POESIA MINEIRA
diOli
David Willian de Oliveira (diOli), nasceu em Divinópolis-MG e é engenheiro e poeta. Ou o contrário.
Veja também POEMA VISUAL BICARBONATO DE ÓDIO
a.n.t.r.o.p.o.f.o.r.g.i.a
não adianta
o pobre planta
o rico o janta
Anjo na terra dorme no céu
Já era noite, madrugada afora,
Anjos cintilavam pequenos brados,
E nossos corpos juntos, colados,
Ouvindo a chuva, naquela hora.
A gente dentro, a chuva de fora,
Por baixo da janela, entrelaçados,
Sentíamos a brisa, extasiados,
Com gosto de noite, orvalho, flora.
Ah!... seu corpo colado ao meu,
Macilento, extasiante, suave,
Nu! e ainda coberto por divino véu.
Parecia um sonho, o que aconteceu:
Era um anjo, uma ode, uma clave,
Caído na terra... dormindo no céu.
eis
a
cidade-brevidade
com suas ruas,
faróis e alma nenhuma.
dorme a cidade
nua
toda nossa.
cobre-se de sonhos
muitos
e tantos outros
ainda sem !
eis
a
cidade-brevidade
onde reis
governam espelhos
onde o céu
não se sabe onde
chora estrelas
é verdade
:
onde se come amor
e arrota sexo
(sem que o namorado
espere não ter alguem por perto
para por as mãos na namorada).
eis
a
cidade-brevidade
com ônibus lotados
de indiferença
com luzes malacesas
intermitentes
brilham-choram-brilham
eis!
cidade-brevidade
de homens fortes
fingindo serem fracos
e de homens fracos
sendo mais fracos ainda
a cidade dormindo
é poesia acordando
calada...
a cidade não acontece
ela é
SOZINHO NA NOITE
Aos amigos Solano, Sávio e Tadashi
Parte I
Quando eu levantei, já às horas,
pairava no escuro céu,
névoa branca e fininha,
um obscuro branco véu,
de coisa que vinha, que vinha.
Quem está aí? Porque choras?
Açoitei com palavras o escuro
e ele respondeu-me com rouca
voz, sombrio canto, mal agouro:
“- Acalma-te, a noite é pouca, é pouca.”
Mostra-me a cara! Porque demoras!?
(tentei maquiar meu desespero)
Minha mente está pra ficar louca!
(Gritei). Disse ele, (sem eu vê-lo):
“- Acalma-te, a noite é pouca... é pouca...”
Vamos! Apareça! Como enrolas!
Dei dois passos para frente,
acendi uma vela... PÁRA!
O quarto vazio, absolutamente...
Na parede o espelho, nele minha cara!
Parte II (Alguns anos mais tarde...)
Não tenho medo de nada mais!
A incredulidade em si me basta!
Não existe desespero ou ais
que por si só não se desgasta.
De tanto sofrer, de agonizar tanto,
surgiu-se-me um manto obscuro.
Pois é Ele, que cobre meu pranto,
e por nada neste mundo eu juro.
(Sagrado manto, Eterno, Benevolente,
valioso véu, Santíssimo, Jóia Rara,
da infinda mágoa, o íntimo existente!)
Como o dia, esse tempo que não pára,
acordei-me com o manto, de repente,
para sempre, grudado em minha cara.
diOli
GELO NO WISK
POEMA ESCANDALOSO
Deu no jornal:
- O cú é a preferência nacional!
maioria conservadora,
aterrorizada mete o pau.
Página publicada em março de 2008 |