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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

POESIA ROMÂNTICA – ROMANTISMO

AURELIANO LESSA

(1828-1861)

 

Nasceu em 1828 em Diamantina.  Estudou Direito em São Paulo, mas formou-se na Faculdade de Olinda, em 1851. Em São Paulo, conviveu com Castro Alves e Bernardo Guimarães. Trabalhou com procurador fiscal da Tesouraria Geral de Minas, em Ouro Preto, Minas Gerais e como advogado em Diamantina e Conceição do Serro. Não publica livros em vida; seus poemas foram reunidos no volume Poesias Póstumas, publicado em 1873, com nova edição em 1909.

Faleceu de uma "lesão cardíaca consecutiva ao alcoolismo crônico", informa Pires de Almeida, aos 33 anos (21 de fevereiro de 1861), em Conceição do Serro.

Poeta da segunda geração do Romantismo brasileiro, segundo o crítico Augusto de Lima, "Aureliano Lessa escrevia principalmente para o povo, se é que ele não se preocupava simplesmente com as suas próprias impressões, dando-lhes a forma que mais convinha ao meio simples em que veio viver".

 

TEXTO EN ESPAÑOL

 

TRISTEZA

Dizes que meu amor te encanta a vida,
Teus alvos dias, teus noturnos sonhos;
Mas tens a face de prazer tingida,
          Teus lábios são risonhos!

Não podem florescer o amor e o riso
Nos mesmos lábios: da paixão o fogo
Mata as rosas do rosto, de improviso
          Gera a tristeza logo.

Olha: minh´alma é pálida e tristonha,
Minha fronte é nublada, e sempre aflita;
Entretanto uma imagem bem risonha
          Dentro em minh´alma habita.

Mas esse ermo sorrir que eu tenho n´alma
Não é como da aurora o riso ardente;
É o sorrir da estrela em noite calma
          Brilhando docemente.

Ah! se me queres a teus pés prostrado,
Troca o riso por pálida tristeza:
Mulher! Torna-te o anjo que hei sonhado,
          Um anjo de tristeza!

 

ELA

Mais bela que os silfos, que em plácidos sonhos
Vagueiam na mente juncada de amores
          De linda donzela;
Mais bela que um — quero — de lábios risonhos,
Que os astros da noite mais bela, que as flores
          Mais bela, mais bela!

Mais pura que límpida fonte deitada
Na cândida areia, mais pura que a brisa
          Que baixo murmura
Nas folhas; mais pura que prece sagrada,
Que a nuvem azulada que a aurora matiza,
          Mais pura, mais pura!

Mais meiga que uns olhos molhados de amores;
Mais doce que o canto da rola saudosa
          Na flórida veiga;
Mais doce que o canto sem causa, sem dores,
Que um beijo furtivo de virgem medrosa
          Mais doce, mais meiga.

É anjo celeste dos céus exilado;
É anjo incarnado que a térrea natura
          De corpo reveste:
Não fosse ela um anjo celeste incarnado,
Que às plantas lançara-lhe uma alma! — Locura!
          É anjo celeste!

 

OLIVEIRA, Alberto dePágina de ouro da poesia brasileira.  Rio de Janeiro: Livraria Garnier, 1929?   419 p. 11,5x18 cm.  capa dura.  Impresso em Paris por Imp. P. Dupont.  “ Alberto de Oliveira “  Ex. bibl. Antonio Miranda

(com atualização ortográfica:)

 

AMARGURA

Oh! não me pergunteis porque motivo
Pende-me a fronte ao peso da amargura,
Quando um suspiro trêmulo, aflitivo,
Sobre os meus lábios pálidos murmura.

Quando ao fundo do lago a pedra desce,
Globo de espuma à flor do lago estala;
Assim é o suspiro: ele aparece,
Porque no coração cai dor que o rala.

Do lago a face lisa espelha flores,
No fundo a vista não divisa o ceno:
Assim dentro do peito escondo as dores,
Mandando aos lábios um sorriso ameno.

Mas quando uma aflição acerba e crua,
Mais que um rochedo o coração me oprime,
Quando nas chamas o sofrer estua,
Como no incêndio o ressequido vime;

Não cor, não! — de angústias flagelado,
Um queixume sequer eu não profiro;
Descai-me a fronte, penso no meu fado...
OH! não me pergunteis porque suspiro!...

 

 

                A TARDE

        I

 

Lá descambou o sol. Vae descorando

Manso e manso o setim vivo-ceruleo,

E as vermelhas folhagens que recamam

O concavo do céo. Transluz no occaso

Por débil prisma/cambiante facho .

De semi-mortas côres, !que se perdem

No azul ferrete do nocturno manto.

Nevadas franjas fluctuando em flócos

Erram nas abas do docel da tarde,

Como da seda azul, que a moça traja,

Cândida renda guarnecendo as orlas.

Galerna a viração farfalha e brinca
Na coma da palmeira; o mar soluça,

Espojando na praia; e a selva freme,

Exhalando ineffavel harmonia,

Que os génios do ermo tímidos murmuram.

