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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foto: Tatiana Perdigão

BRUNO BRUM

Nasceu em Belo Horizonte, em janeiro de 1981.  É autor dos livros Mínima Idéia (2004), e Cada (2007).  Blog do autor: www.saborgraxa.wordpress.com .

 

Veja também: POESIA VISUAL de Bruno Brum

 

De
BRUM, Bruno
Mastodontes na sala de espera. 
  Belo Horizonte: Crisálida, 2011.  96 p.  13,7x21 cm. ISBN 978-85-87961-69-3.  Capa do Autor a partir de imagem original de Rembrandt Peale (“Working sketch of the mastodon”) Formato e projeto gráfico do Autor e Milton Fernandes.  Impresso em papel Pólen Bold 90 g/m2, capa Cartão Supremo 250 g/m2.  Col. A.M. (EA)


“Composições verbais, cenas aparentemente banais: casuais, como intervenções no imaginário do real possível, mas produtos da invenção ou do acaso. Mastodontes na sala, incômodos, visíveis para quem não quer ver, invisíveis para quem pretende entender além do instantâneo, do registro poético: “Isso ainda não nos leva a nada.” Leva, já se foi.” Antonio Miranda

 

DECALCOMANIA

Tatuou um código
de barras no rabo.
Temendo complicações,
tatuou o rabo
um pouco acima do código
de barras.

 

Acordado

 

Dormir hoje,

acordar amanhã.

Dormir amanhã,

acordar depois.

 

Dormir e não

acordar mais.

Acordar e não

dormir mais.

 

E continuar

dormindo.

E continuar

 

acordado.

E depois não

continuar mais. 

 

POSTAIS

1

Olhos por perto.
Há coisas escondidas
atrás de outras coisas.
Logo adiante, mais delas.
Depois (dentro) delas, ainda outras.

2

Os passantes ainda não
se decidiram se vão, se ficam,
se atravessam a rua, se fazem
uma pausa para o café,
se atendem o celular.

(...)


 

Interferências

Entre a sombra projetada sobre os desvãos da calçada
          e quem vem do outro
lado da rua, um ônibus.
Um ônibus trazendo setenta e cinco passageiros.
E o pior:
Isso ainda não nos leva a nada.

 

 

Dez minutos

Um desconhecido
me pergunta as horas.
Faltam dez minutos.

 

BRUM, Bruno.  Cada (poemas).  Belo Horizonte: LIRA (Laboratório Interartes Ricardo Aleixo), 2007.   46 p. Programação visual e ilustrações de Bruno Brum. ISBN 97885-907516-0-1   Col. A.M.  (EA)

 

Anônimo

 

Onde você estava no dia onze de agosto de mil

[novecentos e trinta e quatro?

No Natal de setenta e sete,

no inverno de mil duzentos e treze?

Onde você se encontrava na madrugada do dia

 

[vinte para o próximo dia,

primeiro de janeiro do ano passado,

primavera de sessenta e nove

do século quarto?

 

Onde você passava quando já era tarde

e ninguém te chamava

naquela noite dos anos dourados?

Quando tudo acontecia e sumia sem deixar

[rastros, por onde você andava?

 

 

Avulso

 

dizer.

dizer e não dizer

mais. dizer e depois.

calar.

dizer quando

acabar.

ou talvez.

nunca mais.

dizer, e deixar

de.

dizer e não

dizer.

mais

 

 

Página ampliada e republicada em julho de 2012.


 

 

 

 
 
 
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