POESIA MINEIRA
Colaboração de Wilmar Silva
BABILAK BAH
Para acabar com as bulas e as regras: Esteticamente, gosto de coisas opostas. Do demasiadamente especialista e do demasiadamente eclético. Do artista que passa a vida toda fazendo soneto, haicai, aquarela, moda-de-viola etc. E do artista que faz, ao longo da vida, cinema, TV, poesia, música, literatura etc. O especialista e o que se arrisca. Ao ler os originais de Corpoletrado, de Babilak Bah, vi e admirei essas oposições. MARCELO DOLABELA
De
Babilak Bah
CORPOLETRADO
Belo Horizonte: Veredas & Cenário, 2009
72 p. (Coleção Obras em Dobras)
ISBN 978-85-61508-13-5
Inclui um DVD Curações na contracapa, com filme
dirigido pelo Autor, a partir de um de seus poemas.
Versos peludos
Gritam em carne crua
Na pele do papel
A carne da língua
A carne maciça despejada em maços
corpos amassados no mundo das carnes,
carnívoros apalpam perolas, aquecem
pólvoras no mercado das maçãs
O corpo não mente
Diz o que a pele
Murmura,
Esconde o que
O pêlo revela: O
osso da civilização
Injeção na veia
A poesia penetra
A pele
Como arco-íris
farpado,
Assustado, sem
companhia
Me somo ao
quadrado
Tenho sede, frio e
azia meto os pés pelas
mãos,
Sofro de barriga
vazia
Sigo de olho
quebrado
Assumo, soumente
coração
Qualquer paisagem:
Uma super
ejaculação
Ao sol.
Exibo o falo.
Calado, falo
sozinho...
A letra do corpo
A pele um pergaminho
Registro de outros gráficos
Pegadas de vários caminhos
Páginas de muitos diários
Logomarca, mídia de carne
Testamento de pêlo e osso
Papel timbrado com selo de
Garantia: escritura do corpo.
Página publicada em fevereiro de 2010 |