DANTAS MOTA
José Franklin Massena de Dantas Mota (1913-1974), nasceu em Carvalhos, na época município de Aiuruoca, no sul de Minas. Formou-se em 1938 na Faculdade de Direito da Universidade de Minas Gerais e exerceu a advocacia tanto em sua região natal como no Vale do Paraíba. Viveu sempre em Aiuruoca, mas mantinha contato com escritores no Rio, São Paulo e Belo Horizonte.
TEXTOS EM PORTUGUÊS - TEXTOS EM FRANCÊS
Veja também: POEMAS EM ITALIANO (tradução)
A GERARDO
[ a Gerardo Mello Mourão ]
“Maio de 1967, noite de lua cheia, quintal de Ayuruoca, país das Gerais saudações,
muito saudar !
Cantor de além dessas montanhas e quintais:
abrem-se as águas do Mar Vermelho, pisam
o chão molhado tuas alpercatas secas, de couro e poeira
do país dos Mourões
atravessas, courudo e empoeirado as ondas
de volta do êxodo
agora te chamas de novo por teu nome, Gerardo - Gerardo
conversa a conversa do abismo
com Isaías, Jeremias, Habacuc e Amós, digamos, e os outros
a noite da Mantiqueira ensinou-lhes a língua
e falam Troias, Saléns, Jerusaléns, Beléns e Lácios
O Inferno, o Paraiso, o Purgatório nos quintais
de Ayuruoca e Ipueiras
chega o cheiro bom do suor dos cavalos
os cavalos amarrados à porta espumam no chão doméstico
se aliviam de selas, relhos, loros e estribos
pendurados na sala
galopam agora os padres de pedra-sabão com seus barretes judeus,
as túnicas arregaçadas
por estradas de barro e ventos de ontem
uns na garupa, outros na brida
Homero às ondas os bois do mar
aboiamos, Gerardo teu aboio
aos bois das nuvens serranas.
Aboiaste o primeiro aboio e o último aboio
que aboio aqui aos bois da aurora e aos bois da noite
daqui ao vale de Josafá por onde aboia também o teu aboio o Dante
na língua antiga e nova, que aprendeste e ensinas.
CANÇÃO DO EXÍLIO
Alma,
Pássaro solitário,
Como é difícil abranger-te!
Nem sei como defender-te,
Incomensurável que és.
Num só crepúsculo,
Passeias todas as paisagens,
Visitas todas as terras,
E te recolhes triste
À morada que te serve
De cárcere...
De Planície dos Mortos (1945)
CANÇÃO DA CASA VAZIA
I
O tempo parou e frio, lá fora,
é o sol das almas.
Verdadeiramente falando, este não é um tempo de...
preparação. Antes,
de quaresma e envelhecimento.
Exemplos: da cal nas paredes,
da moldura nos retratos,
das cadeiras nas salas,
do verniz nos móveis,
das construções nos prazos antigos,
da chuva nas calhas,
até mesmo da dor no corpo morrendo
Março Março Março: Pai,
olha, lá fora, como o vento do outono
brinca com as roupas nos varais!
II
O sol ainda não esquentou de vez, Pai,
Porém, se o sol se esquentar de vez,
As quaresmas lá fora se salientarão tanto,
Que a gente sentirá a tristeza da agonia,
A despedida da Terra.
Principalmente, Pai,
Se as cigarras derem de cantar.
De Esparsos
SOBRE O RIO DO TEMPO
Porque o São Francisco, Francisco de meu destino,
Não mais florirá sobre as suas altas e competentes margens,
Fugindo vou desta terra em mandacarus plantada.
Porque um dia vi-te. Rio, entre as franças de Pirapora,
Quando mais a sombra da noite pesava os galos
Cantando em Santa Luzia, Luzia do Rio das Velhas,
E as igrejas, como fantasma branco do seu seio saindo,
Mais se esgueiravam ao vento frio nos coqueirais da praça.
Vinha eu dos chapadões de Peter Lund,
Nos desertos de Curve Io e nas águas que para o norte iam
Nem remos descansei, se nem lágrimas chorei,
Pelas flores de ferro que cresciam nos montes ralos.
