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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

ARTUR DE MIRANDA
(1869-1950)

 

Artur de Miranda Ribeiro nasceu em Rio Preto, Estado de Minas Gerais, em 9 de agosto de 1869. Veio menino para o Rio de Janeiro, bem como seu irmão Alípio, o grande naturalista brasileiro. Recebeu o grau de engenheiro em 1896.
Iniciou a vida jornalística no regime monárquico, como suplente de revisor de O País. Redator do antigo Diário de Notícias e do Novidades; e da Revista Ilustrada — célebre periódico de Ângelo Agostini, além de participar de outras publicações.
A sua poesia é característica da primeira feição do nosso simbolismo: a de influência direta de Cruz e Sousa.

 

MURICY, Andrade.  Panorama do movimento simbolista brasileiro. Volume 1. Revisão crítica e organização da bibliografia por Aurélio Buarque de Hollanda Ferreira. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Saúde, Instituto Nacional do Livro, 1952. 382 p.  Impressão Departamento de Imprensa Nacional.  Ex. Biblioteca Nacional de Brasília, doação família de Marly de Oliveira.  

 

FLOR ESTRANHA

 

Ó flor nevada, bogari cheiroso,
Originária das alturas frias,
Resplandece em teu ser misterioso
Lácteo luar das solidões sombrias.

Quando floresces pelo azul saudoso
Das serenas, profundas nostalgias,
Passa um raio de luz tuberculoso;
Velhas tristeza dos passados dias.

Ó flor estranha, venenosa e rara,
Monja letal das místicas doçuras
Que às dormências do mal se consagrara.

Teu ser indefinido, impenitente,
Traz o gelo das fundas sepulturas,
E os mistérios da morte, eternamente.

 

FIM DE LEITURA

Só, na sombria sala em vão medito,
E os velhos temas rememoro e afago;
Ah! Com que sabor delicioso eu trago
Este imortal e luminoso escrito!

Vem do passado, e por senti-lo fito
A letr e a cor do pergaminho vago,
De cujo traço um réquiem esquisito
Percebe, em sonho, o coração pressago.

Lá fora a tarde se amortece e apaga,
E fria e funda escuridão mortuária
Por toda a sala imota se propaga.

Horas de círios pelo espaço torvo,
Sonho, escutando n´alma funerária,
De asas abertas, crocitar um corvo.

 

 

Página publicada em abril de 2015

 


 

 

 
 
 
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