C I S N E S
No murmuroso rio transparente
aquáticos palmípedes deslizam
por sobre as águas, que, serenos, frisam
juntos, em bando harmonioso e albente.
Não sei se são aves, se a corrente
que amorosos queixumes eternizam,
só sei que aves e rio divinizam
sons de longínquos ais, longinquamente..
E escutando a cismar a voz das águas,
vão-se acordando no meu peito as mágoas
que adormecera momentâneo estio...
E de lágrimas geme, e se desata,
em minha alma, tristíssima cascata,
como os cisnes de neve ou como o rio.