LÉLIA RITA DE FIGUEIREDO RIBEIRO
Poeta e fotógrafa. Membro da Academia Sul-Mato_grossende de Letras. Pertence à Associação Brasileira de Críticos de Arte (Seção Estadual de Mato Grosso do Sul).
RIBEIRO, Lélia Rita de Figueiredo. Estação provisória. O Cislunar . O aramado. São Paulo: Massao Ohno, 1983. s.p. 15x22 cm. Tiragem: 1000 exs. “Orelha” do livro por Antônio Houaiss. Capa: desenho a pastel sobre papel “Cajus” de Nelly Martins. “ Lélia Rita de Figueiredo Ribeiro” Ex. bibl. Antonio Miranda
O CISLUNAR
XII
O sol vazando mansinho
do frescor da frondosa
luminosa rama
ilumina o íntimo
e me abraça
no que a brisa traz
e no verde que me abriga.
Minhas retinas apaziguadas
trazem um sabor de bonança
e o ventre firme
de encontro à rouxidão
do solo fecundo
palpita junto a um
querer de vida.
IV
Ah! as fazendas do Sul!
Anjos desceram por ali
pelas encostas da serra
e rebordaram de verde suas pastagens
ovelhas brancas e bodes de camisão
— convivem — placidamente
e o motejar da pomba-rola
canta na paisagem
que o boi em sua gorda majestade
domina
de repente, a fazenda toda se anima
abrem-se porteiras!
Vara gente junto a vacas
bandeja vai
bandeja vem
nega vai nega vem
perereca no forno!!!
Algazarra na varanda
turistas em pânico e as
éguas também.
A Dona passeia sua beleza
desfiando cordéis de gente
enquanto isso
o fazendeiro
de chapéu
enervado
carimba
bezerros
com a
letra de seu nome.
Ah! as fazendas do Sul...
FERREIRA, Sônia. Chuva de poesias, cores e notas no Brasil Central – história através da arte. 2ª. edição revista e melhorada. Goiânia: Kelps, 2007. 294 p. ilus. col. (antologia de poemas de autores do CECULCO – Centro de Cultura da Região do Centro-Oeste) Ex. bibl. Antonio Miranda
O V Ô O D A G A R Ç A
Havia uma garça
Traquila pensante
Pousada à beira d´água
Ou não havia água nem garça?
Havia uma garça
Cujo vôo invisível
Recôndito branco suave
Ninguém via se havia.
Quem saberia?
Havia uma garça
Que assustada já nem voava
E sua pena era ser garça.
E não apenas uma pena de garça
Quem saberia?
Seria garça ou não seria?
Voaria ou não voaria?
Seria apenas uma pena de garça
E nada mais?
Quem saberia?
Página publicada em fevereiro de 2015; ampliada em dezembro de 2019
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