ADRILLES JORGE
Famoso por sua participação no Big Brother Brasil. Adriilles Jorge refaz sua imagem revelando-se no poemário Antijogo. Nasceu em Campos Gerais, MG, em 1974. Formado em Jornalismo na PUC-MG.Trabalha na gestão de projetos culturais. Reside em Belo Horizonte e mais sobre o autor está em https://www.facebook.com/adrillesjorge/about?section=education&pnref=about
JORGE, Adrilles. Antijogo. Poemas. Rio de Janeiro: Record, 2015. 195 p. 15,5x23 cm. Orelha por Olavo de Carvalho. ISBN 978-85-01-10618-6 Foto da capa: Daniel Magalhães. Ex. bibl. Antonio Miranda
“Poesia é a experiência da subversão da linguagem, da retradução, reconfiguração e transformação de toda tentativa de comunicação. Sabendo-se que a linguagem é o elemento vivo da comunicação e que a comunicação é o elo mais precioso que funda a humanidade, e que dá sentido à existência, a poesia é também uma tentativa de tradução, reconstrução e transformação da própria humanidade e seu sentido de vida. / Simples e megalomaníaco assim.” ADRILLES JORGE
“Adeilles não é poeta das coisas, dos objetos, mas das situações e dos momentos, cuja clareza e cujo mistério ele capta mediante um jogo (ou antijogo) muito peculiar, onde a lógica dos fatos aparece ora diretamente, ora invertida no espelho da construção sintática, fundindo na forma acabada do poema o evidente e o oculto, o conhecido e o incognoscível, como nos desenhos de M. C. Escher.” OLAVO CARVALHO
A seguir, três poemas de uma antologia de quase 140 textos para serem lidos e interpretados nas dimensões acima propostos e sublinhados pelo autor e pelo filósofo.
O QUE SE BUSCA
O que se busca
é algo a se buscar
algo que desvie
do caminho para parte alguma
Do que se foge
é tudo onde repousa
toda a paz que pesa
sobre o horizonte estéril
O que se faz
é a invenção desmedida da rota
ainda que o que se ache
seja a chegada de outra volta
O que se busca
é a bússola que norteia o rumo da queda
onde, por perdido,
quem se busca é algo a ser buscado
AQUI
Para onde, por onde mira o desejo?
Que rosto, todo, detalhe,
que esboço, ato ou adejo,
que fim finaliza seu talhe?
Por que fim se esboça o princípio
que formula a intenção?
Por que todo se corta o início
que esboça uma ação?
Por onde responde
a queda do anseio
que encerra ao meio
o que de si e em si se esconde?
Por onde me venço e formulo meu pleito?
A que qualquer coisa estou sujeito?
De que tudo nada é feito?
DESABITAÇÃO
Mora no abandono
uma ausência tátil
que jamais me despede
Habita no que me deixa
um desejo de desencontro
comigo, alguém que algo
que por nunca inteiramente achado
jamais fora perdido de todo
A fim de que alguma encruzilhada
rompa a falta de um fim
Caminho no que me é distante
abraço o que me é ausente:
o que me falta me revela
Desabitado por perdas movediças
me abandono à construção etérea
do esboço presente
da minha ausência abandonada
(esta que nunca me deixa só).
Página publicada em setembro de 2016
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