home
Sobre Antonio Miranda
Currículo Lattes
Grupo Renovación
Cuatro Tablas
Terra Brasilis
Em Destaque
Textos en Español
Xulio Formoso
Livro de Visitas
Colaboradores
Links Temáticos
Indique esta página
Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


FRANCISCO ALVIM

Francisco Alvim, 1997. Fonte: www.bombsite.com

FRANCISCO ALVIM
(1938-
   )
 

FRANCISCO Soares ALVIM Neto nasceu em Araxá, em Minas Gerais. Diplomata. Seu primeiro livro — Sol dos cegos (ed. do autor) — é de 1968, seguindo-se Passatempo (Rio Frenesi, 1974) e O Corpo fora (São Paulo? Duas Cidades, 1988). Viveu um período em Brasília onde participou de movimentos de poesia marginal, tendo sido o organizador da célebre antologia Águas Emendadas (1977). Os poemas a seguir foram extraídos de Elefante (São Paulo? Companhia das Letras, 2000), poemas da época em que o poeta vivia em Roterdã, na Holanda.
 

“Francisco Alvim é mais oswaldiano do que o próprio Oswald de Andrade. Coloquial, radical, desconcertante... Humor e nonsense...” Antonio Miranda

 

“Francisco Alvim é o poeta da ironia implacável com o lado sombrio, tortuoso e patético da natureza humana. É como se ele fosse um Dalton Trevisan do Lago Norte ou um Freud de Araxá a rastrear as ridicularias, as perfídias, as mesquinharias e as infâmias nossas de cada dia. O método de captação é o de um repórter aparentemente distraído, mas armado de radares extremamente sensíveis para os desejos inconfessáveis, as dissimulações e o teatro da crueldade. // No poema intitulado Argumento, ele simplesmente escreve: “Mas se todos fazem.”. Parece algo de uma trivialidade inominável, mas o fato é que versinhos como esse ficam muito tempo depois da leitura. É o próprio Chico quem fornece a chave para entrar e decifrar a sua poesia: “Quer ver? Ouça”. O retrato que se depreende dos poemas não é dos mais lisonjeiros para a espécie humana.” (...)
 SEVERINO FRANCISCO
, in Crônica da Cidade.  Correio Braziliense, 6 de abril de 2015, p. 24.

 

Fragmento da entrevista "Da margem ao centro da poesia" com Francisco Alvim – prêmios Jabuti 1981 e 1988 — na revista campusreporter, Ano II,  N. 18, 2016, p. 16-21. Edição da Faculdade de Comunicação, Universidade de Brasília.

 

Foto: Bernardo Costa

Como são seus insights?

Veja, outro dia estava caminhando aqui pela rua no Lago Norte [de Brasília, onde o poeta reside ] e ouvi uma pessoa dizendo algo extraordinariamente banal, pelo telefone celular. Aquilo era casual, mas foi dito com uma violência que me reverberar. Se isso tem um sentido poético, eu anoto, inclusive, por isso, comecei a andar com um caderninho nessas caminhadas, para reparar nessas vozes e fazer anotações. Tanto as vozes dos anônimos como as minhas próprias.


TEXTS IN ENGLISH  /   TEXTOS EM ESPAÑOL

 

ALVIM, FranciscoPassatempo.  Rio de Janeiro: Coleção Frenesi, 1974. 82 p.  ilus. 
              autogr.  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

U M - P O E T A - D E - M A N S A R D A  


Alguém tenta inutilmente advertir gritando em azul

que nádegas irónicas se divertem em contemplá-lo

No mar de suplementos literários não lidos —

de onde vez por outra emerge longínqua e espaçada

a voz ou o espelho da voz do imenso poeta —

sobrenada o gesto prosaico do personagem de Arezzo

Os momentos aqui dentro

são bastante iguais aos de lá fora:

o mesmo feltro de angústia

que o escorregadio corredor do tempo

vai deixando na sola dos pés na palma das mãos

daqueles que, como ele, sérias restrições fazem à morte

mas sem ela perderiam certamente

o que todo mundo chama (à falta de algo melhor)

de o encanto da vida

 

 


Briga

Eu vou agüentar

Eu sou mais forte porque

sei que ele é mais fraco

 

Aí ele entrou no banheiro

tomou banho

e saiu de novo pra rua

 

Não se meta na minha vida

enquanto você falar pra eu não fazer

eu faço

 

Quanto mais você fala

mais eu faço

 

Saio daqui todo dia

às onze da noite

 

Não vou bater nele

se eu der um tapa

ele cai

 

Não é justo a gente viver

eternamente se sacrificando

tem uns três anos que estou nessa

dois empregos

já operei do coração

 

Devia ser um exemplo um estímulo

Já vi que não sou

sou a derrota

 

Um dos dois tem que ficar

Quem vai cuidar dos meninos?