Queixosa a jurity na balsa arrula,

Com ella geme o sabiá saudoso;

Assim modula suspirosa flauta,
Assim chama a viuva pelo esposo
Que inda tão joven lhe caiu dos braços.

 

 

II

 

Mãe da melancolia, ó meiga tarde,
Que magico pintor bordou teu manto
Co'as duvidosas sombras do mysterio?...

— Talvez são ellas encantados manes
De nossos paes, que errando pelos ares,
Vêm segredar com a nossa consciência
Dúbios emblemas de celestes phrases...

— Talvez são ellas pallido reflexo

De um côro de anjos, que a milhões de léguas,
Sobre uma nuvem de ouro descantando,
Ante a face do sol longínquos passam...
Não sei! Ha dentro da alma tantas cousas
Que jamais proferiram lábios de homens...
Entretanto me echoam pelo espirito
Ethereos sons de peregrina orchestra,
Um doce peso o coração me opprime,
Meu pensamento em sonhos se evapora,
Té de mim próprio sinto um vago olvido,
Um sereno rumor, que a alma dormenta.

 

 

III

 

Salve, filha dos raios e das trevas,
Melancólica irmã das noites pallidas!
Quem te não ama?... A natureza toda

Murmura ao teu passar mysticas vozes
Repassadas de uncção : — todos os olhos
Psseiam tuas tépidas campinas
Bafejadas de nuvens. —
té parece
Que a terra, suspendendo o gyro, escuta
O adeus que o sol te envia além dos montes.

— Limpa o suor o peregrino errante,

E arrimado ao bordão, mudo contempla-te,
Esquecido do pouso : — sobre o cabo
Da rude enxada recostado scisma
Nos africanos céos o pobre escravo,
E exhausto de fadiga te aben
çôa
o fundo da alma em barbara linguagem,
Mensageira de amor, tu annuncias
A hora propicia aos sôfregos amantes
Da nocturna entrevista, e a donzella
Erma de amor te acolhe pensativa,
Fantasiando quadros de ventura,
Que o vasio do coração lhe suppram.

— Talvez agora na floresta annosa,
Proscripto errante, o indio americano
Pára, e eleva-te um cântico selvagem,
Nunca ouvido dos troncos que o circumdam.

— Fadem os Deuses pouso ao peregrino,
Liberdade ao escravo, amor á virgem

E tardes, como esta, ao triste bardo !

 

 

IV

 

As inflammadas nuvens já se abatem

Do incêndio occidental. — Reina o silencio
Temeroso e fugaz : — a natureza
Entre o somno e a vigília está suspensa.
Oh! quem não sente sussurrar-lhe n'alma
Um desejo ineffavel como os sonhos,
Uma lembrança incerta e vaporosa?...
Nesta hora amável, entre a dôr e o riso,
Magicamente embala-se a existência;
Em cada coração que inda palpita
Sonora cáe da lyra do Universo
Uma nota de amor e de saudade.
Extático no cume da montanha,
Feroz não ruge o mosqueado tigre;
E o bálsamo de amor, que a tarde manda,
No coração do bárbaro se infiltra.
Tudo é viver, mas um viver tão languido,
Tão mysterioso, que parece um sonho :
Calma na natureza, amor em tudo.
Quiçá longe de urdir sangrentas tramas
De inhospito rochedo em negra cova
Repouse agora o anjo do infortúnio,
Inimigo dos homens. Tarde ou nunca
De um dormir lethargico desperte !
Vela, genio do bem, vela em seu somno!

 

 

TEXTO EN ESPAÑOL

 

 

AURELIANO LESSA
 (1826-1861)

 

 

TRISTEZA

 

Tu dices que mi amor tu vida encanta,
Tus albos días, tus nocturnos sueños;
Mas tienes de placer la faz teñida,
         Tus labios son risueños!

 

No pueden florecer amor y risa
En unos labios: de pasión el fuego
Mata del rostro los rosados tintes,
         Cria tristeza luego.

 

         Mira: mi aima es pálida y es triste,
Mi frente esta nublada y afligida;
Sin embargo una imagen muy risueña
         Tiene en mi aima guarida.

 

         Mas la yerma sonrisa de mi alma
No es como de la aurora risa ardiente;
Es sonrisa de estrella en noche calma
         Brillando dulcemente.

                   Ah, si me quieres a tus pies postrado,
         Cambia la risa en pálida belleza:
         ¡ Mujer, vuélvete el ángel que he soñado:
                   UN ángel de tristeza!

 

PUJOL, Hypolyte.  Anthologie Poètes Brésiliens. Preface de M. de Oliveira Lima.  S. Paulo: 1912.  223 p.    
                                             Ex. biblioteca de Antonio Miranda


   
LA CRÉATION

      
Lorsque tout était Dieu, quand sa divine face
              
De vide remplissait l´horreur,
        Il dit : « Que l´univers surgisse dans l´espace
                  Pour ma gloire e pour ma grandeur ! … « 

        Ensuite de sa droite en condensant le vide,
                  Le vide informe et ténébreux,
        Il lança l´univers avec l´éther limpide
                  Dans tout l´espace lumineux.
        Un bruit sourd, bruit lointain de sublime harmonie,
                  Semblait chanter le Créateur,
        Premier hymne de fête au premier jour de vie,
                   Aux premiers rayons de chaleur.

