CACO PONTES
Caco Pontes é poeta, ator e produtor. Integra o Coletivo Poesia Maloqueirista, onde é editor da Revista Não Funciona (que já está no quarto ano de publicação), com incentivo do Programa VAI, da Sec.Municipal de Cultura de SP, pelo 2o.ano, além de produzir os eventos C.A.I-MAL (Centro de Ação In-formal), Interferência Modulada e compôr a banda Experimento Prosótypo.
Publicou de forma artesanal a Trilogia da sociedade vertical entre 2004 e 2006 e prepara o lançamento de seu primeiro livro oficial, intitulado "O incrível acordo entre o silêncio e o alterego", previsto para agosto deste ano. Já teve poema publicado na Revista Lasanha (eletrônica), além de ser convidado a participar da Antologia S.M, organizada por Glauco Mattoso e Antônio Vicente S. Pietroforte. Também foi requisitado por Rodolfo Garcia Vasquez, diretor da Cia. dos Sátyros, a escrever uma peça teatral (Passagem para) de tema social, para projeto desenvolvido no recém-terminado Festival de Teatro de Curitiba, ao lado de nomes como Marici Salomão (Revista Bravo!), entre outros.
Dirigiu o documentário "Um poe-ma", sobre escritores marginais contemporâneos, produziu o curta-metragem "ALMA I", inspirado em obra de Oswald de Andrade e participou do longa "Cegueira", de Fernando Meirelles. Atualmente integra o elenco de duas montagens teatrais, sendo estas "A ópera de três vinténs", de Bertolt Brecht, dirigida por Roberto Mello e Os Ossos de Lisístrata, texto e direção de Tiago M.Vieira.
"A palavra escancarada, desrespeitada, esfolada, estrebuchando num beco. Dar um pau na poesia pra ver se ela toma jeito. Ou toma uma atitude. Sem gelo. Dar um pau no poeta pra ver se ele pega no tranco. Três cabeçadas no muro. Poesia sem vergonha de ser poesia. Ensinando o poema a falar, na marra". Nicolas Behr, poeta.
* Este trecho do comentário de Nicolas será publicado na quarta-capa de meu livro.
“Pude notar nesta trajetória uma clara evolução na direção de um estilo fluido, direto e sonoro; típico da poesia falada, fonte da qual Caco Pontes bebeu em suas influências mais claras, tais quais o rap, a linguagem de rua e o teatro. Caco agrega esses elementos diretamente no poema seguindo a grafia dos dialetos urbanos e buscando fidelizar o texto à sonoridade desejada no poema”. Pedro Tostes, poeta.
*Trecho de prefácio do meu último libreto publicado, “Querer falar com falta de assunto, independente/2006”. *O prefácio deste livro que lançarei será de Antonio Vicente Seraphim Pietroforte, Dr. em Semiótica e Linguística-USP
Atualiza constantemente seu blog: www.sobrecacosepontes.blogspot.com
Rot. na
Todo dia chega a noite
e é sempre a mesma coisa
Uns vão pro bar beber
outros para conseguir
uma bela transa
Toda noite é mesmo dia
bate ponto
cumpre turno
acorda cedo
cara feia
pouca grana
faz desejo
assiste o jogo
desiste
tenta de novo
A impressão que se tem
é que nos últimos tempos
os dias passam
cada vez mais rápido
(e sem retorno).
Godot
Eu aqui dentro
me preparando
e todos me esperando
tanta coisa pra pensar
ou resolver
que vou sempre
me atrasando
mas apesar de tanto
desengano, lá fora
continuam todos
me esperando
impacientes, ameaçam
ir embora tal hora
e eu só justificando
que falta apenas
pouco mais de um tempo
para ficar pronto
que só preciso escolher
o livro que levo pro outro plano
e guardo na mochila
ainda que não leia, as vezes
até escova de dente
nem sempre cotonete
mas quando estou
quase terminando
alguém diz que
enquanto enrolo
estão todos
me esperando.
ex-tatos co.
qualquer gafe
desconsidere
a gente tende
a tornar o mito
algo meio
célebre
Nu olhar
A gente vê
gente
pelas ruas da cidade
A gente vai passando
e fica só olhando
gente
fora das janelas
peixes sem aquário
A gente vê
besta certeza
guardada nu olhar
a gente quer ir
antes que chegue
a hora
as vezes
e vê gente
que diz assim:
- aí bicho, isso daí não tá cum nada!
rabisca, amassa, chuta
e tenta outra vez
A gente vê
mas no fim da parada
não enxerga quase nada.
Calhas da roda
tem que ser poeta
pode até ser fingidor
mas tem que ser
de fato, poeta
sem precisar fingir
a própria dor
Muitos se dizem
milhares só sentem
quanto mais simples
o poema
maior tornar-se-á
o dilema
Então só permanece
quem veio pra ficar
pois desistir é fácil
perante o senhor
que com palavras
seus erros
justificará.
