ANA SAMPAIO
Ana Luiza Sampaio Luiz de Mattos, reside em Belo Horizonte/MG, Brasil.
Assistente Social e graduanda em Filosofia. Académica Efetiva Fundadora da Academia Internacional da União Cultural, 2019. Certificado de "Amigos da Paz, das Artes, da Poesia e da Vida" - realização da Embaixada da Paz - CUAP, Rede Catitu, Alô Vida e Centro Cultural Lagoa do Nado, 2013; Artigos: O Grito Silencioso dos Muros premiado como melhor trabalho do módulo pelo Centro universitário UNA, 2016 e Bras/7, Um País de Todos? publicado no jornal Presença Ativa, n°37 - Educafro: Setembro/Outubro/2016 - Belo Horizonte/MG; Poema publicado ria Revista Logos, no XLVIII: Macular, Agosto/2017 -.Lisboa/Portugal. Poemas publicados na Antologia Cem Poemas, em Mil Sonhos - Selo Editorial Starling: 100.001 e Macular, 2019. Prémio "Mulheres que Tecem o Mundo"; outorgado pela direção executiva da Academia Internacional da União Cultural.
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CEM POEMAS CEM MIL SONHOS; homenagem aos 50 anos da Passeata dos Cem Mil: maior manifestação popular contra a Ditadura Militar no país. Organização: por Rodrigo Starling. Entrevista com Vladimir Palmeira. Belo Horizonte: Starling, 2018. 176 p. 14 x 20 cm. Capa: Jackson Abacatu. Ex. bibl. Antonio Miranda
100.001
Alienígenas alienados
Desamparados
Buscando na mentira
A demagogia
De uma trêmula ideologia
Engraçado seria
Se fosse eu o alienígena
Vivendo o que achei que fosse passado
Em um tempo censurado
De poeta caçado
Observando a roseira secar
O nosso destino levar
A viola se calar
Seguimos
Sem medo
Cem mil
E um
MACULAR
No seu nome tem S,
Quem viveu desastre não esquece.
Convenientemente lhe tiram o Rio, lhe tiram o Doce.
Vidas cujo respeito, não vale nada!
À mercê do descaso
E exposto à corrupção
Corrupção!
No latim "corruptío"; no italiano "corruzione"; no espanhol
"corrupción"; na prática "corromper o coração";
Talvez seja desperdício viver acreditando em corações que
não se corrompem,
Talvez seja loucura.
Mas eu não sou a única a crer, há muitas Marias e Anas, Bentos e Rodrigues, e a loucura quando compartilhada tem gosto de sanidade e cheiro de esperança.
Página publicada em junho de 2019
PROVÉRBIOS DA LAMA. Antologia poética. Organização Rodrigo Starling. Belo Horizonte: Starling, 2020. 204 p. ISBN 978-85-990511-3-5 Ex. bibl. Antonio Miranda
APARTHEID MODERNO
Zequinha grita: PÁTRIA LIVRE*
Se vire,
mude de perspectiva,
Dignidade seletiva
Pra onde vai a expectativa?
A esperança é a primeira que mata
Busca ouro e a favela encontra prata
Igualdade social é definida de terno
E para aqueles que viviam do Paraopeba, chegou o inverno
Pré sal não salva mares,
Não salva selva,
Tampouco salva Silvas.
Alguns sonhando com milhões enquanto morrem milhares
Holocausto nos olhares
Petróleo nos mares
O luto é absoluto e até lá vão cair quantos mais viadutos?
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*Os dois acampamentos, Zequinha e Pátria Livre, localizados na região metropolitana
de Belo Horizonte, são abastecidos pelo Rio Paraopeba. Rio este que foi lentamente
contaminado pelos rejeitos de minérios após o rompimento da barragem de Brumadinho.
LAPSO VALE
DE MEMÓRIA NO DESCONHECIDO
Rio de lágrimas,
Mar de angústia,
Águas levam tudo pra longe, menos a saudade
Sua vida de frente pro capital de nada Vale.
Fala muito sobre o que se sabe pouco.
Intervenção ambiental, Ópera social,
Sem tempo pra Beethoven
As vozes que eu ouço são as poucas que se ouvem.
A Revolução morna reclama Amazónia em chama
Quem tem que ser duas vezes mais só pra sair dessa lama?
Página publicada em junho de 2019;
Página publicada em setembro de 2020
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