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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

CARLOS HENRIQUE DE SALDANHA

 

Nome ar­tístico de Carlos Henrique Fernandes de Saldanha e Lo­pes. Mineiro de Dores de Campos, no Vale do Rio das Mortes, nasceu aos 08.05.58. Reside em Juiz de Fora desde menino e aqui fez seus estudos, licenciando-se em Filosofia, pela UFJF. Realizou cursos de extensão, não só nessa área, como em Artes, Educação e História. É aca­démico de Ciências das Religiões e de Pedagogia, em nossa Universidade. Pertence ao quadro da Sociedade Brasileira de Educação e é membro da Diretoria de en­tidades, como a Sociedade Filarmónica de Juiz de Fora, Teatro Experimental de ópera e Associação de Cultura Luso-Brasileira, da qual é o Vice-Presidente. Ocupa o cargo de Coordenador do Patrimônio Histórico da Fun­dação Cultural Alfredo Ferreira Lage — FUNALFA.

Jovem ainda, mas, com apurada sensibilidade para a música, o canto e as artes plásticas, sua vocação poé­tica, há pouco desperta, mostra-se de inegável força.

 

 

ENCONTRO 55 (Coletânea de Poetas da Associação de Cultura Luso-Brasileira).  Seleção e introdução de MÁRCIO ALMEIDA. Capa e ilustrações de CEZAR GUEDES.  Juiz de Fora, MG: Associação de Cultura Luso-Brasileira, 1980.  204 p.   14 x 21 cm.  Ex. bibl. Antonio Miranda.

 

Reúne 25 anos de atividade da ACLB e ressalta a renovação que estava acontecendo com a poesia de Minas Gerais em particular e do Brasil em geral.
Aqui vamos divulgar alguns poetas que ainda não figuram no nosso Portal de Poesia — no momento já incluímos mais de 7.000, mais da metade de brasileiros. E edição reitera a questão dos “Direitos autorais reservados”, mas esperamos contar com a aprovação de nossa iniciativa de divulgar alguns poetas da coletânea, 40 anos depois da edição (de 1980).

Como o livro “Encontro 5” inclui vários poemas de cada poeta, aqui apresentamos apenas 3 ou 4 de cada um, dependendo da extensão dos textos. Os interessados poderão continuar a leitura no volume original, certamente disponível em algumas bibliotecas e livrarias, inclusive sebos, se estiver interessado (e com sorte!)


 

 

         E X E R C Í C I O S

      1

O ácido atávico
do tempo
não consumiu
minha vontade.

Dores de ontem
perseveram
a casa eu e
a decadência
(borboletas voam).

No trajeto
lápides inertes
nomeando mortos
em minha
varanda
não tenho varanda)
disponível.

Vivo plácidos passos
no paço adormecidos de Passavantes
sem notícias do alvorecer
impedimentos crepusculares
tingem momentos de cal.

 

        Faltam-me poesia.

Por viver
estou só
no amanhã que não virá
só com as flamas
e transformados desejos.
E O LAGO?

 

 

        2

Renuncio
a aparências
entrego-me ao corpo
do amor.

Tudo passará.

 

        A solidão é
envolvente demais.


3

Nas paredes da escada
não importa o tema
— Frágeis os tons

Renuncio às cinzas
das almas sem vida.
(De medo me embriago)

Anseio notícias
dos sons
do pó
dos sonhos
dos ossos
imortalizados
Afogado em crepúsculos
parnasiano irrecuperável
perecível

4

Na vertigem do espaço
caminhos abertos aos poetas

Verbo de forte sentido
inconfessável
ao se se manifesta

Nuvens
do próprio nome
palavras arriscando
concreta poesia

Nas vísceras vermelhas
tornando vivo
o cenário de gritos

— Essencial a libertação.


5

Eflúvios transportam-me
à Pompeia sepultada
(cinzas benéficas)

Protegido pelos
campos de Blau
pele sobre pele.
— Que aconteça o amanhecer.

 

 

        6

Não sou poeta.
Vivo momentos espontâneos
de lívida construção.
Poesia aflora
às carnes
tisnando meus dias

Inserido no cenário
artifício de dormência
me apavoro
— Mergulho em campos metálicos

Procuro o mundo poético
que jaz na preguiça
do espírito efervescente.


7

Ao norte de caves frias
norteio meus gritos

Neste de inconformação
tenho sede
nos verdes concretos
procuro a identidade
na inconsequência da nevasca
do ontem
do hoje que permanece
augurando perversidades

O sol
será responsável
pelo canto do cisne.\

 

 

        8

Transferindo violências
sujei as mãos de tinta
desejando
cores eternas
fragmentos de vitralidade serena
sonorizando
o calcário momento
dos alvos lençóis da madrugada.


9

Visto a mortalha
da fantasia

Desejo olvidando
anseios
belo corpo incansável

Buscarei verdades
das conquistas plenas

Aspiro ao eterno

Suportarei a luz do supremo
(reflexos do belo)

Silêncio.
Quando ressonarem metais
trasmigrarei.


10

Trezentos e sessenta e cinco
pares de sapatos
coloridos símbolos
— É  a guerra!

Amanhã
envolvido
em cambraias
e sussurros
outro recepcionará
decepções à mesa
Prataria armazenada nas lacas
do tempo

Templo oriental
— Mórbidos desejos.

 

 

 

 

Página publicada em janeiro de 2020

 

 



 

 

 

 

 

 

 
 
 
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