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OLIVA ENCISO
Pantaneira da fazenda Taquaral, em Corumbá, nasceu a 17 de abril de 1909.
Política, natural de Corumbá (MS). Primeira deputada do estado do Mato Grosso, foi professora normalista e trabalhou no Departamento Municipal de Educação de Corumbá (MT). Sempre a frente de programas educacionais elegeu-se vereadora de Campo Grande em 1953. Na eleição seguinte elegeu-se deputada estadual pelo Mato Grosso.
Faleceu em Campo Grande, em 30 de junho de 2005.
ENCISO, Oliva. Palavras de Poesias. Campo Grande. MS: SENAI/DR/MS, 2004. 154 p. 14 X 21 cm. Ex. bibl. Antonio Miranda
NOITE NA CHÁCARA
Tudo é silêncio. A natureza dorme.
Nada se vê na escuridão sem fim.
Mas lentamente a mata se ilumina
E a lua surge, qual níveo jasmim.
No espaço infinito ela vai subindo.
Majestosa domina a amplidão
E a sua luz, vendo brincar nas folhas,
Rendas de sombras estende no chão.
Tudo se aclara, mas silêncio em tudo;
Recorta-se no azul o horizonte
Reino de fada encantamento mudo.
Assim na vida — após a mocidade.
Quem sonhou, quem sofreu e muito amou.
Sente na alma a noite — que é a saudade
(1938)
NÓS E AS FLORES
Dentre as coisas que existem
Há sempre comparação
E os notáveis contrastes...
Há as noites e há os dias...
Há nuvens de luz colorida
E de sombras...
Há tristezas e alegrias...
Nos cascalhos, as pedras raras...
Espumas... espumas alvas
Das verdes ondas do mar...
Das folhas emergem as flores
Com suas mais diversas formas
Seus perfumes
E maravilhosas cores!
Comparando a humanidade
A um imenso jardim
Vemos variadas flores...
Umas vibram com a vida
Outras consolam nas dores...
Flores há que morrendo,
Dão a seus frutos lugar...
Outras, não!
Só enfeitam... nada mais!
Mas suas pétalas fenecem
E no chão desaparecem...
Todas elas são mortais...
Delas e de tudo o mais que existe
Nos diferenciamos
Porque somos muito mais!
Temos o corpo que morre
E nossa alma
Que nos torna imortais!
(25.07.1973)
TERMAS DE ÁGUA QUENTE
Quadro vivo
De paisagem tropical -
Os morros que limitam
0 horizonte,
Obrigando a nossa vista
A se levantar,
Formam com a variedade
Dos troncos, das copas
E das palmas,
Um conjunto de beleza
Sem igual!
E que dizer
Da água cristalina,
Que corre marulhante
E as fontes termais!..
Que realizam o prodígio
Da melhora e da cura
De dores cruciais.
O ar é puro e fresco
Com perfume de mata
E a paz que tudo envolve
Convida à meditação
E se torna um lenitivo
Para as dores que oprimem
O nosso coração
Aqui há incentivo
Para prosseguirmos
Sem desfalecer,
Apesar da desdita,
Na nossa peregrinação.
Até chegarmos á Pátria Celeste,
À vida infinita.
(12.9.1953)
REVISTA da Academia Sul-Matogrossense de Letras. No. 14.
Dezembro de 2008. Campo Grande, MS: 2008. 192 p.
Ex. cedido por Rubenio Marcelo
Meu Deus!
Meu Deus!
Vós que criastes o céu,
A terra e o mar
E os astros da abóbada infinita,
Que nem pode nossa vida
Alcançar...
De vossas mãos saíram
As pedras preciosas,
A beleza das flores
E a alva espuma finíssima
Das ondas do mar...
Na profusão magnífica das cores...
Vossa, toda a potência,
Toda a força e beleza
Que regem
E dominam a natureza!...
Fazei, Senhor,
Que os cofres da Nação
Se abram para que
Deles retire
Apenas o que falta
Àquelas crianças órfãs,
Sem pais, sem lar, sem pão...
Nada peço para mim, Senhor...
A mim me basta
O vosso paternal amor.
Fogos de Artifício
No mês de junho as festas
De São Pedro, Sto. Antonio e São João,
Têm não sei o que de uma alegria simples,
Que nos invade o coração.
Seja um rico, um remediado, um pobre,
Seja um homem da cidade ou um campônio,
Quem não tem um amigo ou, em sua família,
Um Joãozinho, algum Pedro ou um Antônio?
Ainda que nenhum motivo nós tenhamos,
Só a alegria alheia já é bastante
Para nos fazer sorrir,
Ao menos por um instante...
É a bomba que estoura,
É o busca-pé que foge,
Enquanto, mansamente, o balão vai subindo...
E, na noite escura e fria, as chuvas multicores
Dos fogos de artifício vão caindo...
Essa gloria toda, efêmera da vida,
Que às vezes nos enlaça e nos seduz,
Parece fogos de artifício:
Brilha um instante apenas e se apaga a luz!
Natal
Deus se humaniza,
Nasce em Belém,
Para que os homens,
Por seu intermédio,
Mais se aproximem
Do sumo bem.
À nossa porta
Jesus vem bater...
Como mendigo,
Nos estende a mão...
Oferece um reino,
Oferece a vida,
Em troca apenas
De um lugar pequenos
Em nosso coração.
Natal!
Se entendêssemos bem
A grandeza deste dia,
Ficaríamos em adoração
Junto ao Presépio,
Como em Belém,
Assim ficou Maria,
A virgem concebida
Sem pecado,
Para ser a mãe de Deus
O verbo encarnado.
O Tempo
Se fosse possível avaliar
Mesmo de longe
O valor do tempo que perdemos...
Ensina a geometria
Que a linha é o caminho
Deixado por um ponto...
Assim o tempo
É a sequência dos momentos
Ponto imperceptível
Entre o que foi
E o que vem
E que forma a trama
Indefinível da existência...
Não importa se a vida
Foi longa ou se foi curta,
O que vale é o que ficou
Do aproveitamento dado
Ao tempo que passou...
As horas voam silenciosamente...
E feliz quem sabe aproveitar
A fortuna que é
O momento presente!
*
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Página AMPLIADA e republicada em julho de 2022
Página publicada em setembro de 2020
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