Que solidão de peixes, meu Deus, exilados e mediterrâneos,
Brotando das quase algas de uma insegura botânica,
Junto às margens insensíveis a um ferro de nenhuma valia.
E ao sol de outubro feio, mas de dezembro tão perto,
Vicejaram as doudas criciúmas que enchiam de sepulturas
O triste País dentro de um tempo em que morrerei.
Minha geometria não tem páginas. Preferiria
Tanger figuras que o Rio, na sua arte gótica,
De tradição informasse. Em contraposição,
Os profetas, no adro, e na igreja, a nada me ajudam,
Se apenas assistem às romarias que só esperam milagres.
Que poderei fazer, contudo. Santo? Rio?
Não vês que, habitante destas terras calcinadas,
Também nestes andrajos, nestas muletas, nesta cegueira,
Me infiltro como anjo manco pedir pra meu pai?
As muletas se erguem neste acampamento de lua enferma,
Buscando um céu, uma estrela tão distantes!
Entanto os campos estão ausentes de vegetação,
Devassaras. Das terras, morrendo, nenhum sustento.
Cada vez, porém, que a dor e a fome apiedado excitam,
E os montes fenecem, as urucainas renascem.
Sobre elas os homens vão plantando pernas secas,
Rebeliões transferidas... sofrimentos
Sem dinheiro medrando ao desamparo.
Creio, sobretudo, nos santos
E na possibilidade dos desertos.
Mas eu me posto no alto da montanha,
E das Cercanias do Cedro onde uma lua quente
De fragílimos cemitérios habita,
Em verdade, o Rio das Velhas eu vi, para onde não sei.
Cuidei que além deles e de retratos menos hostis,
Existissem os campos do Sul,
A tímida ribeira, o doce lagar... Mas eram nomes
Que se temperavam à flor e à solidão doutras uvas,
Doutras j anelas menos mortas, com namorados ainda,
E onde, por fim, outros gerânios subissem
E lá dentro das salas aiuruocanas de sofá e couro,
Morassem os documentos, o legado e a terça injustos,
Dês que justos e bastantes seriam a echarpe,
O pince-nez, as cardas e as rocas de fiar.
Porque também com a terra morrido tenho, Maria,
Como essas aldeias brancas
Que morrem atrás dos sítios, no citado Cedro.
Já nesta quadra do tempo as sesmarias engoliram
O pequeno «alquêr», a moringa d'água, a mesa limpa
Alimpando de reservas, na canastra, o derradeiro tostão,
Sem padre de clavinote, Vïrgolino Ferreira Lampião.
As próprias árvores não residem mais neste País.
De tudo restaram apenas algumas madeiras de lei,
Desamparadas à noite às estrelas que lhe são fiéis,
Marcando-lhes as léguas na sua desventurada distância.
OS CREPÚSCULOS DO FENO E A PERDA REAL
DO DOM DAS PROFECIAS
Ora, toda unidade é estéril e iodo mistério, terrível.
E me fizestes uno, misterioso e triste,
não segundo minha paisagem interior, de pobreza,
que estava certa, mas conforme vossa jurisdição,
que ia desde Paracatu do Príncipe,
no País das Gerais,
até Olinda e Recife, no País de Pernambuco!
Todavia, a terra, insueta e desvivida, igualada em seca, mistério,
unidade, tudo, já agora sem lua de céu, nem garça de rio,
idêntica nos andrajos, e das escrituras coetânea,
nem é uma só, nem uma só a vida que nela principia.
Porque, tal como afazia outrora,
continuo me adentrando pelos desertos de Pirapora,
onde sim, outrora, o algodão e o trigo,
porque era num tempo em que também fui Nilo.
E de fato minhas margens se aclaravam,
minhas estrelas pelas montanhas se alcanceavam,
porque também era num tempo
em que havia manhãs e crepúsculos no meu reino.
Dês que, porém, puseram mistério onde não sou,
de Francisco então o nome apenas sei,
e minha pobreza em miséria se transformou.
Porque os homens, inchando-se de vaidade, ciência e sestércio,
perderam o dom das profecias,
o qual, guiando barcos e lendas,
carreava ao mundo e à lida
os cereais e os crepúsculos de sua imensa sabedoria.