Se ele ficar doente

eu fico boa

 

Deus vai me ajudar

vai me dar coragem

 

O povo já fala

o homem da casa sou eu

 

Não deixa ele saber

Ele vai virar bi

Eu não falei nada

 

 

As mãos de Deus

 

Morreu na explosão

Me deixou sozinha

Chovia fazia sol

a gente sempre em casa

As pessoas comentavam

Que vida mais gostosinha

a de vocês

Dei sim, dei tudo

só para ele

Hoje, por grana,

pra todos)

Não roubo, não mato

mesmo assim me pergunto

se não faço algo de

errado

   

 

Irani, manda Gilson embora  

 

Eu mando

Mas êle não vai

   

 

Descartável

 

Vontade de me jogar fora

 

 

Argumento

 

Mas se todos fazem

 

 

Ventura

                                      A Fernando Reis

 

Corro. No deserto

líquidos longes e pertos

 

Palavra do pó, limalha

ranhura do olhar cego

 

O sol com brilho de lua

apaga-se em desmemoria

 

Pedra sedenta o poente

da luz que tudo sente

 

Rasga o ar sua túnica

de seda e romã - este sangue

 

Aventura humana e dura:

 a nenhuma aventura

De
O SOL DOS CEGOS
Rio de Janeiro: 1968

O RITO

Na calçada o rito
se dispõe concreto:
respiro ou aspiro
o hálito discreto
que exalam os mortos
inconfessos

Permanentemente
sobre as avenidas
um grito inaudível —
indício seguro
do terrível equívoco
Porém como ouvi-lo?

Nada nos restringe
nem sequer o grito
tudo se dissolve
nas lindes do rito

(Soletrar os signos
que contém o rito
para destruí-lo
ou reproduzi-lo?)


PAISAGEM

O telefone arqueja sobre a mesa
giram os cataventos na colina
surgem nucas do fundo de gavetas
recobrem-se de relva as piscinas
Minha gravata pelo céu adeja
ao embalo desta brisa vespertina
Diluiu-se no ar a única defesa
interposta entre o canteiro e a usina
Ainda está gravado no lajedo
(rastro de serpente) a queda do irmão
ou um outro gasto travesti do medo
E sobre o casario um astro míope
parece contemplar a sucessão
infinita de enganos que amor move


UM HOMEM

De regresso ao mundo e a meu corpo
As estradas já não anoitecem à sombra de meus gestos
nem meu rastro lhes imprime qualquer destino
Sou a água em cuja pele os astros se detêm
A pedra que conforma o bojo das montanhas
O vôo dos ares

 

De
FRANCISCO ALVIM / ZUCA SARDANA
POEMAS

Introducción y traducción de
Abelardo Sánchez León
 Lima: Centro de Estudios Brasileños, 1978

 

Luz

 

Em cima da cômoda

uma lata, dois jarros, alguns objetos

entre eles três antigas estampas

Na mesa duas toalhas dobradas

uma verde, outra azul

um lençol também dobrado livros chaveiro

Sob o braço esquerdo

um caderno de capa preta

Em frente uma cama

cuja cabeceira abriu-se numa grande fenda

Na parede alguns quadros

 

Um relógio, um copo

 

          De Passatempo (1974)

 

 

Quase aposentado

 

Da janela de meu trabalho

vejo três palmeiras  

Entre elas e eu uma rua estreita

uma lâmina de vidro

um parapeito baixo sobre o qual se amontoam fichas

           catálogos

                                                          embrulhos

As palmeiras talvez tenham a minha idade

Posso dizer-lhes

(como se a mim algum dia houvesse dito)

— Somos moços

vamos ver o que a vida ainda nos reserva

A tarde é uma velha doente, ressentida com o mundo

em cujas veias o sangue tornou-se espesso e difícil

de cujas folhagens escorre uma brisa macilenta

 

====================================================

TEXTS IN ENGLISH

 

Translation>  Antonio Sergio Bessa

From ELEPHANT
Originally published in

bombmagazine.com

 

FRANCISCO ALVIM

Fonte: /www.vila.com.br

 

Open

         for Cacaso

 

Sometimes the gaze follows

the network of light

without any curiosity

any illusion

It goes on in search of time

and time, as always,

emptied of everything

is not far

is here, now

The gaze with no memory

without destiny

arrested

in the air of air

in the light of light—

site?

 

 

Poem

         for Carlos Drummond de Andrade

 

There are many shadows in the world

They blow in the clouds

and in the air they

glitter solitary like topazes—

drops of dimmed light

 

The stars blow wind

Shadows are the wind of stars

 

At the bottom of waters trapped

in ponds and dams

there is a wind of waters—

shadows

 

In the sea

they refract submersed

transient

amidst forests of algae—

shadows of emerged shadows

 

They are made—the shadows—of dark

air

They remember all and nil

 

The flight of shadows

spins around a sonorous

column, the poem—

light from inside

 

Out  

 

No Plot

 

Still

 

In the platform above

 

Between the legs

on the floor

the groceries in a plastic bag  

 

Far from verse, almost prose

No guts

for the always venturesome—

while they last—

flights of passion  

 

Far so far

from humor from irony

from the polymorph voices

sibylline

tattered in the tongue’s

ear

 

Where ground is ground

legs, legs

things, things

and the word, none

There, only the refraction

of an idea

of a thought exhausted

of movement

 

Between two roads

two harbors

(two lagoons)

two illnesses  

 

Sublime virtues of chance

why not take me

from inside

and protect me from the cold outside

from the incessant, unbearable flight of plot?

from choosing?

