OLGA AMORIM
Olga Amorim, poeta, cronista, poetisa, haicaista, natural de Campo Grande - MS. Desde 1957 esteve radicada em Catanduva (SP). A partir de 1965 participa do movimento cultural paulista. Entre 1965 a 1988, manteve duas seções na Revista Feiticeira. Em 1985, torna-se membro fundador do "Grupo de Poesia Guilherme de Almeida". Cargos: Secretária, Presidente, Vice-presidente, Tesoureira. Seis livros publicados. Cadernos Zashi, Jornal Nippo-Brasil. Classificada entre os 10 melhores trabalhos de 2003. Seis prémios em hacai de 1997 a 2007
HAICAIS ao Sol. II Antologia de Haicais 2008. Org. Débora Novaes de Castro. São Paulo: Editora VIP, 2008. 112 p 14 X 21 cm. ISBN 978-85-60287-02-04 “Homenagem aos 100 anos da Imigração Japonesa no Brasil”. Ex. bibl. Antonio Miranda
Luar prateado
convida andar pela praia.
Sandálias na mão.
*
Mourão da porteira.
A coruja crocitando.
Lavrador se benze.
*
Sons do realejo.
Periquito, papelucho
moça lê, sorri.
*
Caneca na mão
talinho de mamoeiro
bolhas de sabão.
*
Na mão a lanterna —
acho a toca das saúvas!
As roseiras livres.
*
Passos delicados —
a joaninha vistosa
no galho da rosa.
*
No reino das flores,
roseiras mostram botões,
armadas de espinhos.
*
Colheita de algodão.
Brancura desaparece.
Campo desolado.
*
Suor escorrendo.
Menino de bicicleta
cão correndo atrás.
*
Tuiuiú, socós,
e a elegância das garças
na beira do charco.
*
Ao sopro de agosto
as pipas flutuando no ar
meninos atentos.
*
Num céu estrelado
o ar da noite nos cabelos
Brinde ao Ano Novo.
***
Poemas extraído de
II ANTOLOGIA DE POETAS LUSÓFONOS. Leiria, Portugal: Folheto Edições & Design, 2009.
BOCA DE VENTO
Vem de onde? Este vento
vem todo dia. Vento de praia.
Vem o menino. Vem pelo vento.
Atento ao vento levanta
a arraia.
Vem de onde? Este vento
vem sobre o mar.
Brisa de praia, leve,
diária. Vento salino
vem desenhar.
Vento marinho, a soprar, soprar...
Sopro salgado embala a catraia
já sossegada, ancorada
na praia.
Vento tão leve
sem a adejar
de praia em praia
inventa na areia
motivos do mar.
PLANEJAMENTO
Um dia, atravesso o mar
sem temor da profundeza
em Fânzeres vou chegar
uns amigos abraçar
numa casa portuguesa.
Feliz, a bebericar
um licor, do Porto um vinho
manhã de sol, deixa estar
o convite pra almoçar...
Douro, tua margem adivinho.
Estar à mesa, falar
de poesia, amenidades,
tanta coisa pra contar...
eu nem fui, quero voltar.
Já estou cheia de saudades!
Página publicada em janeiro de 2020; página ampliada em março de 2020
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