VIUVEZ DO SERTÃO COM O JEJUM
DAS QUATRO ESTAÇÕES
Sempre dividi em duas a noite do meu reino :
A do inverno de São João, alegre e branca e plena,
E a de dezembro falho, dos natais que não tive,
Dos natais que não terei, se do ano dois meses
Apenas conheço - outubro e março -
Pois se num nascido sou, noutro morrido tenho.
Quanto ao restante, que em número de dez- deverá ser,
A terra batida de incompreensões e tristezas,
Onde, ao calor das quadragésimas, vivo de jejuar,
A espera doutros conselheiros e doutros lampiões.
Mas nenhum Lampião renasce e é pena!
Viúvo de gente que nas minhas margens rareia,
Quem, de novo, ousaria tomar do meu clavinote,
E, outra vez, fazer florir, no sertão,
Aquela mesma e douda e livre sociedade que criei,
E, daí com outro Canudos, outra república surdisse?
Quem, retroagindo no tempo fecundo e criador,
Pudesse dar-me aquelas quadras felizes
De violência e pobreza com que vos redargui?
Quem por esta via smarrita, subindo,
como se descendo, infernado fosse?
As figuras, geométricas, de reações nenhumas,
Eu as não criei, mas vós em polígonos convertidos.
Tanto que os juncos das lagoas soverteram
E em diamante e oiro transformados/oram.
E sem solstícios, singularizadas ficaram as estações,
Nesta paisagem de lua seca e palmeira só,
Indo. com canções de exílio,, mas sem recortes de sabiás
Nem'sei mais se os pássaros emigraram pm Sul.
Somente sei que as juremas vão morrer.
Imagem extraída de
DIAS-PINO, Wlademir. A lisa escolha do carinho (Rio de Janeiro: Edição Europa, s.d.
20,5x20,5 cm. 33 f. ilustradas (Coleção Enciclopédia Visual). Inclui versos de
poetas brasileiros
TEXTES EN FRANÇAIS
DANTAS MOTA
MOTA, Dantas [Mota, José Frankiin Massena de Dantas (1913-1974) Dantas Mota est né à Carvalhos, dans le Minas Gérais en 1913. Dès son premier recueil, qu'il reniera, Surupango : rythmes cabochs (1932), le tellurisme de sa poésie s´ affirme. Il publie après guerre Plaine des morts (1945), et, l'année suivante, Elégies du pays des Geraes, recriçils dont le Brésil profond est l'âme. Il réunira son œuvre poétique complète sous ce titre en 1961. Plusieurs écrivains, dont Mario de Andrade, et Sérgio Millet, le plaçaient au nombre des grands poètes brésiliens, Drummond de Andrade allant jusqu'à écrire que le plus grand poète du Minas, ce n'était pas lui, mais Dantas Mota. Il fut aussi un avocat combatif, ayant pour réputation de ne .perdre aucune cause. (M. de C.)
Fonte: La POÉSIE DU BRÉSIL du XVIe au XXe siècle. Choisx & présentation de Max de Carvalho. Anthologie traduite par Max de Carvalho em colaboration avec Magali de Carvalho & Françoise Beaucamp & avec la participation d`Ariane Witrowsky, Isabel Meyrelles, Inês Oseki-Dépré, Patrick Qyuillier & Michel Raudel. Édition bilíngue. Paris: Éditions Chandeigne, 2012. 1511 p. 15,5x22,5 cm. capa dura. Table des mettières (resumé): Les Immémoriauz (Trois mythes des Indiens du
Xingu), Chants e charmes d´amour indiens, Deux chants de manas; origines;
arcadisme; Pré-romantiques; Romantiques; Parnassiens & symbolistes; Pré-
modernistes; Modernes. N. 05 920
SUR LE FLEUVE DU TEMPS
Parce que Saint François, François patron de mon destin,
Ne fleurira plus jamais sur ses rives hautes et compétentes,
Je m'en vais fuir cette terre plantée de cactus.
Parce qu'un jour je t'ai vu, Rio, entre les crêtes de Pirapora,
Lorsque l'ombre des nuits pesait au plus fort sur les coqs
Chantant à Santa Luzia, la Luzia du Rio das Velhas,
Et que les églises, jaillissant en fantômes blancs de son sein
Se dressaient plus haut sous le vent froid au milieu des cocotiers sur
[les places.