 

==============================

 

TEXTOS EN ESPAÑOL

FRANCISCO ALVIM

Fonte: http://aguerradasimaginacoes.blogspot.com

De
FRANCISCO ALVIM / ZUCA SARDANA
POEMAS

Introducción y traducción de
Abelardo Sánchez León
 Lima: Centro de Estudios Brasileños, 1978

 

Paisaje

 

El teléfono arquea sobre la mesa

giran las veletas en la colina

surgen nucas del fondo de las gavetas

se recubren de hierba las albercas

Mi corbata revolotea por el cielo

al compás de esta brisa vespertina

Se diluyó en el aire la única defensa

interpuesta entre la huerta y la usina

Todavía está grabada en las lajas

(rastro de serpiente) la caída del hermano

o un otro gastado disfraz del miedo

Y sobre el caserío un astro miope

parece contemplar la sucesión

infinita de engaños que el amor mueve

 

                               De Sol dos cegos

Luz

 

Encima de la cómoda

una lata, dos jarros, algunos objetos

entre ellos tres antiguas estampas.

En la mesa dos toallas dobladas

una verde, otra azul

también una sábana doblada  libras un

llavero

Bajo el brazo izquierdo

un cuaderno de tapa negra

Al frente una cama

 cuya cabecera se abrió en una grieta inmensa

En la pared algunos cuadros

 

Un reloj, un vaso 

 

                             De Passatempo (1974)

 

POESIA SEMPRE – Revista Semestral de Poesia.  ANO 4 – NÚMERO 7 – JULHO 1996.  Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, Ministério da Cultura, Departamento Nacional do Livro, 1996.  Ex. bibl. Antonio Miranda

 

Sol de los ciegos

("Sol dos cegos")

 

 

1.

         En el núcleo del instante
         nada nos ve nada vemos
         no nos explica lo que somos
         lo que seremos
         Materia sin sueños — nítida
         materia — a él nos atenemos

 

2.

Soy astro, no soy estrella
mi calor no irradia —
la llama que me calienta
es fría

 

Soy astro, no soy estrella

mi luz no ilumina —

es lámina con que me desangro

la retina

 

 

Traducción de Abelardo Sánchez León

 

 

 

 

No puedo pensar cada instante de mi vida
en una palabra

No puedo más es lo que me gustaría hacer  

Sé que la vida no me vive para ser escrita

me vive para haber vivido

Sé de eso mas es como si en un lago muy calmo

donde la lluvia cayera mansamente
y en cada círculo en el agua otro (el mismo) lago
donde lloviese

 

 

Traducción de Abelardo Sánchez León

 

 

ASSALTARAM A GRAMÁTICA

Jovens e vivazes, provocadores e inovadores... Alice Ruiz... todos jovenzinhos..., Chacal e Chico Alvim,  Cristina César, Paulo Leminski, Wally Salomão... e outros mais, num video imperdível, memorável, enviado por Edson Cruz, do Sambaquis, que recebeu do Giuseppe Zani, via Ricardo Aleixo, que...  agora passamos adiante.   Vejam e repassem....

 

COMENTÁRIO SOBRE A SUSPENSÃO DO VÍDEO:

Aqui está um bom exemplo da confusão referente à Lei do Direito Autoral no Brasil...  Recebemos este vídeo pela Internet, de um dos personagens do vídeo, pedindo a difusão...

Foi o que fizemos.  A produtora  entrou com um pedido para o reconhecimento de seus direitos autorais. O vídeo não foi publicado em nosso Portal, apenas fizemos um link, a pedido de um dos poetas. A fonte onde está depositado deve ter suspenso a disponibilização do video  até que se resolva a questão. Sem entrar no mérito do recurso da produtora, fica sempre aquela pergunta: em alguma instância os poetas participantes do vídeo vão receber por sua  imagem?  Mas a questão é outra: quando o Brasil vai adotar o FAIR USE, quando a divulgação for sem fins lucrativos, por interesse estritamente cultural? Fica aqui o link cego para representar o dano à cultura. Sem com isso querer contestar o pleito da produtora, cuja decisão cabe à justiça, nos estreitos, estreitíssimos, espaços da lei vigente, que estava em processo final de discussão para ser reformada e que atualmente está de molho... Uma lei só é boa quando for justa para todos.

 

Página ampliada e republicada em janeiro de 2009; ampliada e republicada em fevereiro de 2011.

 

Os poetas Abhay K., Antonio Miranda e Francisco Alvim durante um sarau poético na Embaixada da Índia, Brasília, em julho de 2016.

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Voltar à página do Minas Gerais Voltar ao topo da página

 

 

 
 
 
Home Poetas de A a Z Indique este site Sobre A. Miranda Contato
counter create hit
Envie mensagem a webmaster@antoniomiranda.com.br sobre este site da Web.
Copyright © 2004 Antonio Miranda
 
Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Click aqui Home Contato Página de música Click aqui para pesquisar