       Et de mondes divers un déluge innombrable
                   Peupla les espaces déserts,
       Comme une grêle intense, ou bien comme le sable
                   Envahissant le fond des mers.
       La terre veroyante en sa nouvelle orbite
                   Roulait entraînant dans son cours
       La lune que Dieu lui donna pour satellite,
                   Alternant les nuits et les jours.

       A la première nuit, au travers de ses voiles,
                    A l´empyrée brilla soudain
       Comme nouveaux soleils un million d´étoiles…
                    Alors les comêtes sans frein

       Traversèrent les cieux, en course vagabond,
                     De tous les coins du firmament,
        Messagères portant jusqu´aux confins du monde
                     Les décrets d´un Dieu tout-puissant.

        L´Océan revolté de l´abîme insondable
                     A s´échapper s´efforce en vain.
        En mugissant… Car Dieu, de sa voix formidable.
                     Lui dit : «  Tu n´iras pas plus loin ! « 

         Le condor sur la nue ouvre ses grandes ailes,
                      Et le léviathan des mers
         Surgit du sein des flots.  Et des lions rebelles
                      La voix fait trembler les déserts.
           

       Les fleves, les torrents s´épanchent des montagnes
                       Roulant leurs flots tumultueux,
        De leur vaste courroux dévastant les campagnes
                       Tels que des serpents monstrueux,

        Rampant, glissant, sautant au travers de la plaine,
                       Pour noire au loin dans l´Océan…
        Les brises du matin, avec leur douce haleine
                       Agitent le bois frémissant.

        L´aurore aux doigts rosés, ce sourire du monde,
                       Entr´ouvre les boutons de fleurs…
        Dans un cercle de monts, la cascade que gronde
                       Réfléchit les milles splendeurs.

        D´un beau ciel de printemps, dans  l´iris que rayonne
                       Du sein de ses flots argentés,
          Et s´épanchant du sein du gouffre qui bouillonne
                         S´enfuit sur ses bords enchantés.  

          Le temps avait été jusqu´alors immobile
                         Aux portes de l´Eternité ;
           Mais il subit les lois de la terre mobile,
                         Marchant avec rapidité.

           Alors, les millions et millions de mondes,
                          Les cieux et les cieux  tout autour,
           Tous à chanter du fond de leurs voútes profondes
                          Un chant de gloire au Dieu d´amour.

 

           Du sein harmonieux de la jeune nature
                        Soudain à la voix de son Dieu
           l´homme surgit ; voulant être à sa créature
                        Invisible, sous le ciel bleu.

           Dieu jette dans l´espace un voile impénétrable,
                         Volie de nuages épais…
           D´une incertaine main tâtant l´air impalpable,
                         L´homme interroge tout, de près.

           Emerveillé de tout, puissant, ivre de vie,
                         Il porte sa vue en tous lieux…
           « O toi, qui donc es-tu ? dit-il, l´âme ravie,
                         Tâtant son corps mystérieux ? « 

            Il essaie de parler ; d´une voix le son mâle
                          Eclate aussitôt de son sein ;
            En cris d´admiration sa voix même s´exhale,
                          En réveillant l´écho lointain…

          Il vent marcher. Il court, s´avançant dans la plaine ;                   
                          Il va gravissant les coteaux,
          Parcourant tour à tour de sa vue incertaine
                       Les monts, les vallons et les eaux.

          Aux échos répétés prêtant longtemps l´oreille
                          Tout surpris il croise les bras,
           Et de là, confondu devan chaque merveille,
                          Descend, ralentissant le pas.

          C´est en vain que ses yeux parcourant le bocages
                           Et la majesté des grands bois ;
      Des grottes c´est en vain qu´il parcourt les omblages ; 
                           De fatigue épusé, sans voix.

       Sur un lit de gazon alors il se repose…
                        Recouvrant tout sa vigueur,
       Il explore, interrogue à nouveau toute close,
                        Sentant le vide de son couer.

       Soudain son cœur palpite et soudain ils´arrête ;
                        Il se surprend les bras ouverts ;
       Sur un nouveau spectacle il redresse la tête,
                        Des plus beaux qu´il ait décourverts :

       Une femme, au cristal d´une onde transparente,
                         Se contemplait en sa beauté…
       Mais de ses blanches mains, de pudeur rougissante,
                         Elle cáchait sa nudité.

       A son image alors souriant d´un air tendre,
                         Tendant les bras vers le portrait…
       L´image dans ses bras semblait vouloir la prendre…
                         La vierge en riant reculait…

       Et l´homme : «  C´était toi ! «
                                                  La femme prend la fuite,
                          La face rouge de pudeur…
        Mais, plus loin elle tombe… il tombe à sa poursuite,
                          Et l´Amour se leva vaiqueur !

 

 

*

Página ampliada e republicada em março de 2024.

 


Página publicada em junho de 2015
; página ampliada em julho de 2015; página publicada em setembro de 2016.


 

 

 
 
 
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