Moi je venais des hauts plateaux de Péter Lund,
Dans les déserts de Curvelo et dans les eaux qui suivaient vers le
[nord
Je n'ai jamais levé le pied, si je n'ai pas versé un pleur,
A travers les fleurs d'acier qui poussaient sur les mornes bas.
Quelle solitude de poissons, mon Dieu, exilés et méditerranéens,
Jaillissant des quasi algues d'une botanique incertaine,
Près des rives insensibles à un acier sans la moindre valeur.
Et sous l'affreux soleil d'octobre, si semblable à décembre,
S'épanouirent les criciumas en folie qui remplissaient de sépultures
Ce Pays triste pris dans un temps où je mourrai.
Ma géométrie n'a pas de page. J'aimerais mieux
Poursuivre des figures à quoi Rio, dans son art gothique,
Conférerait des formes de tradition. En contrepartie,
Les prophètes, au tombeau, et à l'église, ne m'aident-en rien
S'ils ne font qu'assister à des processions qui n'ont que le miracle
[pour espoir.
Que pourrai-je, malgré tout, faire, ô Saint? 0 Rio?
Ne vois-tu pas que, habitant de ces terres calcinées,
Dans ces guenilles, dans ces béquilles, dans cette cécité,
Je m'infiltre comme un ange boiteux afin de mendier pour mon père?
Les béquilles se dressent dans ce campement de lune infirme,
En quête d'un ciel, d'un astre si lointains!
Et pourtant la campagne est privée de végétation,
D'oiseaux. Des terres, qui se meurent, nul soutien.
Chaque fois, cependant, que douleur et faim excitent la pitié
Et que les mornes se dessèchent, les urucainas renaissent.
Sur elles les hommes viennent planter des jambes sèches,
Des rébellions transmises... des souffrances
Sans argent s'enflant par temps de désarroi.
Je crois, sur toute chose, aux saints
Et en la possibilité des déserts.
Mais je viens me poster en haut de la montagne,
Et des Cercanias do Cedro où une lune chaude
Vient habiter en de fragilissimes cimetières,
En vérité, j'ai vu Rio das Velhas, oui, je laisyu,où cela je-ne sais.
J'ai veillé à ce qu'au-delà d'eux et de descriptions moins hostiles
Puissent exister les étendues du Sud,
Le rivage timide, le doux moulin à vent... Mais c'étaient là des noms
Qui s'émoussaient à la surface d'autres fruits et de leur solitude,
D'autres fenêtres moins mortes, dotées encore d'amoureux,
En lesquelles, enfin, d'autres géraniums pouvaient grimper.
Et là, à Aiuruoca, en des salles à fauteuils et de cuir,
Devaient demeurer les documents, l'héritage et l'impôt injustes,
Puisque justes et suffisants auraient été le foulard,
Le pince-nez, les démêloirs et le rouet.
Car je suis bel et bien avec la terre mort, Marie,
Avec ces villages tout blancs
Qui meurent derrière les chantiers, à Cedro déjà nommé.
Déjà dans ce terrain du temps les cadastres ont englouti
Le petit boisseau, le moringa d'eau, la table rase
Nettoyant la réserve, dans le panier, du dernier sou,
Sans le père au tromblon, Virgolino Ferreira Lampião.
Même les arbres n'ont plus de résidence en ce Pays.
Il n'est resté rien que quelques armatures de bois dur,
Abandonnées la nuit sous les étoiles qui leur sont fidèles
Et qui marquent les lieues dans leur infortuné lointain.
LES CRÉPUSCULES DU FOIN ET LA PERTE RÉELLE
DU DON DE PROPHÉTIE
Eh bien, toute unité est stérile et tout mystère, terrible.
Or donc vous m'avez fait un seul, mystérieux et triste,
non pas selon mon paysage intérieur, tout pauvreté,
qui était juste, mais conformément à votre juridiction,
qui s'étendait depuis Paracatu do Principe,
au Pays des Minas Gérais,
jusqu'à Olinda et Récite, au Pays de Pernambouc.
