Eliete Mejorado e Bruno Verner – o duo Tetine – sediados em Londres.
Fonte: www.coquetelmolotov.com.br/
BRUNO VERNER
Bruno Verner (Belo Horizonte 1971) é compositor e lingüista Nos anos 80 foi integrante dos grupos de música eletrônica R.Mutt e Divergência Socialista, trabalhando ao lado do poeta, compositor e jornalista Marcelo Dolabela. Estudou música na Fundação de Educação Artística onde em 1991 foi selecionado para o VIII ciclo de música contemporânea em mostra dedicada à novos compositores de música erudita. Foi fundador junto com o artista plástico Alexandre da Cunha do projeto Um ou Não em 1991. Com o grupo apresentou as performances-concertos O Lugar Fora do Lugar, Pressupostos a uma Sintaxe-Sensorial, Bípede e I Dada Happening Interdisciplinar em galerias de arte, casas noturnas e teatros. Com o mesmo grupo participou com o vídeo experimental Let the Sun Shine do EMAF European Media Art Festival em Osnabruck, Alemanha; mais tarde exibido no extinto programa Dance MTV. Ao lado de Eliete Mejorado criou o Tetine em 1995. Criou trilhas sonoras originais para videomakers como Luiz Duva, Julio Dui, Lucas Bambozzi e Jimmy Leroy, além de trabalhos de curadoria na área de música e Live Art. (Extraído de www.sescsp.org.br
Poeta, compositor e instrumentista, Bruno Verner (do duo Tetine) lança este magnífico poema-álbum O UM, pela Ateliê Editorial, em primorosa edição, com o apoio da Secretaria de Estado da Cultura, do governo paulista., em 1997, hoje apenas disponível – e disputado – em sebos.
“Ele é poético, mas pulsa ritmicamente. Ele é prolixo e prosaico, mas compõe, ao longo da página, haicais desdobráveis. Ele é código e não-sentido ao mesmo tempo.” Marcelo Dolabela
VERNER, Bruno. uom. São Caetano do Sul, SP: Ateliê Edirtorial, 1997. 98 p. 23x20 cm. Capa e projeto gráfico: Marcos Keith Takahashi. Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Estado da Cultura. “ Bruno Verner “ Ex. bibl. Antonio Miranda
uma coisa vem depois da outra coisa
e essa outra coisa
só vem porque nunca existirá se separada
da primeira coisa
uma sintaxe: meu corpo
o corpo estica ou estilhaça
o corpo cobre e relaxa
então cresce o corpo
ameaça
diminui
extermina
e
se prepara
o corpo estica ou estilhaça
o corpo cobre e relaxa
então cresce o corpo
ameaça
diminui
extermina
e
se prepara
o corpo cresce e relaxa
o corpo extermina e estaca
estilhaça
diminui
e
se prepara
o corpo atira ou escorraça
despedaça
diminui
e
se prepara
o corpo cansa ou se maltrata
o corpo se dilata
extermina
diminui
e se prepara
o corpo-poste o corpo-caça
o corpo morre ou se delata
o corpo cobre
o coro-porco
envelhece
extermina
e
se prepara
o corpo nó
o corpo caro
extermina
diminui
e
se prepara
o corpo-corte ou corpo-espada
o corpo-sorte o corpo-nada
ameaça
extermina
e
se prepara
o corpo-nó não vale nada
o corpo só
marcel duchamp
eu estou aqui
entre todos os pólos
só
sozinho
desperdiçando cânones reais
entre flocos de tristezas e impulsos primaveris
eu amo
consigo o teste do saber
na timidez absoluta de
onde quase se quebram cristais
eu estou aqui
e às vezes
só
Página publicada em dezembro de 2008
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