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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

EUZA NORONHA

 

 

(Lavras/Minas Gerais, Brasil) Professora que teve seu rumo desviado para a administração cooperativista, para estudos construtivistas e para a constante busca de entender as relações humanas. Usa a palavra como instrumento de autoconhecimento, para estabelecer ligação entre o factual e o ficcional, para pontuar suas crenças, seus sonhos, suas esperanças.

e-mail:euzapn@uol.com.br.

 

 

 

indissolúvel


filete de sangue

sacrilégio
descendo
corroendo e crescendo
no silêncio dos nove meses

(curto-circuito
nos sonhos da menina)

 

: é mãe

e filha do pai

 

 

lua cheia em dois atos


no sertão
a sede emudece a voz
e a lua ilumina a peste
espreitando o golpe final

na rua
a lua brilha matreira
em pupilas dilatadas
pela lâmina do punhal

 

 

calçadão

 

um menino

uma fome

um vazio

 :

uma bomba

prestes a ferir

o silêncio da omissão

 

o derrame

de medo dos passantes

tingindo de vermelho

a brisa caída

 

e a violência

batendo na cara

das camadas de acomodação

 

 

um quase bucolismo

laranjeiras
goiabeiras
mangueiras
e passarinhos
em onomatopéia outonal

frutas no chão
adubando vaidades

nos olhos compridos
do garoto
o catecismo:
a terra é de deus

em algaravia de zumbidos
a cerca vai desmentindo:
é
do

diabo
do
dono

 

 

final

anunciou-se como ave-maria
cantada ao longe
: indefinido

devagar costurou-se às rimas
do poema

: subentendido

enfim
esculpiu-se na falta de poesia
: envilecido

 

 

passagem

 

o plano inclinado

onde derrapou nossa vida

jogou-nos cansados

indigentes

e separados

no abismo da estranheza

 

de tudo que vivemos

ficou este silêncio

que passeia

ingente

por paisagens

que os anos não adoçaram

 

mas há sempre

novos dias:

já escuto a algazarra

de passarinhos

balançando a alegria

 

de inclinado

só restará o galho

na memória das sementes

 

de silêncio

apenas o intervalo

entre bemóis e sustenidos

 

 

 

em redefinição

para Ser
preciso aceitar
impotências e calmarias
tempestades e girassóis
promessas e muralhas

para Ser
preciso enxergar
ratos e miragens
entranhas e oitavas
camélias e adagas

para Ser
preciso antes
me perder
e em novos
espelhos
me reconhecer

 

 

revoada

contrariando
o tempo
que salga
areia
apassarinho-me

estilhaço ovo
e desafio vento
a sustentar
meu vôo

(se o hoje
é meu caminho
invento a revoada)

 

 

fuga


pedem para eu ir
quero voltar

ou nem isso

quero fugir das amarras

de onipresença
e embarcar olhos

na polissemia da língua

enrabichar coração

numa laçada sem nó
e embrulhar a vontade

num rio de preguiça

só não quero ter
que ir
que vir
que ser

 

 

nova ordem

 

 quando a vida

(que se supunha

porta de saída)

vira boca de túnel

e a luz

(que se supunha

feérica)

apaga o caminho

foge-se do real

foge-se do palpável

foge-se de si mesmo

 

mas os pés

um dia cobram

o chão

 

é quando

o olhar se alonga

e reconhece-se

(no outro lado do espelho)

não o eterno

nem o divino

mas o humano

 

então inicia-se

o imenso

e necessário trabalho

de crescer um pouco mais

e em cada movimento

não sabido

 

 

descobre-se

a veia que pulsa

rigorosamente viva

 

é tempo

de acordar o ar

ainda não respirado

 

e caminhar

 

 

além da etern(a)idade

acima dos meus atos falhos
quero fazer pairar
a minha envelhescência

um ato de subjetivação
que me tornará sujeito
do correr das horas
que me fará significante
no encontro-desencontro
da alma que dança
do corpo que cansa

acima do desejo de etern(a)idade
quero pairar
envelhescente

e tecer
levemente
as tramas do tempo

 

 

profissão: musa

queima
todos os dias
nas fagulhas
dos desejos
que provoca
no poeta

e dorme
todos os sonos
com os açoites
da paixão
que nunca sai
do poema

 

 

 

Página publicada em janeiro de 2009, preparada e enviada por Cassio Amaral.



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