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ADRIANA SILVA SANTIAGO
Jornalista, formada na UNI-BH, e bacharel em História (PUC-MINAS), escritora, poeta. Natural de Carangola-MG, atualmente reside em Três Pontas, sul de Minas, onde cuida de seu pequeno sítio, com produção de café. Desse cantinho de Minas Gerais lança seus poemas. Participou de várias antologias e em 2017 publicou seu primeiro livro Mar Revolto - Poesias e Crónicas, ed. Scortecci (SP). Em 2019 lançou seu segundo livro: Flores e Borboletas em meio século de poesia, ed. Scortecci (SP), obra que celebra seus 50 anos de vida. Paralelamente lançou seu primeiro livro infantil: O Sapo Jereré e suas aventuras, também pela ed. Scortecci (SP).
PROVÉRBIOS DA LAMA. Antologia poética. Organização Rodrigo Starling. Belo Horizonte: Starlinga, 2020. 204 p.
ISBN 978-85-990511-3-5 Ex. bibl. Antonio Miranda
Flores e Borboletas
As flores, as colhi
Em estradas verdes
São muitas as cores
De borboletas azuis.
As bicicletas livres
Voam com o vento
O pensamento leve
O coração sorri.
Os rios passaram
Dos pássaros ouvi
Notícias suas ao longe li
A lagos e noites daqui.
Amores e amoras roxas
Sobre os muros
As rosas loucas
Sua boca, não esqueci.
A lagarta, a duras penas
Asas voaram belas ao céu
Azul cristalino livre e fino
Voo pleno de alto véu.
O mar o rio sem forma o amor
Metamorfose
Fase, foste um dia dor
Hoje canta, bela ela inteira fera.
Mulher lua estrela brilho
Cor música doce luz e flor
Borboleta azul sedenta pronta
Liberta estreia em palco, glorioso conto.
Conto de vida, amor e dor.
*
PROVÉRBIOS DA LAMA. Antologia poética. Organização Rodrigo Starling. Belo orizonte: Starlinga, 2020. 204 p. ISBN 978-85-990511-3-5
LAMAS GERAIS NO BRUMADO
Nefasta
Nefasta lama
Tudo cobre, tudo arrasta,
Nada sobra, tudo mata.
Nefasta lama
Rios sufoca
Empesteia as águas
Asfixia os peixes
Enriquece os grandes.
Nefasta lama
Destrói, exclui do mapa
Memórias inteiras
Vidas (antes) intactas.
Nefasta lama
Entristece as gentes
Empobrece o mundo
Enluta milhares
Arrasta tormentos.
Das mulheres, viúvas que ficam
A dor escarnece, os filhos nos braços
Amores mortos, o peito rasgado.
Enterra vivos, os sobreviventes.
Sujeira nos muros
As casas gritam
Os homens morrem
Berro de sangue.
Estancam-se os gritos
Com panos cor-de-rosa
A rosa não tem culpa,
Assiste
Do ouro que cega.
Lamas Gerais.
Lágrimas ácidas.
Página publicada em setembro de 2020
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