JANET I. ZIMMERMANN
Janet Izabel Zimmermann [jiz] é natural de Catuípe (RS) e reside, desde 1980, em Campo Grande (MS). É calígrafa, poeta e colunista. Publica no jornal Horizonte MS, em O Pensador e em vários sites de poesia. Administra o blog VersosVERDES, participa da hashtag literária #Letras365 desde 05/02/2011 e fez parte dos 61 escritores convidados para a primeira Mostra #Tuiteratura (Sesc Santo Amaro- SP), ambas de Giselle Zamboni. Participou do 1º Sarau Literário via Twitter no Brasil. Teve seu poema ‘Caldo Orgânico’ selecionado para a revista Gente de Palavra (nº 20). Asas de Jiz é seu primeiro rebento.
“Ler os poemas de Janet Zimmermann é desamarrotar as asas... enlaçar as tuas às Asas de Jiz, desvendo o mundo como diria também seu Mestre, Manoel de Barros, para navegar no tapete mágico rasante rumo à linha do horizonte, da natureza na sua crueza bela, na sua concretude etérea, na sua singeleza lapidada, no amalgamado de matérias e sentidos que nos fazem a todos, corpos e almas, poros e mentes, pele e asas, sim, asas, asas de romper fronteiras engrossadas pelo tempo e permitirem a chegada amena, doce, ao pouso leve de nossas criações, criaturas indeléveis afeitas à beleza. Lindos poemas, são alimento, são água de banhar e benzer, são vento de flanar e são terra de brotar." Giselle Zamboni (Advogada e Promotora Cultural)
ZIMMERMANN, Janet I. Asas de Jiz. Campo Grande, MS: Life Editora, 2013. 272 p. 15x21 cm. ISBN 978-85-8150-132-1 Ilustrações, capa e miolo: Luiza Bozola. “ JanetIzabel Zimmermann “ Ex. bibl. Antonio Miranda
três anjos em mim
Para Manoel de Barros -1
Em verdade eu já as amava
desde a infância primeira,
mas aprendi com Quintana e Jobim
a lisonjear as aves do sem fim,
e muito mais as amei..
E, debruçada nos poemas de Barros
e em completo estado de criança,
aprendi e tomei gosto na lida
de capturar as graças do anil abismo
[sem relar nas penas coloridas]
e reinventá-las nas folhas mortas,
em mentiras leves, em palavras tortas,
em meio aos galhos do campo e aromas nativos,
para depois libertá-las no dilatado jardim,
aos olhos de sol, de chuva, lua
e jabuticaba...
avessando
avesso meu lado bê.
reviro meu tempo bom.
deito
e
rolo
com a felicidade.
espelho
no pedaço trincado,
sobras de batom.
espalho-me no assoalho lustrado
com as velhas cinco marias,
as filhas do abandono.
renovo a esperança:
dou corda à bailarina.
devolvo o filme sem chorar...
a cisma da coruja de óculos
na quietude
da noite singular
a natureza morta
carcomia
seus próprios contornos
causando efeito de
decomposição natural
minha ave notívaga
via a via sofrida e surreal,
como um dia.
enredando liberdade
tiro a alma da janela
tiro a roupa da alma
dispo-me de tudo o que enrosque
minha trama com ela
arredo tudo das vistas
pra dar atenção à real visita
enxugo os olhos d'àgua
deixo livre a pista
só não tiro a cama do caminho
que é pra poesia deitar, rolar
e soltar toda a gana rouca
do canto preso na gaiola pouca
Página publicada em julho de 2014
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