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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



 

BAX

 

 

Artista plástico nascido em Carmópolis de Minas, Minas Gerais, Brasil, em 11 de maio de 1927. Entre 1946 e 1951 estudou desenho e pintura com o Mestre Guignard. Em 1949 foi eleito 1º Presidente do Diretório da Escola Guignard, em Belo Horizonte, MG. É membro fundador da Academia de Letras de Divinópolis, MG.

 

Obteve o 1º prêmio em escultura e o 2º em pintura no X Salão Municipal de Belas Artes de Belo Horizonte, realizado em 1955. Desde 1991, reside no Condomínio Lagoa do Miguelão, Nova Lima, onde tem seu ateliê.

 

Obra literária: “Espelho de Alexandra”, “Som de um caramujo” (poesia), “Espelho das Águas” e “Barco – Sonho do Pintor”. Obras publicadas pela Mazza Edições, com ilustrações próprias do artista.

 

Bax é a um tempo ingênuo e genial, a combinação perfeita do menino rebelde, que resiste ao tempo e se eterniza. Ingenuidade por conta da sutileza, da leveza, do encantamento. Pinta com palavras, pensa com as cores da esperança. 

Antonio Miranda 

 

 

Das Águas do Espírito

Belo Horizonte: Mazza Edições, 2004 

 

Uma ilustração de BAX para o livro.

 

 

NUM SÓ CORAÇÃO

 

Do presente

Do passado

         A história

         Não tem boas histórias

                   Para contar

Em que águas navegar?

Fuga

Para os sonhos da vasta imaginação

Aos anjos da infância recorrer

Às fadas dos contos de fada

         Aos irmãos Grimm

                   Aos Peter Pans

Que não querem crescer

                   Nem deixar de voar

                   Nem se machucar

                            Nem sofrer

Se esconder

         Da terra incendiada

Fugir da fumaça

                   Que sobe

                            Sem cessar

Mas

         Os sonhos bons

         E as fadas más

Não podem conviver

         Num só coração

 

 

 

“Zilhões...”

                   De vidas

         Voltam ao “sol”

         Como mariposas

                   Em busca da luz

 

 

 

PIÃO

 

         “Roda pião

         Bambeira pião...”

 

 

O seu

         Não me lembro

                            Mais não

Corda e pião

              Encerados

                            Pelo uso

 

A ponta de prego

                   Ou parafuso

         Enrolado de baixo

                            Para cima

Furando os bolsos da calça

                            Curta

         É de quase chorar

                            Ter lágrimas

                          Para relembrar...

No passeio

         Sobre o ladrilho

O pião saltitante

         Punha brilho

Nos olhos do menino alumbrado

 

         — Você é testemunha

                                      Quando atirei na unha do meu polegar

         — O meu de tanto rodopiar

                                      Desenhou uma rosa

                                                        No chão

         Vamos acorda

                            Acorda o menino

                                               E recolher

                                                        O sonho

                            Na palma da mão

 

 

         DE ILUSÃO TAMBÉM SE MORRE

 

         Voa

                   O besouro

                            Em busca a luz

         E voa tanto

                            E tanto voa

                   Voando

                            Bate na

                                      Vidraça

                            ...E torna a voar

                   Não se cansa

                            Buscando a luz

                   Para o besouro

                            O brilho que o encanta

                            É tanto

                                      Que o ilude

                   E tonto de tanto voar

                            Confunde

                                      Para sua desgraça

                   O brilho da

                                      Luz

                   Com a luz na vidraça...

 

 

 

SOM DE UM CARAMUJO

Belo Horizonte: Mazza Editores, 2002

 

O leitor pode tomar ao ouvido este caramujo/poesia e visualizar a sonoridade do mundo.  Como Bax pina o mundo submerso, não deixará de imprimir ao desenho dos versos os elementos água e peixe.”

Osvaldo André de Mello

 

 

A Primeira Luz

 

Um peixinho foi a primeira luz

A refletir-se no espelho do ser

 

 

Sem Jaça

 

Cintilante pelo riso alegre e fino

Do menino

O espelho quase se estilhaça

 

 

O Visionário

 

o visionário entende mais de espelhos

Que o comum dos homens

 

 

O inventor do Espelho

 

Parece que o inventor do espelho

Foi um alquimista que buscava o self

 

 

Diálogo

 

— Você sente saudade da infância

Diante do espelho

Sim ou não?

— Não é da sua conta...

— Mas a idade conta

 

 

A Verdade

 

Por ser verdadeiro em seu reflexo

O espelho nem sempre é bem visto

 

 

O Peixe que Fomos

 

O peixe que fomos

Pode emergir do espelho?

Olhando no fundo do lago

Percebeu que o peixe era sua imagem

De antes

 

 

Bom Sinal

 

O espelho aceita você com tranqüilidade?

É um bom sinal de vivência

 

 

Perigo

 

O maior perigo do espelho

É sua profundidade

 

 

O Duplo

 

Velho espelho

Espelho meu

Quem sou eu?

 

Do lado de lá

Sou eu

Reflexo

 

Do lado de cá

Sou eu

Velho

Perplexo

 

 

Com Aquele Olhar

 

No espelho

Procuro me identificar

Mas quem sou ele

Com aquele olhar?

 

 

Esperança e Calma

 

Os vôos dos pássaros

Inflam minha alma

Com o vento da esperança

e a essência da calma

 

 

 

Página publicada em janeiro de 2008, em homenagem ainda que tardia, às celebrações dos 80º aniversário do pintor-poeta.



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