Róliudi
Humoristas geralmente são mal humorados
Para ser um bom ator de cinema
basta fazer cara de Colin Farrel no Miami Vice
E há quem diga que o seu cachê já está milionário
Melhor do que se tornar apresentador de TV estigmatizado
A legitimidade se deve ao ato
Para o alto e avante
Parei na contramão
como Roberto Carlos
Mas não sou rei, apenas don
e atualmente tento
um aumento de salário.
xadrez ou confissão de um peão
Enquanto todos
tentam pegar o rei
eu
só quero
comer a rainha
Fiado
Filosofia de butiquim
não é glamour
Se para eles nada diz
para todas as outras
existe master card
mini saga de um ser sem estar
Não quero mais saber de questionamento sobre fatos inconscientes/pois o futuro exige o presente/não há do que se lamentar,quando se apropriado sentimento alheio e nem ao menos deseja bom dia/não preciso chorar poisa corrente é fraca demais para vencer ondas do mar/não quero nem saber de expulsar presidente com cara pintada e ao chegar em casa assistir receita de qual casamento durou mais/quebra demanda,traz pessoa amada em poucos anos, saravá/não quero omitir ou sequer pensar, pois com tanta coisa pra confundir/não sou eu que vai conseguir explicar.
Brutus
E depois
a gente se entende
pois no final das contas
os números
não são
nosso gênero.
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De
CACO PONTES
o incrível acordo entre o silêncio & o alter ego
São Paulo: Annablume, 2008 (Coleção Dix Editorial)
72 p. ISBN 978-85-7419-855-2
MAU-NIFESTO
SE EXISTE ACOMODAÇÃO, DESENCOSTAR.
QUANDO BUSCA O NOVO, VELHARIA.
CONTRAVENTOR SE CONTRADIZ.
ESCRITOR NÃO DIZ TUDO. MELHOR, É AMIGO.
NA PIOR DAS HIPÓTESES, RIVAL AMBÍGUO.
ENSEJO DE PANO PRA MANGA DO PRÓPRIO UMBIGO.
SURGE AINDA, UNILATERAL, O INDIVÍDUO DO MARKETING
DIVINO
ADORÁVEIS CRETINOS, DESENBOCANDO EM $TATU$
POR INSTINTO ARTÍSTICO, TUDO O QUE FOI DITO ANTES,
JAZ EXTINTO...
E NÃO TERIA SIDO MERA COINCIDÊNCIA
ENCONTRARMO-NOS EM LABIRINTO.
"LÁ EU A PERGUNTAR SEMPRE, VOCÊS GOSTAM DE POESIA?"
(R)EVOLUCIONÁRIOS DA RETÓRICA, SEJAMOS IGNORANTES
POR UM ÚNICO DIA,
DEPOIS CONTINUAMOS NOS ENGANANDO
NUMA CRISE DE APATIA.
NOSSA NEGA TRAZ NOVA VIDA, SERIA COVARDIA NÃO AMÁ-LA,
MESMO QUANDO NEGA OU SE FAZ DE DIVA E ROGADA.
YEAHHH, SOMOS BANDA DE ROCK'N ROLL, SATISFACTION
SE DEUS É POR NÓS, QUEM SERÁ CONTRA NÓS?
SÓ NÓS MESMOS
DANDO NÓ NOS PENSAMENTOS
SE CHORAMOS MAZELAS, SÓ LAMENTOS
E SE CONTESTO, É POR CAUSA DA COMPLEXIDADE HUMANA
MOVIDA PELOS SENTIMENTOS.
SE ALGUÉM TIVER ALGO QUE IMPEÇA ESSE CASAMENTO,
FALE AGORA, OU CALE-SE PARA SEMPRE.
O PEQUENO LIVRO SAGRADO – MENOR SLAM DO MUNDO
1ª. edição – 2012. Org. Daniel Minchoni, Geraldo Ladera, Sinhá.. São Paulo: edições doburro, 2011. 5,5 x 10 cm. Inclui poemas de Thiago Cervan, Victor Rodrigues, Bob Baq, Vasqs, Jorge Vaz
Nandes, Felipe Valério, Thiago Peixoto, Pedro Tostes, Caco Pontes. Anna Zêpa... 120 p.
Livro-de-artista Ex. bibl. Antonio Miranda
o filho do brahma
chutou o pau da barraca
pediu nova schin
porque tava mahabaratta
malabarista de farol
atropelado
é acusado
de atrapalhar
o fluxo contrário
nua boa
o tempo passa
o tempo voa
e nunca mais
eu ouvi falar
do bamerindus.
e o punk
andava tão anti
capitalista
que invadiu o mac donald´s
e pediu guaraná
gato borrachêro
conheçam o emocionante caso
do operário que virou cinderela:
— passou da meia/noite, sem ter chegado em casa
num tem história triste, chicote estrala e o bicho pega!
*
VEJA e LEIA outros poetas de SÃO PAULO em nosso Portal:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/sao_paulo/sao_paulo.html
Página republicada e ampliada em janeiro de 2022
Página preparada em abril de 2008; ampliada e republicada em março de 2010
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