ÊNIO POETA
Poeta, compositor e intérprete. Natural de Almenara, Minas Gerais e residente em Belo Horizonte, desde o início da década de 80. Integrou o grupo de poetas alternativos de BH, publicando seus trabalhos em formato de pôster-poemas e divulgando de bar em bar. Livros: Cercanias – Labor & Dor, com o poeta Marcos Gobira e Criaturas do Carbono, em edições do autor.
NÓS DA POESIA. – volume 2. Org. Brenda Marques Pena. São Paulo: All Print, 2009. 119 p. Ex. bibl. Antonio Miranda
Caminhos obtusos
Criaturas aturdidas
tropeçam na arrogância tecnocrata
esculpida no catarro dos hipócritas
que trafegam mentes insanas
em verborragia.
Cobras e lacraias
rastejam neurônios indigentes
apodrecendo na solidão das horas.
Não há clave de sol
que faça brilho
somente chagas latentes
nos húmus dos monturos.
De ruas e luas
Depois da esquina
uma rua — uma lua
Ao longo da rua
deleitam prazeres mesquinhos
enquanto os indigentes dormitam
na solidão dos espinhos
Sob a lua dobram-se os sinos
prostitutas e meninos
Depois da esquina...
Panorama
vagueiam lobos pardos
de mandíbulas carmim
sob um céu cinza
e placas de neon
mariposas loucas
buscam o azul
e os pirilampos anunciam
malefícios da vida
nos muros
dos quintais
Quando cai a noite
A noite
cobre a cidade
tranquilamente.
Avança
e os poetas comungam a lua
feitas de hóstia.
Na calada da noite
do operário devoram o seu salário
e cai a cotação do homem.
Evolução
Sobre o tapete negro
a fadiga denuncia a evolução.
Amanhece um gosto de sangue
nas bocas inocentes.
Nuvens esparsas...
Tardes cinzentas
em pleno verão.
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Página publicada em dezembro de 2020
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