Toutefois, la terre, gaste et dépeuplée, égale en sécheresse, mystère,
unité, tout, désormais dépourvue de lune dans le ciel, d'aigrette
[dans le fleuve,
identique dans ses guenilles, aussi vieille que ses traités,
n'est pas une seule, ni une seule la vie qui en elle commence.
C'est qu'à l'instar de ce qu'autrefois je faisais,
je me perpétue pénétrant les déserts de Pirapora,
où autrefois, de fait, il y eut le coton, le blé,
parce qu'en ce temps-là moi aussi je fus Nil.
Mes rives, en vérité, allaient s'éclaircissant,
par les montagnes mes étoiles s'atteignaient,
parce qu'en ce temps-là
mon régne connaissait matins et .crépuscules.
Mais dès lors qu´on amis du mystère où je nesuis pas,
de François je n'ai su adésormaisque le nom,
alors ma pauvreté s'est changée en misère.
C'est que les hommes, se gonflant de vanité, de science et de
[sesterces,
ont bel et bien perdu le don de prophétie,
ce don-là qui, guidant et bateaux et légendes,
acheminait au monde et au labeur les moissons et lueurs de sa
[sagesse immense.
VIDUITÉ DU SERTÂO DANS LE JEÛNE
DES QUATRE SAISONS
Toujours j'ai partagé en deuxlàriuit de mon royaume :
Celle de la Saint-Jean d'hiver', joyeuse, pleine et blanche,
Et celle de décembre failli, de mes noëls manques,
Noëls que je n'aurai jamais, s'il nest dans toute l'année
Que deux mois que je sache - octobre et mars -
Parce que l'un ma vu naître et! autre mourir.
Pour les quelque dix mois, sauf erreur,
Reste la terre battue des mécomptes et des peines,
La chaleur des carêmes où je subsiste déjeunes,
En attendant d'autres conseillers, d'autres lampions.
Mais aucun Lampion2 hélas ne ressuscite!
Veuf de populations devenues rares sur mes rives,
qui oserait à nouveau m'emprunter ma carabine,
pour faire une fois* encore fleurir dans le sertão
cette même folle et libre société que j'ai produite,
et d'où resurgirait, avec d'autres Canudos, une autre républiques?
Qui, agissant à rebours sur le temps créateur, fécond,
me rendra pour votre accusation ces temps bénis
de violence et dé'misère?
Qui, gravissant cette via smarrita
dévalerait une pente damnée?
Ce n'est pas moi qui suscitais ces figures, géométriques,
de réaction nulle, mais vous, devenus polygones.
Si bien qu'engloutis les joncs lacustres
se sont changés en or et en diamants.
Et sans solstices, les saisons sont demeurées distinctes
dans ce paysage de lune sèche et de palmier solitaire
où il y avait encore des chants d'exil, mais plus de refrains de sabiás;
je ne sais même plus si les oiseaux sont partis vers le sud.
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TEXTO EM ITALIANO
DANTAS MOTA
Extraído de:
CHIOCCHIO, Anton Angelo. Poesia post-modernista in Brasile. Roma: dell´Arco, s.d. 40 p. ilus. 12x17,5 cm. “ Anton Angelo Chiocchio “ Ex. bibl. Antonio Miranda
CANZONE
Dell'anno i mesi sono due. Maria:
Ottobre e Marzo; ciò che resta è solo
Pioggia, Maria; è pioggia, pioggia appena.
Gli altri mesi — seppure mesi sono —
Disciplinati, io li vedo, e brevi,
Come montagne in cruento crepuscolo.
E se oltre Marzo e Ottobre, un altro mese
Esistesse, Maria, be' questo allora
Non potrebbe che essere Dicembre
Dietro il cui segno, tormentato, dorme
II mio tumulo agreste, arso ed enorme.
Certo, alla nascita un dì tornerò,
Che, se son nato nel mese di Marzo,
Sicuramente a Ottobre morirò.
E non quando i miei ispidi capelli
Canuti si faran precocemente.
Dell'anno i mesi sono due. Maria:
Ottobre e Marzo; ciò che resta è solo
Pioggia, Maria; è pioggia, pioggia appena.
Página publicada em agosto de 2012; ampliada e republicada em dezembro de 2014. |