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EUNA BRITO DE OLIVEIRA
Baiana, vive em Belo Horizonte, Minas Gerais.
Pedagoga, poeta, taquígrafa, professora aposentada.
Livro de Autora do livro Trilhos, 2004.
MELLO, Regina. Entre o Samba e o Tango. Organização: Regina Mello e Olga Valeska. Belo Horizonte, MG: Munap e Arquimedes, 2018. 160 p. 15 x 21 cm. Diagramação e arte final: Eugênio Daniel Venâncio. Fotos: Israrel Ferreira. Produção Museu Nacional de Poesia. ISBN 978-85-89667-57-9
Ex. bibl. Antonio Miranda, enviado por Regina Mello.
O vestido
O vestido não me cabia direito, um número menor
Mas gostei tanto dele, comprei assim mesmo
Com um pouquinho de boa vontade, ele acabou servindo
De elastano, esse pano que se amola ao corpo com
felicidade
Comprei o vestido!
Se não o comprasse, ele iria ficar se lembrando de mim
Já que agora me pertence
Quando desejo, visto suas cores em mim!...
Ele me lembra que até com pouca coisa é para eu ser feliz!
O que é um vestido em vista do mundo?
No entanto ele me incentiva!...
Ele cutuca o colorido da minha alma
O alarido do meu corpo
Alguma palavra de marido...
Entre uma pedra e outra
Entre uma pedra e outra, o poço que devo saltar
O poço é fundo
A força para o impulso é pouca
O outro lado dever ser alcançado!
Há uma mão estendida à espera da minha
A vagarosa esperança não corre
Caminha...
Devagar se vai ao longe, sim
A Esperança já cansou de falar isto para mim
Por onde passei
Vi gente fazendo gente de gato e sapato
“Álibis” e mais “álibis” para esconder maus procedimentos
E o domingo “in Álibis” para branquear!...
Se as pessoas já estivessem prontas
Não fariam nada de errado
Mas não estão.
CENA POÉTICA 10 — poesia & prosa. Belo Horizonte, MG: RS Edições e Baroni Edições, 2024. 216 p.
Exemplar da biblioteca de Salomão Sousa
Tudo é tão por enquanto!...
Tudo é tão por enquanto!
Até o canto de cada um no seu canto
Passa rápido e dá lugar ao encanto
Por outros futuros desencantos...
Desenrolando
Olho o espicha se encolhe
da lagarta que se recolhe
a um lugar de descansar
até que vire borboleta
vai ter muito que se arrastar!...
Na hora de fazer o mundo
Deus não chamou ninguém para palpitar
o básico Ele fez sozinho
da cabeça dele, fonte infinita
e perfeita de inspiração!
A Terra Ele entregou
para o homem cuidar e dominar
os outros planetas, eu não sei
não são homens que estão lá!
Anjo bebê
De bruços
a cabecinha afundada em flores
bumbum pra cima
um anjo bebê me aparece em nuvens
e tão rápido se dilui, desaparece
que só consigo registrar a sua lembrança
nem foto deu tempo de tirar
nuvens são assim
a mais perfeita demonstração de impertinência...
Valeu, anjinho
impressionou-me a sua irretocável inocência!...
*
Página ampliada e republicada em dezembro de 2025
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http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/bahia/bahia.html
Página publicada em fevereiro de 2021
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